CAPÍTULO DEZOITO

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Meus olhos vão dos seus dedos que envolvem meu punho, para o seu rosto com uma expressão indecifrável, uma mistura dolorosa de medo, ansiedade, tristeza, euforia e expectativa, é o que vejo em seus olhos castanhos. Tão linda, tão vulnerável e tão perigosa.

Saio do carro, preciso de ar. Os sentimentos de Natália por mim, não são nenhuma novidade, ela já os havia me confidenciado em um momento vulnerável em uma época que parece tão distante, mas foi há tão pouco tempo.

- Carol, dá pra você me ouvir um segundo? - ela diz ao dar a volta no carro e parar a minha frente.

- Eu só preciso respirar. - meu celular toca e por puro instinto atendo a ligação sem olhar quem é. - Alô, dra Ana Carolina Soffredini.

- Dra Soffredini, aqui é a Isabel Duarte Reitora da Faculdade.

- Isabel Duarte, a que devo a honra?

- Eu gostaria de falar com você, consegue vir ao meu encontro ainda hoje? Eu tenho um horário livre em 40 minutos, garanto que o assunto é do seu total interesse, se conseguir chegar aqui, pode vir direto a minha sala, você deve se lembrar onde é.

- Certo, estarei aí. - ela desliga e eu mando uma mensagem a minha assistente pedindo a ela que cancele todas os meus atendimentos da tarde.

- Quer me contar o que está acontecendo?

- Sei que temos assuntos a tratar, mas preciso que me ajude a chegar a um lugar em 37 minutos, é perto tenho certeza que dará tempo.

Natália não diz nada, volta para o carro, eu entro logo em seguida e ela sai cortando o trânsito assim que lhe dou o endereço. Como se alguma entidade divina estivesse ao meu lado, o trânsito sempre caótico que sempre está presente, está fluindo muito bem, Natália dirige rápido olhando para frente. Coloco a mão em sua perna, para acalmá-la, ela cobre minha mão com a sua. Ela estaciona o carro com tempo de sobra. Ou quase.

- Ainda tenho 6 minutos. - digo me virando para ela.

- Se você correr, vai chegar a tempo para o que quer que seja.

- Eu sei, mas me ouça. - respiro fundo, e sinto a minha boca seca. - Vamos conversar, essa noite.

- Está bem. Agora vá saber o que a reitora quer com você.

- Até a noite. - me inclino depositando um beijo em seu rosto. - Obrigada por me trazer aqui.

Não tenho tempo para sentir a nostalgia que é estar andando por esses corredores novamente, lotado de alunos jovens e despreocupados. A secretária me deixa entrar assim que eu anuncio quem sou.

- Carol. - ela sorri e me dá um abraço afetuoso. - Como você está?

- Um pouco confusa vou ter que confessar.

- Eu soube o que aconteceu com você hoje de manhã, porque você não veio direto até mim? Eu teria lhe dado seu antigo posto outra vez.

- A senhora terá que me explicar melhor, porque há cinco anos quando pedi uma licença, fui demitida.

- Do que está falando? Guardei o seu emprego por um ano inteiro.

- Um ano inteiro?

- Fiquei realmente triste quando o Professor Ulisses me entregou sua carta de demissão. Eu tentei entrar em contato várias vezes, mas sem sucesso. O professor sempre me disse que você estava muito instável, não estava pronta para retornar as aulas.

- Algumas coisas não estão fazendo muito sentido hoje. Mas para o próximo semestre, estou pronta para voltar.

- Ótimo! Vá ao RH, você se lembra a onde fica?

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