Capítulo II

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Imensamente feliz em saber o quanto curtiram o primeiro capítulo! Quero agradecer muitíssimo pelos comentários 🥹 como falei, é uma fic beeem curta (são apenas três capítulos), mas quero postar alguns bônus e quem sabe não estender um pouco a história? De qualquer forma, bora para mais um capítulo!

*Perdoem qualquer possível erro





Carol acelera o passo por entre os corredores brancos daquele lugar, as lágrimas seguem embaçando sua visão, mas nada a faz parar. Virando a esquerda, ela nota o cunhado e uma de suas melhores amigas parados na recepção do imenso hospital.

—O que houve? -Indaga assim que se aproxima.- Alguém veio dar notícias? Onde está o médico? O que aconteceu? Cadê os policiais?

—Hey, Carol, se acalme. -Celeste tenta se aproximar da amiga que imediatamente da dois passos para trás.-

—Me acalmar? -Calma...aquela palavra parece perfurar os tímpanos da brasileira.- Não existe calma enquanto não tiver notícias da minha esposa e filha. Aliás, como vocês chegaram aqui primeiro?

—Também somos contato de emergência da Anne. -Tom esclarece.- Agora sente-se um pouco e respire fundo, ninguém veio dar notícias ainda. 

É o que a morena faz. Os últimos minutos parecem confusos em sua cabeça, em um segundo estava abrindo a porta e dando uma possível bronca na esposa que acreditava estar do outro lado, no instante seguinte, dois policiais a estavam avisando de um acidente na ponte. Um acidente envolvendo o carro de sua mulher. Acidente esse que fora causado por um bêbado que simplesmente dirigia uma caminhonete e saiu ileso de tudo. Ileso enquanto o carro com Anne e Aimê era arremessado ponte abaixo.

Um bolo se formou na garganta de Carol, silenciosamente ela orou a Deus, pedindo que nada tivesse acontecido ao seus dois amores.

Orou para que um milagre tivesse acontecido.

Um milagre de Natal.

As próximas horas são de extrema angústia, com outros amigos e familiares chegando. Os pais da brasileira ligaram, avisando que estavam antecipando a viagem para aquele mesmo dia, mas ela os implorou para não vir, com aquele tempo louco, não conseguiria lidar com mais nenhum contratempo. Já lhe bastava a culpa de tudo, fora ela que pediu a esposa para ir até o supermercado, a culpa a corroía por dentro.

—Familiares -Um homem de jaleco se aproxima, olhando rapidamente para a prancheta que tem em mãos.- de Anne Elise Buijs e Aimê Silva Buijs?

Todos se levantam

—Sou eu.-Carol afirma, tomando a frente.-

—A senhorita seria?

—Esposa de Anne e mãe de Aimê. Como -Engole em seco.- Como elas estão?

—Senhorita...

—Carolina, apenas Carolina.

—Carolina, sente-se, por favor.

—Não quero sentar. -As lágrimas rolam por sua face.- Por favor, só me diga que...diga...

O médico encara a cada um. Nunca seria fácil dar aquele tipo de notícia, por fim, pronuncia:

—Sinto muito, Carolina, fizemos todo o possível, mas ambas não resistiram. -O choro alto tomou a pequena recepção daquele andar do hospital.- Os ferimentos eram muito graves e...

Carol entrou em estado de torpor. A dor que tomou seu corpo a levou a um estado de anestesia nunca sentido antes, no entanto, tão rápida quanto veio, a anestesia se foi e tudo que a morena pôde sentir foi seu espírito se partindo ao meio.

Seu coração sangra, suas mãos tremem e seus joelhos cedem ao ponto de fazê-la desabar no chão. Ela havia perdido tudo, a sua família feliz havia ido embora, por sua culpa, apenas e exclusivamente sua, sentindo a cabeça girar, tudo se torna um emaranhado de confusão e quando as palavras: “doadoras de órgãos” adentraram sua audição, é demais.

Tudo se apaga.

[...]

Carol adentrou o quarto, Anne e Aimê foram colocadas juntas por pedido da família. Olhando-as deitadas, com aqueles acessos, não pareciam mortas, apenas... dormindo. A morena precisou lembrar a si mesma a dura realidade: elas estavam sendo mantidas vivas apenas para a possível doação de órgãos.

Ela não conseguia ao menos pronunciar tal coisa em alto som, estava tudo errado. Era inadmissível que isso estivesse acontecendo justo com elas. Porra! A família sempre fora feliz e de repente toda essa felicidade se foi, sendo arrancada por um acidente. Um maldito acidente.

As coisas não se encaixavam em sua mente, talvez por estar nublada pela dor e sofrimento, um nível tão alto de ambos que tudo ao redor parecia estar em câmera lenta.

A brasileira se recordou de quando conheceu Anne. Da conexão que sentiram, do período de namoro e, posteriormente, casamento. De quando decidiram aumentar a família, as dificuldades da adoção...A chegada de Aimê. Todos os desafios enfrentados e vencidos.

Se aproximando de seus dois amores, foi impossível refrear o choro sofrido, o choro de dor. Este irrompeu alto, tão alto quanto seria possível e então, olhando para sua pequena filha e sua maravilhosa esposa, Carol fez algo que a muito não fazia, ela clamou. Clamou ao Deus que sempre conheceu, clamou por um milagre.

Um milagre de natal.

E ali, ajoelhada entre as duas camas, Carol se permitiu ser fraca, ser ninguém, alguém arrasada, as muralhas se foram, a força se foi, só restou a pequena mulher que tivera sua vida arruinada. Ainda sim, Carol não deixou de clamar, em suas palavras: “Traga-as de volta para mim. O Senhor é o Deus de milagres, faça por mim o que ninguém mais pode. Torne o meu impossível, possível. Eu te imploro.”

E diante de toda aquela dor, Carol se permitiu crer no poder da fé. Lembrou de sua mãe lhe dizendo que Deus sempre ouve o clamor de um filho.

“Não as tire de mim. Não assim!”

Foi então que ela sentiu.

Sentiu a mudança no ambiente, o impossível tornando-se possível diante de seus olhos.

Ninguém soube explicar o que houve. Nem mesmo Carol, no instante em que sentiu a mudança no local, os aparelhos dispararam, alguém a tirou do quarto depressa, confusa e sentindo o coração acelerado, a morena recusou que fechassem a persiana, com os olhos ainda embaçados pelas lágrimas, porém vidrados tentando entender o que acontecia, ela pode observar, mesmo através do vidro, o momento que Anne e Aimê abriram os olhos.

Foi como uma brisa fresca em um dia extremamente quente. Como ar entrando nos pulmões e expandindo cada alvéolo. Como a sensação de felicidade e adrenalina quando ela faz um bloqueio em quadra.

Vivas!

Elas estavam vivas.

Carolina sentiu a vida retornar para sua alma.

Contra todas as possibilidades, o seu milagre de natal foi atendido.







*Deixem um comentário e façam uma autora feliz ☺️ 

*O próximo capítulo é bem curto, então comentem bastante para que eu poste ele logo e já inicie os bônus (que estão suuuper fofos 🤭🥹)

Um Milagre de Natal- BuijrolOnde histórias criam vida. Descubra agora