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- Que porra você tá fazendo aqui? - Elisa ouviu assim que a porta de sua melhor amiga foi aberta. A garota vestia um pijama de ursos e tinha uma touca de cetim nos cabelos. - Elisa? - Cecília disse tentando tirar Elisa de seus próprios pensamentos.

- Na sua porta ou no Brasil? - Elisa disse e Cecília sabia que a garota estava prestes a chorar pelo seu tom de voz, a brasileira abraçou a alemã fortemente, ali Elisa derramou algumas lágrimas.

- Entra, vem, depois você me explica isso. - Assim foi feito, Elisa entrou e se sentou no sofá com a dona da casa. Ninguém falou nada, Elisa tirou seu tênis e deitou a cabeça no colo da mais velha, mesmo que sejam apenas alguns meses. Cecília fazia carinho dos cabelos loiros e esperava alguma explicação.

- Queria te fazer surpresa, por isso não avisei. - Elisa disse e Cecília sabia que Elisa gostava de vir de surpresa, então era algo válido. - E eu perdi uma oportunidade com uma garota que tô saindo. - Elisa disse e logo em seguida explicou a situação.

- Ela não te respondeu até agora?

- Eu não sei, Ceci, meu celular acabou a bateria no meio da corrida do Uber. - Elisa disse, Cecília se levantou e o colocou para carregar. Ambas esperavam tomadas de ansiedade para saber se a cacheada havia respondido. - Você acha loucura eu tá sentindo algo diferente?

- Não, não acho, é algo novo pra você? - Cecília disse se sentando perto da tomada e Elisa se sentou ao seu lado, ambas estavam apoiando na parede fria.

- De certa forma sim, já me apaixonei, mas parece ser diferente dessa vez. - Elisa disse envergonhada, ela não costumava falar sobre isso, Cecília estava surpresa. - Eu não gosto dela só romanticamente, Ceci.

- Como assim?

- Não só dos beijos, do sexo, das coisas que namoradas fazem. - Elisa disse e sentiu sua mão ser coberta pela da sua amiga. - Gosto de ouvir ela, ouvir a risada dela, saber como foi o dia dela, gosto de estar com ela.

- Elisa, se apaixonar não se resume apenas ao amor romântico, acho que se apaixonar se resume na pessoa, você gosta da pessoa, não do romance com aquela pessoa. - Cecília disse e ouviu um suspiro da loira ao seu lado.

- Agora isso faz sentido pra mim, antes não fazia. - Elisa sorriu de canto e viu a tela do seu celular acender, Maísa havia respondido, haviam dez notificações da garota.

[maísa]

como assim
desculpa, estava sem o celular
como assim não deixaram vc entrar?
quem te barrou?
falou o motivo?
você ainda tá aí?
me desculpa não ter visto antes
elisa?
você tá bem?
tá na sua casa?

- Pelo menos ela te respondeu. - Cecília disse deitada no ombro de Elisa que concordou nasalmente, Elisa disse que estava na casa de uma amiga e que estava tudo bem.

Maísa recebeu a mensagem e logo a viu, uma amiga? Era pra ter causado um incômodo saber que ela havia ido para outro alguém? Seria uma amiga realmente? Eram pensamentos estúpidos na visão de Maísa.

- Cadê sua alemã? - João disse e Fernanda estava junto do garoto, ela o olhou com cara feia e Maísa sorriu sem mostrar os dentes.

- Barraram ela.

- Que? - Os dois amigos da atriz disseram.

- É, eu tava sem o celular, ela vazou, não era obrigada ficar me esperando, né? - Maísa disse tentando não demonstrar a chateação.

- Não esperava por essa. - Fernanda disse e Maísa concordou, a cacheada voltou seu olhar ao celular e pediu desculpas mais uma vez.

[elisa]

não foi culpa sua, depois eu te explico melhor, se possível queria pelo menos te entregar seu presente.

Maísa concordou e disse para Elisa se ela poderia lhe encontrar no dia seguinte, porém a resposta foi negativa. Maísa sentiu uma parte de si queimar, quem estava com a sua garota?

- Vamos dormir, venha. - Cecília disse para Elisa que deixou seu celular na sala carregando e a acompanhou até o quarto. Elisa sempre foi uma pessoa complicada para amizades, a mudança de países conforme os anos, seu isolamento involuntário e suas inseguranças fizeram com que a garota tivesse apenas Cecília como um ombro amigo para qualquer hora.

Cecília e Elisa nunca tiveram um mísero olhar sem envolver amizade, amor e admiração. Amizade a primeira vista pode ser a denominação. Elisa era confortada por carinhos da dona da casa.

- Elisa, tá acordada? - Um resmungo confirmou. - Fico feliz em saber sobre seus sentimentos. - A loira sorriu, ela também ficava feliz da garota ouvir seus sentimentos. - Você merece alguém que te cause coisas, Elisa, talvez não dê certo, mas é importante sentir.

- Está sendo interessante, mas assustador. - Elisa ouviu uma risada após sua resposta.

- Acho que você definiu bem, mas é assim mesmo, tá? - Cecília deixou um beijo no topo da cabeça da amiga. - Espero que ela seja incrível e te trate da maneira que você merece, você não passa de um neném alto.

- Idiota. - Elisa disse e ouviu novamente uma risada. - Para de tirar com a minha cara.

- Você é um neném alto, Elisa, não tem como negar.

- Ceci, para de palhaçada.

- Lis, é verdade, mas acho que isso é bom, você consegue ser pura de algum jeito. É estranho falar isso ao ver que você trabalha toda engomadinha e tirando vantagem dos outros, mas a Elisa da arte, porra, ela é pura pra caralho.

- A Elisa do amor consegue seguir esse caminho. - Elisa disse e Cecília sorriu. - Acho que nunca fui tão rápido com alguém, isso me dá medo, eu nunca fui tão transparente, ela consegue ver minha alma se quiser. - Cecília a pressionou contra seu corpo e novamente beijou sua testa.

- Isso é bom, só tomo cuidado pra não se machucar, ok? Sempre estarei aqui por você. - Elisa concordou e deixou um beijo na bochecha da garota.

- Obrigada Ceci, eu te amo. - Elisa disse e se ajeitou novamente.

- Também te amo, Lis.

Primeira vez - Maísa SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora