Eu estou sentado no sofá assistindo televisão quando aquela sombra aparece de novo, uma silhueta alta e sem rosto. Eu não ligo muito para isso pois já faz muito tempo desde que isso começou a aparecer em casa quando meus pais estavam resolvendo coisas de trabalho ou algo parecido, mas isso não muda o fato de que sua presença me assusta bastante.
Eu consigo sentir quase fisicamente seu olhar sobre mim, finjo deixar a almofada cair no chão e olho disfarçadamente quando pego ela, aquilo estava na porta da cozinha, me encarando, mesmo sem rosto eu sabia que ele estava me olhando.
Percebo que estou olhando demais e volto para o sofá na esperança daquilo ir embora para seja lá onde veio, torço para que aquilo não tenha notado minha presença ali mesmo que claramente estivesse me encarando a minutos sem parar.
Olho para trás novamente e me assusto ao notar que aquela presença estava mais perto de mim, mais ou menos dois metros de distância.
- O que você quer? - Não sei de onde consegui tirar a coragem para perguntar isso, mas gostaria de nunca ter conseguido falar algo quando aquilo começa a se aproximar bem devagar.
Seu corpo é envolvido pelo que parece uma névoa escura que me impede de enxergar sua real natureza, se é que aquilo é deste mundo.
Fico estático enquanto aquilo chega cada vez mais e mais perto de mim, mal consigo me mexer por conta do pânico, só consigo ficar parado com meus olhos arregalados.
***
De repente algo pequeno arranha meu peito, me acordando do pesadelo antes que aquela presença possa me tocar, logo em seguida escuto um miado fino, Livie.
- Você me acordou, sua doida - Digo acariciando seus pelos brancos enquanto a pequena tentava mastigar minha mão.
Me levanto para abrir a porta do quarto e libertar a gata para fazer seja lá o que ela quiser pelo segundo andar já que não consegue descer escadas sem quase morrer.
- Feliz aniversário Theo! - Quase infarto ao ver minha mãe, meu pai e Adrian segurando um bolo do outro lado da porta.
- A quanto tempo vocês estão aí? - Pergunto ainda ofegante e Adrian gruda em minhas pernas.
- Tempo suficiente para você acordar - Minha mãe responde sorrindo para mim.
- Se você demorasse mais um pouco, a gente criava raízes - Meu pai dá um tapinha em meu ombro.
Por um minuto eu esqueci que é meu aniversário, finalmente tenho doze anos, ou seja, finalmente sou um adolescente de verdade. Estar animado é pouco para o que eu sinto agora.
- Eu tinha esquecido - Digo correndo em direção ao meu pai e o abraçando e depois fazendo o mesmo com minha mãe.
- E eu? - Adrian está em pé com o braços levantados para mim.
- Tá bom, esquisito - Digo pegando Adrian no colo.
- Adivinha o que vamos fazer hoje - Minha mãe pergunta enquanto vamos em direção a cozinha.
- Não sei, o que? - Questiono curioso.
- Eu também não sei - Ela diz colocando o bolo na mesa - Queria que você desse um chute para eu dizer sim.
- Então nós vamos para a Disney?
- não force, meu amor - Ela dá um tapinha em minhas costas - Talvez quando eu estiver doida, quem sabe?
***
Tomamos café da manhã juntos e eu e Adrian subimos para brincar um pouco com Livie e depois nos vestimos para visitar Vivi.
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O Adimiravel
Altelenarra a história de Theodoro Martinelli em uma nova escola com novos e antigos amigos. Ele se vê em um ambiente novo rodeado por pessoas das quais não fazia ideia da importância que viriam a ter. Ele encontra o amor e insegurança enquanto tenta venc...