CAPÍTULO QUINZE

902 124 97
                                    

Entrei em casa quase correndo, a sessão com a Ligia demorou mais do que eu esperei, quando começo a falar não paro mais e ela ainda me instiga a falar mais e mais, a reunião com o gerente da galeria foi promissora, mas enrolada, o dia já quase virou noite quando subo as escadas de pedra e entro na sala.

- Natália onde você se meteu o dia inteiro? - Pedro pergunta desviando os olhos da TV. - Eu te liguei, mandei fazer lasanha pro jantar.

Que droga, eu adoro lasanha.

- Eu estava com a Carol, depois fui tirar umas fotos. E por fim fui a terapia.

- Você ao menos almoçou? - Taís pergunta. - Aposto que não.

- Eu comi umas barrinhas que tinha na bolsa. - meu estômago ronca como se tivesse acabado de lembrar que praticamente não coloquei nada dentro dele o dia todo. - Eu queria muito conversar com vocês, mas estou atrasada.

- Atrasada pra que? - Pedro quer saber. - Você literalmente acabou de chegar.

- Vou jantar com a Carol ué. - dou de ombros.

- Vocês estão namorando? Finalmente. - Taís da pulinhos no lugar batendo as mãos.

- Não, somos apenas amigas. - eu odeio essa palavra.

- Quando é que vocês vão parar com essa palhaçada e assumir logo? - Taís pergunta revirando os olhos. - Eu hein.

- Pode deixar Taís, quando a Ana Carolina resolver isso aí, e repare que eu disse quando e não se. - aponto em sua direção. - Você vai ser a primeira a saber. - digo com um sorriso aberto. - Agora me deem licença.

Vou para o meu quarto e entro direto para o banho, me lavo rapidamente e penteio o cabelo. Coloco uma calça jeans de lavagem escura, uma camisa azul de botões e a minha amada jaqueta de couro, uso um pouco de corretivo, máscara de cílios e um batom nude. Antes de sair de casa faço uma ligação. Ela demora uma eternidade pra atender.

- Atende Caroooool. - digo enquanto ouço o som de discagem.

- Natália, tudo bem? - sua voz parece um pouco agitada, certeza que correu pegar o celular na bolsa enorme que carrega.

- Sim, está tudo bem, só estou um pouco atrasada, vou sair de casa em dois minutos.

- Ok, eu estava no banho, mas até você chegar já estarei pronta. - ela faz um pausa. - Vou pedir o delivery, assim quando vc chegar ou já chegou ou estará chegando.

- Você é mesmo o amor da minha vida, estou morrendo de fome, não almocei.

- Não foi comer com a gente pra não comer nada? - posso ver a indignação em seu rosto, formando uma ruga bem no meio da testa.

- Sim. Quer dizer não exatamente. Eu só esqueci. - calço as botas enquanto seguro o celular com o ombro. - Vou desligar, daqui a pouco eu tô aí.

- Não vem dirigindo feito maluca.

- Não vou. Prometo.

Menos de trinta minutos depois de entrar no banheiro, pego minha bolsa e as chaves do carro.

- Já vai? - Pedro se levanta. - Você está bonita. - ele me dá um beijo no rosto.

- Obrigada, vou chegar tarde, não me esperem.

- Espero que você durma por lá e aproveite bem a noite. - Tais diz me dando um abraço. - Primeira a saber Natália. PRI-MEI-RA!

É a última coisa que escuto ela dizer antes de bater a porta da sala e correr escada a baixo, quando já estou atrás do volante saindo da propriedade, me lembro que a três meses eu mal podia descer e subir as escadas até a varanda de casa, e agora olha só pra mim correndo sobre os degraus gastos de pedra escovada. E eu devo tudo a Carol.

De Volta ao AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora