MUSICA: Music for a sushi restaurant
Noah narrando:
Saio de casa assim que Sina avisa que esta na frente do apartamento , com um caderno na mão, uma caneta para escrever o viesse em minha cabeça, uma blusa branca e uma calça de moletom azul. Entro no carro dela e ela já sai me abraçando, sorrio me sentindo amado novamente com ela por perto. Era sempre bom ter ela junto de mim.
-entao meu diabinho- ela sempre me chamou assim- como tem ido a vida? Já conseguiu o emprego?
-ainda não, to procurando que nem um louco!!
-já entregou currículos onde?
-em algumas empresas de musica, na faculdade mas acho que não vai rolar esse, to vendo outros lugares mas to ficando sem opções..
- eu ouvi dizer que a millenium, sabe?
-aquele estúdio de dança? Sei!
-entao do lado, tem outro estúdio...- interrompo ela
-quem foi o retardado que criou um estúdio de dança do lado da millenium?
-não julgue as pessoas, Noah, vai que foi so ali que conseguiram?
-mas é estupido!!- ela me da um tapa tirando as mãos do volante- aii, grossa
-continuando... eles estão contratando professores de dança...- interrompo ela de novo
-desde quando eu sei dançar deinert?
-cala a boca e deixa eu terminar?- reviro os olhos- e professores de teclado, violão e guitarra!
-O que ?- digo animado
-exatamente!!
-é por isso que eu te amo deinert!!
-tambem te amo demoninho!
Sorrio esperançoso. Finalmente no meio de tanto caos eu tinha uma esperança. Acho que foi por causa disso que começamos a ficar juntos. Ela é a esperança de mim. Ela é a chama que sempre esta acessa no meu peito, mas eu prefiro não colocar brasa nela. principalmente após tudo que aconteceu com a minha família nos últimos tempos. Coisas as quais eu prefiro nem comentar.
Ela nos leva por entre algumas ruas. Eu me perco no olhar da grande Nova York. Prédios altos. Locais lindos, coisas que não se pode nem imaginar. O barulho de britadeiras, os sons se misturando em minha mente, a barulheira dos caminhões atravessando as ruas, os carros buzinando e tudo saindo como sincronizado. Tudo saindo como se fosse uma leve musica. Enquanto ela dirige, eu começo a pensar em acordes que pudessem combinar. Os mais graves primeiro para combinar com a sincronia de todos os barulhos de obras. Logo os mais agudos para termos a sincronia das pequenas pedrinhas que saltitam enquanto mais uma parede é quebrada.
Vejo as pessoas caminhando com pressa. E por mais que eu queira um emprego e não queira ser despejado do único apartamento acessível para mim, eu não quero ficar que nem essas pessoas. Elas correm com malas na mao, com sapatos de salto e folhas voando para lá e para ca. As pessoas não param e observam, elas não vivem, elas sobrevivem, por dinheiro, por trabalho, por necessidade. Elas não respiram. Não vivem como querem, não são elas mesmas, isso é triste. Eu não gosto da situação que estou agora, por isso que estou tentando mudar, mas também não quero viver desse jeito. Sem vida. Sem parar para analisar ninguém. É triste. Muito triste. Elas não veem o ceu azul acima delas, não são gratas por, mesmo que tudo esteja horrível, elas não param para ver o lado bom.
Mesmo com toda essa dor agoniante no peito que não passa, a dor em minhas costas, minha cabeça parecendo que tem um martelo e todos os outros 8000 problemas que eu consigo ver se formando em minha frente, eu sou grato. Sou grato por ainda não ter sido despejado, pela Sina, sou grato por ter ainda um pouco de esperança, sou grato por estar tentando ter minha independência na tao sonhada cidade, estar tentando recomeçar com tudo novo. Eu sou grato por isso.
- alias o que acha de passarmos ali depois da confeitaria?- ela pergunta do nada me olhando
-onde?- pergunto voltando meu foco para ela
-no estúdio ao lado da millenium?
-Mas eu to sem nenhum currículo aqui...
-voce tem no celular, não?
-sim, fiz ele pelo celular!
-então ótimo, passamos em uma gráfica que eu sei que tem ali do lado e tudo resolvido! O que acha?
- eu? ótimo- digo sorrindo, feliz por todo apoio que ela tem me dado desde sempre ate agora
- ok entao, chegamos!
