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Haviam se passado três dias do jantar, Maísa e Elisa conversavam pelo celular, mas nenhum convite para se encontrar novamente surgiu. Elisa terminava seu mais novo quadro, uma mistura de cores, formas, tamanhos, mas que no fim tinha um sentido para a garota. Ela estava orgulhosa do resultado, esperava que alguém gostasse dela, além dela claro.

A garota planejava comer o macarrão que havia pedido e acabar com os dois vinhos que tinham sido
comprados mais cedo pela garota enquanto ouvia boas músicas. Era um momento de paz. A solidão e Elisa tinham uma relação de costume, a garota nunca teve muitos amigos, tendo apenas três ao seu lado atualmente, porém os vendo quase nunca, já que todos tinham a vida agitada. A garota estava sentada, prestes a dar sua primeira garfada de macarrão, e com um de seus vinhos já pela metade, quando ouve algo na janela. A garota se levanta e caminha até o local, vendo outra pedrinha batendo contra o vidro.

Elisa abriu a janela, mais uma pedrinha havia sido arremessada, porém Elisa desviou e ouviu o taco ser acertado. A garota colocou a cabeça pra fora e viu Maísa, a garota sorria e Elisa balançou a cabeça negando. Maísa mandou uma mensagem para Elisa, a cacheada a convidava para jantar, Elisa mandou uma foto de sua mesa e convidou a garota para subir. Maísa subiu.

Elisa a esperava na porta, a garota vestia calça de pijama e uma regata preta, apenas uma meia nos pés e seus cabelos estavam desajeitados. Enquanto isso, Maísa tinha uma calça jeans que parecia ter sido feita apenas pra ela, uma blusa de tricô na parte de cima e botas pretas nos pés.

- Você sempre está linda e eu estou acabada. - Elisa disse dando um abraço na brasileira que negou.

- Você já é linda naturalmente. - Maísa disse se afastando um pouco da garota e encarando seus olhos. As bochechas de Elisa se coraram e ela fechou a porta envergonhada. - Elisa, que linda, é nova? - Maísa disse posicionada à frente do cavalete da alemã enquanto observava a tela.

- Sim, gostei bastante dela, acabei agora de pouco. - Elisa disse bebendo mais um gole do vinho, Maísa pegou a garrafa e bebeu também. Elisa sorriu e viu a se sentar, a alemã se aproximou dela e encaixou a cabeça perto do ouvido da garota. - Tá folgada, né? - Maísa senti um arrepio, a respiração de Elisa contra sua pele, o braço da garota encostado nos dela, seu calor próximo. Maísa queria beijar Elisa por toda aquela noite.

- Você quem disse que queria me ver de novo. - Maísa disse se fazendo difícil e virando o rosto para a  alemã, assim deixando-os próximos, Elisa sorriu e sentiu a mão de Maísa sobre sua bochecha, assim apertando-a levemente e fazendo um bico se formar. - Mané! - Maísa disse rindo e Elisa revirou os olhos e se afastou da cacheada.

- Pede algo pra comer, esse macarrão foi feito por mim só pra sobreviver. - Elisa disse e Maísa aproveitou a brecha e experimentou o macarrão, Elisa quase pulou na garota pra impedir.

- Está bom, nossa, você realmente sabe fazer tudo? - Elisa negou mais uma vez, Maísa deu outra garfada e levou um pouco de macarrão até a boca de Elisa que aceitou a ação. Dessa maneira elas terminaram com todo o macarrão feito anteriormente e com o primeiro vinho, ambas estavam mais animadas que o comum, mas ainda tinham consciência de seus atos.

- Você pensou que sua viagem para Paris seria mais legal, fala aí, meia noite e você olhando estrelas comigo. - Elisa disse para Maísa, as duas estavam apoiadas na janela, Maísa encarou Elisa e negou.

- Não, achei que seria solitária, acho que minha vergonha naquele café valeu a pena. - Maísa disse rindo e Elisa a acompanhou.

- Aquela garota é uma canalha. - Elissa disse. - Uma vez ela saiu comigo e com umas amigas minhas, acho que alguém ficava com um amigo dela, algo do gênero, acho que ela é a pessoa mais chata do mundo. - Maísa rua da maneira que Elisa falava. - Eu nem sei como eu cheguei a ficar com ela, gente chapada só faz merda, puta que pariu. - Maísa congelou, não imaginava essa confissão, Elisa continuou a falar da noite que saiu com a garota, mas Maísa ainda tentava entender o que havia dentro do peito, não seria ciúmes, talvez inveja.

Com certeza inveja, aquela garota sem nenhum carisma conseguiu beijar Elisa, enquanto ela estava ali, pela segunda vez saindo apenas ela e a garota e nada havia acontecido, no máximo mãos dadas, Elisa parecia fugir da garota quando havia o mínimo de chance de algo acontecer e a cacheada acabava se frustrando com isso.

- Você quem beijou ela? - Maísa disse interrompendo a história de Elisa, o tom de sua voz era de curiosidade e seus lábios tinham um sorriso sapeca.

- Não, ela quem me beijou, além de eu estar chapada pra caralho e bêbada pra porra, são poucas pessoas que eu tomo atitude. - Elisa disse ajeitando seu cabelo como sempre.

- Quem?

- Ah, sei lá, acho que quando me sinto confortável, eu sou tímida em relação a isso. - Elisa confessou enquanto observava os movimentos de Maísa, seu coração acelerou quando a cacheada se movimentou para perto da alemã, assim deixando as mãos na cintura da mais alta e ficando nas pontas dos pés para alcançar o ouvido da mesma.

- Tem mais vinho? - Maísa disse baixo e ouviu um murmuro que concordava com a pergunta da mais baixa. - Posso pegar? - Ela continuava do mesmo jeito e novamente recebeu a mesma resposta. Elisa gaguejaria se falasse algo. Maísa afastou seu rosto do ouvido de Elisa e colocou os pés inteiros no chão.

- Tá tudo bem? - Maísa disse rindo da cara da alemã, as bochechas estavam mais vermelhas do que nunca e seus lábios estavam comprimidos. Ela apenas concordou com a cabeça. - Tá em choque com isso? Imagina quando eu fiz isso. - Maísa disse sorrindo pra garota que apenas continuou olhando pra Maísa, era como se Elisa quisesse gravar aquele rosto para sempre. Maísa se aproximou e selou os lábios das duas, foi rápido, para então partir para pegar o próximo vinho.

Primeira vez - Maísa SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora