adivinha quem vem almoçar

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Ainda são 10:50 mas já sinto meu estômago roncar enquanto finjo escutar tudo que o professor de geografia fala sobre vestibulares ou coisa parecida. A cabeça desse homem é tão grande que se bater em alguém causa convulsões.

Theo está obviamente estressado com o falatório de sempre que o gravidez psicológica faz toda santa aula. Mas já algo diferente dessa vez, ele parece pensativo, tipo, mais do que o normal.

Eu até poderia estar me preocupando com o motivo de seus pensamentos e cara emburrada mas estou mais ocupado admirando a forma como ele parece tão bonito. Como alguém consegue ser bonito às 11:00 da manhã?

— Fecha a boca antes que comece a babar, Ferreira. — Escuto Helen sussurrar enquanto me cutuca.

— Cala a boca, você encara a Yasmin do mesmo jeito.

— Com a diferença de que... Cala a boca Nicolas, antes que eu grampeie ela. — Ela diz brincando com o grampeador em suas mãos.

Recebemos um olhar mortal do professor e isso faz Helen se jogar de volta no encosto da cadeira. O que esse cara acha que vai nos ensinar repetindo a mesma coisa toda santa aula que ele dá?

Olho para o lado e vejo Yasmin lixando as unhas enquanto olha um site de compras no celular escondido dentro do estojo. Essa menina não consegue passar dois dias sem comprar algo pela internet, é inacreditável.

Volto a olhar para a cadeira da frente e admirar Theo que agora está mandando mensagem para alguém.

Theo: Se eu te chamasse pra ir almoçar na minha casa, o que você responderia?

Me: Isso é um convite?

Theo: Talvez, depende da sua resposta.

Me: Eu com certeza diria que sim.

Theo: Okok, vou avisar minha mãe pra mandar o Marcelo nos buscar.

Sorrio como um idiota até o fim da aula quando Theo pega sua mochila e fica me esperando levantar.

— Se demorar mais eu vou criar raízes. — Ele diz impaciente enquanto segura as alças de sua mochila como uma criancinha.

— Espera, eu estou arrumando minhas coisas.

— Não é como se fosse difícil guardar um lápis e uma folha que você pediu emprestada por estar com preguiça de tirar o caderno da bolsa.

— Obrigado pela folha aliás.

— Por nada, meu bem. — Ele diz mandando um beijinho no ar.

Quando termino de arrumar minhas coisas, sou puxado pelo pulso até a saída onde Theo me faz sentar em um banco quente debaixo do sol das 11:30 enquanto esperamos o carro.

Fazem cerca de meia hora que estamos sentados esperando. Theo abriu um guarda chuva que tem na mochila para não ficarmos sentados no sol como dois idiotas. Quase não há alunos na praça em frente a escola.

Theo está mexendo no seu celular enquanto eu o observo como única fonte de entretenimento já que o meu celular descarregou uns minutos atrás. Mesmo suado e com essa farda feia ele consegue ser bonito.

— O que você está olhando? — Ele pergunta quando percebe que estou o encarando.

— A sua beleza.

— Não posso te julgar, sou lindo.

— Realmente é. — Digo puxando seu rosto para beijar sua bochecha.

— Você é tão gay. — Ele diz, mas vejo seu rosto corar.

— Vai me dizer que não gosta quando te beijo, Theodoro?

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