- Angelina Bakery NYC?
-uhum, o que acha?
-mais do que ótimo!
Ela estaciona o carro perfeitamente entre duas vagas, eu desço pelo lado e entramos na loja. O local todo decorado em tons de rosa, branco, dourado e bege, tinha por toda sua volta doces, confeitos e enfeites em seu interior. Era simplesmente maravilhoso.
-em que posso ajudar?- um moço aparece em nossa frente, sorrindo
-ah, eu gostaria de um café médio e um cupcake de chocolate com baunilha.
Ele anota o pedido de Sina. Não sei o que posso pedir. Quanto posso gastar.
-quanto eu posso pedir?- pergunto baixinho para ela
-seja feliz, peguei o cartão do meu pai!
Eu rio fraco. Ela ri junto de mim.
-eu gostaria de um expresso bem forte e também de uma fatia de bolo de chocolate amargo.
-chocolate amargo, Noah?- ela me julga
-que? É tao amargo quanto minha alma!
-uhum, tao amargo quanto voce brincando com filhotes de cachorro outro dia.
Por um momento não lembro de brincar com filhotes de cachorro. Mas rio junto. O moço ri de nos dois e anota meu pedido.
-é para levar?- ele pergunta
-não, nos vamos comer aqui! Ne?
Concordo com a cabeça. Mais ansioso pelo café do que por qualquer outra coisa.
-a mesa 2 esta liberada, se quiserem se sentar.
Agradecemos e vamos os dois para a mesa, perto da janela. Enquanto Sina conversava com alguém em seu celular , eu paro novamente para observar a tao linda New York. Com seus grandes prédios, suas praças grandes, arvores sendo plantadas em um meio inóspito por conta da fumaça e um belo par de olhos azuis passa. Um menino, provavelmente da minha idade, passa por nos, com seus cabelos cacheados e loiros com leves toques de marrom, junto de um menino de origem asiática e uma menina de cabelos crespos. Ao passar em plenos segundos por aquela vitrine, ele olha para dentro da loja e seus olhos se encontram aos meus. Meu peito salpica, ao ver o dono dos olhos azuis, sorri de leve e volta a conversar com os amigos. Não sei por que, eu nunca vi aquele menino na vida, mas por alguma razão, naquele breve instante no qual os seus olhos tocaram nos meus, eu senti algo. Não a tristeza de sempre. Eu não senti uma dor no peito. Eu não me senti errado ou rejeitado. Eu me senti bem. Eu me senti vivo. Era como se tivesse uma energia ali. Entre nos. Uma conexão puxando por nós. Não sei como, nem por que, mas eu senti algo diferente de dor, vazio ou sofrimento em meu peito. Eu me senti preenchido. Eu me senti inspirado, para escrever. Tudo possível. Poderia escrever sobre amor, poderia escrever sobre algo triste, ou ate mesmo poderia escrever sobre um simples cupcake de chocolate com baunilha que acabara de chegar na mesa. Olho para Sina, ela parecia continuar ocupada falando com seja quem for.
-obrigada- ela agradece o moço sorrindo e olha para mim- estava com uns amigos meus e talvez eles possam te ajudar a entrar no estúdio ao lado da millenium, eles conhecem algumas pessoas que trabalham.
Sorrio para ela, enfim voltando a terra. E em alguns segundos meu café e bolo aparecem em minha frente. Agradeço para o moço, o qual deixa um papel diferente abaixo do meu café.
-obrigado- olho para meu café, mais especificamente para baixo dele.
Olho para Sina que faz uma cara de duvida, rio fraco e olho para o papel. Tinha um numero, olho para ele que sorri para mim, volto a olhar para Sina que ri alto. Eu dou um chutinho nela por de baixo da mesa. Ela ri mais, pego meu café, tomo um gole, pego meu caderninho, uma caneta e começamos a escrever. Eu adorava escrever com Sina, mas no momento eu adoraria estar sozinho para poder escrever sobre os belos olhos azuis.
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FOR US- NOSH
RomanceMesmo quando o paraíso parece um lugar perfeito, tudo pode se tornar um inferno em um piscar de olhos. Será que o relacionamento entre um anjo e um demônio, daria certo de alguma forma? Em algum lugar? Entre o céu e o inferno, qual você escolheria...