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A Dinamarca era bonita, interessante, até mesmo divina, mas não havia comparação, Paris havia ficado na memória de Maísa para sempre.

- Fernanda, juro, isso tá errado. - Maísa disse na ligação com sua ex-parceira de novela. - Uma alemã não pode me deixar tão imbecil assim.

- Você tá doida pra correr pra Alemanha. - Concon disse enquanto se divertia com o meu rosto. - Ela te mandou mensagem, ou nunca mais se falaram?

- A gente tem conversado, mas ela tem uma vida corrida e eu tô aproveitando a viagem, então não muito. - A cacheada terminado de tirar minha maquiagem.

- Quanto tempo da Dinamarca pra Alemanha?

- Você acha que eu sei? - Maísa disse como se aquilo não tivesse passado pela cabeça dela mil vezes no dia de hoje. Fernanda fez uma careta. - Nove de trem e três de avião. - Concon riu da resposta. - Mas eu não vou pra lá, ela tá trabalhando, só vou atrapalhar tudo.

- Fala pra ela ir te visitar no Brasil, ela tem família lá, não tem? - Maísa concordou com a cabeça. - Não acho que ela vá demorar pra ir ver a mãe, pelo
menos no dia das mães, né?

- Espero. - A cacheada disse e passou a contar dos museus e restaurantes que conheceu nos últimos dias, Fernanda e Maísa eram uma dupla e tanto. A cacheada desligou o telefone para entrar no banho e aproveitar a água quente em sua pele, logo após se aconchegando na extensa cama de casal do quarto de hotel.

Enquanto isso, Elisa acabava de chegar em casa e ver que novamente estava sozinha, a garota respirou fundo e pegou o celular, vendo que Maísa havia mandado uma foto do restaurante que ela havia recomendado.

- Me conta o que achou de lá? Prefere o que eu te levei ou esse? - Elisa disse no primeiro áudio. - Acabei de chegar em casa, acredita? Tive que resolver coisa de um imbecil, odeio aquele cara, você acredita que ele simplesmente não fez, sem mais nem menos, não fez a única função dele. - Elisa falava indignada, enquanto isso na Dinamarca Maisa gravava sua opinião sobre o restaurante.

- Achei bom, mas eu não sabia o que pedir, com você foi mais fácil. - Elisa sorriu assim que ouviu a voz da garota.

- Um dia te levo aí, prometo que peço o prato mais gostoso do cardápio, se eu pudesse eu teria te levado, mas meu pai tá praticamente deixando a empresa toda pra mim, realmente vai ser raridade conseguir paz. - Maísa sorriu ao ter seu nome assimilado com paz. - Acredita que eu tive que avisar agora sobre minha próxima viagem? Ela é em maio, Linda, em maio! - Elisa estava brava e a cacheada ria com isso.

- Maio? Pra onde vai? - Maísa respondeu a garota com uma mensagem de texto e novamente Elisa gravou um áudio, a garota se despia enquanto conversava com Maísa, ela necessitava de um banho.

- Brasil, você vai tá por lá? Vou visitar minha mãe e minha vó, acho que elas merecem me ver no mês do dia das mães, não? - Elisa disse e Maísa triplicou seu sorriso.

- Maio é meu aniversário, Elisa. Eu mereço te ver no mês do meu aniversário? - Elisa sorriu, não esperava que fosse o aniversário da Maísa em seu mês no Brasil.

- Vou pensar no seu caso, Silva. - Elisa mandou em forma de texto e Maísa sabia que ela provavelmente encontraria a alemã. - Você vai tá gravando algo?

- Não, vou ficar um tempo depois que a série acabar. - Maísa respondeu confusa com a pergunta de Elisa.

- Volta comigo pra Alemanha, se quiser conhecer, bem, junho é o mês do meu aniversário também. - Elisa disse e Maísa não pode deixar de sorrir, elas pareciam um casal para quem as visse de fora. Maísa se surpreendia cada vez mais com o áudio que terminava de escutar. - Antes que pergunte, você pode ficar em casa, tô basicamente morando sozinha, até lá minha irmã já vai ter se mudado com certeza.

Maísa questionou sobre o pai da garota não morar com ela, logo recebendo a resposta de que ele tinha a ideia que as garotas amadureceriam apenas com seu próprio espaço, tendo suas responsabilidades e tarefas. Bem, isso realmente havia funcionado para Elisa, Maísa conseguiu ver a organização e sua visão de vida bem ajustadas, era como se metade da semana da garota fosse apenas para isso. Era admirável.

Elisa habitou que iria tomar banho, mas pediu que Maísa contasse sobre seu dia, que logo ela estaria de volta para ouvi-la, Maísa respirou fundo e contou cada detalhe que julgava importante, era bom a conversa com Elisa, mesmo que os horários não fossem os mesmo, ela conseguia ser atenciosa e ao mesmo tempo mostrar que elas eram pessoas diferentes, com rotinas e realidades diferentes, Maísa verdadeiramente admirava a maneira que Elisa agia, a alemã dava um baile em muitos brasileiros que se rotulavam como desapegados, mas no fim não passavam de pessoas grudentas e controladoras.

Elisa definitivamente era leve como seus cabelos, era cativante como seu sorriso, era brilhante como seus olhos, Maísa queria entender como essa mulher ainda estava solteira, ou melhor, como ela não havia namorado nunca na vida. Era impossível ninguém ter pedido a ela tal coisa, era impossível que apenas Maísa visse Elisa como uma deusa.

A brasileira sempre esteve alguns passos atrás de ter algum envolvimento com pessoas de fora do Brasil, sempre teve medo da fama de emocionados e apegados, mas Elisa mostrava cada dia mais que mesmo com seu carinho e suas investidas, no fim não almejava um relacionamento de imediato. Maísa a compreendia, na última madrugada juntas, após Elisa contar que nunca teve um relacionamento, Maísa ouvia atentamente a garota falar sobre o assunto.

- Sou enrolada. - Ela disse, Maísa a encarou confusa.- Não quero coisas rápidas, quero coisas reais. - Foi apenas essa a explicação de Elisa, logo depois puxando outro assunto. Maísa queria entender como nunca alguém havia lhe oferecido algo real, Elisa era a pessoa que permitia você ser real, era quem deveria ganhar a realidade de sentimentos.

Mas a garota nunca teve tanta sorte como Maísa se permitia pensar, a distância da mãe - a qual a garota gosta tanto- , um grande período com uma variação de madrastas, assim ao começar ter vinculo com aquela mulher, logo ela nunca mais seria vista por Elisa, além de claro, sua parte vergonhosa, as vezes ainda aparente, mas que a garota aprendeu a policiar. Tudo isso contribuía para que Elisa não fosse familiarizada com sentimentos, a garota já amou e ainda ama, mas nem sempre conseguia se sentir amada.

Primeira vez - Maísa SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora