Entrei em casa quase correndo, a sessão com a Ligia demorou mais do que eu esperei, quando começo a falar não paro mais e ela ainda me instiga a falar mais e mais, a reunião com o gerente da galeria foi promissora, mas enrolada, o dia já quase virou noite quando subo as escadas de pedra e entro na sala.
- Natália onde você se meteu o dia inteiro? - Pedro pergunta desviando os olhos da TV. - Eu te liguei, mandei fazer lasanha pro jantar.
Que droga, eu adoro lasanha.
- Eu estava com a Carol, depois fui tirar umas fotos. E por fim fui a terapia.
- Você ao menos almoçou? - Taís pergunta. - Aposto que não.
- Eu comi umas barrinhas que tinha na bolsa. - meu estômago ronca como se tivesse acabado de lembrar que praticamente não coloquei nada dentro dele o dia todo. - Eu queria muito conversar com vocês, mas estou atrasada.
- Atrasada pra que? - Pedro quer saber. - Você literalmente acabou de chegar.
- Vou jantar com a Carol ué. - dou de ombros.
- Vocês estão namorando? Finalmente. - Taís da pulinhos no lugar batendo as mãos.
- Não, somos apenas amigas. - eu odeio essa palavra.
- Quando é que vocês vão parar com essa palhaçada e assumir logo? - Taís pergunta revirando os olhos. - Eu hein.
- Pode deixar Taís, quando a Ana Carolina resolver isso aí, e repare que eu disse quando e não se. - aponto em sua direção. - Você vai ser a primeira a saber. - digo com um sorriso aberto. - Agora me deem licença.
Vou para o meu quarto e entro direto para o banho, me lavo rapidamente e penteio o cabelo. Coloco uma calça jeans de lavagem escura, uma camisa azul de botões e a minha amada jaqueta de couro, uso um pouco de corretivo, máscara de cílios e um batom nude. Antes de sair de casa faço uma ligação. Ela demora uma eternidade pra atender.
- Atende Caroooool. - digo enquanto ouço o som de discagem.
- Natália, tudo bem? - sua voz parece um pouco agitada, certeza que correu pegar o celular na bolsa enorme que carrega.
- Sim, está tudo bem, só estou um pouco atrasada, vou sair de casa em dois minutos.
- Ok, eu estava no banho, mas até você chegar já estarei pronta. - ela faz um pausa. - Vou pedir o delivery, assim quando vc chegar ou já chegou ou estará chegando.
- Você é mesmo o amor da minha vida, estou morrendo de fome, não almocei.
- Não foi comer com a gente pra não comer nada? - posso ver a indignação em seu rosto, formando uma ruga bem no meio da testa.
- Sim. Quer dizer não exatamente. Eu só esqueci. - calço as botas enquanto seguro o celular com o ombro. - Vou desligar, daqui a pouco eu tô aí.
- Não vem dirigindo feito maluca.
- Não vou. Prometo.
Menos de trinta minutos depois de entrar no banheiro, pego minha bolsa e as chaves do carro.
- Já vai? - Pedro se levanta. - Você está bonita. - ele me dá um beijo no rosto.
- Obrigada, vou chegar tarde, não me esperem.
- Espero que você durma por lá e aproveite bem a noite. - Tais diz me dando um abraço. - Primeira a saber Natália. PRI-MEI-RA!
É a última coisa que escuto ela dizer antes de bater a porta da sala e correr escada a baixo, quando já estou atrás do volante saindo da propriedade, me lembro que a três meses eu mal podia descer e subir as escadas até a varanda de casa, e agora olha só pra mim correndo sobre os degraus gastos de pedra escovada. E eu devo tudo a Carol.
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De Volta ao Amor
FanfictionCarol é uma fisioterapeuta, que após um fracasso profissional, abandonou a carreira durante 5 anos. Casada com Ulisses há mais de 15 anos, ela não estava esperando quando ele vendeu a clínica de fisioterapia, a casa, e limpou as contas no banco do c...