Carol
Talvez eu esteja surtando um pouco, bem internamente, enquanto mexo o Crème brûlée dentro do ramequim, as coisas não estão realmente fazendo sentido agora. As perguntas começam a se formar em minha cabeça, e chegam até a ponta de minha língua, querendo pular, mas natália que também está em silêncio do outro lado da mesa, pediu para não falarmos sobre esse assunto, então empurro todas as minhas dúvidas para o fundo da minha mente e me concentro na linda mulher a minha frente. Levo a colher à boca e o doce está delicioso.
- Isso está muito gostoso. - digo. - Se não formos embora logo vou pedir outro.
- Peça outro então. - ela faz menção de chamar o garçom.
- Não, não vou aguentar comer mesmo. E eu vou querer uma pipoca doce no cinema.
- Parece criança. - Natália implica e pede a conta.
- Vamos dividir, eu insisto.
- Não, não vamos. - ela diz pegando a carteira. - Eu convidei você, jamais deixaria você pagar.
- Ainda bem, porque eu só estava sendo educada. - digo com um sorriso amarelo.
- Não sei pra que vou me meter com uma pobretona. - Natália diz enquanto esperamos pelo carro. - Estou brincando, antes que você fique brava.
Natália e o seu humor suave como coice de mula, não me abalo tanto com o seu comentário, primeiro, estou mesmo pobre e não poderia pagar metade deste jantar, e em segundo porque ela escolheu falar de forma sussurrada, com o nariz enfiado em meu pescoço, o braço que ela mantém em minhas costas me mantém firme no lugar, enquanto todo o meu corpo se arrepia.
- Melhor você parar com isso, ou seremos presas por atentado ao pudor. - digo passando os meus próprios braços em seu pescoço.
- Não seja puritana Carol, ninguém mais prende duas mulheres, só por um chamego, pelo menos não no Brasil.
- Mas vão prender quando eu arrancar esse seu vestido bem aqui nesta calçada. - o efeito de minhas palavras foi imediato. Ela ergue o rosto e seus olhos estão escuros de desejo. - Comporte-se.
O manobrista chega com o carro, ela abre a porta para mim e deposita um selinho em meus lábios, antes de dar a volta e entrar no lado do motorista.
Dá pra acreditar?
O caminho até o shopping foi bem rápido, ainda estava cedo então as lojas estavam abertas, e Natália, para a minha grande surpresa gosta muito de olhar vitrines.
Ela segurou em minha mão enquanto passeávamos pelos largos corredores repletos de lojas, com roupas que custam mais que o meu salário.
- Acho que vou comprar umas roupas novas.
- Agora? - pergunto.
- Ah, só uma loja, vai ser rapidinho.
Ela me puxa pela mão e entra na loja, escolhe dois vestidos de um tecido fluido, um cor de terracota e outro rosa. Ela não experimentou, mas eu sei que vão ficar perfeitos nela.
- Escolha o que quiser Carol.
- Eu não quero nada não, obrigada, adoro as minhas roupas. - digo.
- Você já sabe o filme que quer ver? - Pergunto quando chegamos à fila do cinema.
- Não, vou ser gentil e deixar por sua conta. - ela diz. - Você espera aqui eu já volto.
- Aonde você vai?
- Eu já volto, é rapidinho. - ela sai apressada enquanto eu escolho o que vamos assistir.
Escolho a comédia nacional, porque o cinema nacional merece ser valorizado. Compra pipoca doce e aguardo ela retornar.
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De Volta ao Amor
FanfictionCarol é uma fisioterapeuta, que após um fracasso profissional, abandonou a carreira durante 5 anos. Casada com Ulisses há mais de 15 anos, ela não estava esperando quando ele vendeu a clínica de fisioterapia, a casa, e limpou as contas no banco do c...