The Life and Times of the Radio Demon.

Capítulo 6

Harry ficou deitado na escuridão de sua pequena alcova, segurando sua varinha decrépita em uma das mãos, repetindo 'lumos' uma e outra vez.

A varinha mal emitia um leve brilho de luz antes de morrer como se nada tivesse acontecido. Finalmente, depois da décima primeira vez, a crepitação se transformou em uma faísca que saiu da varinha como uma pequena chama viva.

Harry esmagou-o com a palma da mão, alarmado, pensando no chão de madeira e em como seria fácil pegar fogo. Claro, nada aconteceu, mas ele ainda desistiu de tentar fazer funcionar.

Não tinha nenhuma utilidade para ele agora, e provavelmente faria mais mal do que bem se ele continuasse tentando fazer com que aquilo lhe respondesse. Ele continuou rastreando o quanto aquela varinha significava, o quão conectada ela estava com ele... o quão conectada ela estava com Voldemort. Talvez a varinha seja simbólica, pensou consigo mesmo, um pouco amargo. Laços rompidos com Você-Sabe-Quem cortou laços com o que ele passou a chamar de lar. Cortou laços consigo mesmo.

Ele balançou a cabeça como se quisesse expulsar os pensamentos ruins de seus ouvidos. Ele não podia se dar ao luxo de pensar assim – ele encontraria uma maneira de voltar, ele tinha que fazer isso.

Na sua cabeça, era ridículo que não o fizesse. Era inconcebível. Ele rolou a varinha para longe como se ela fosse venenosa e então fechou os olhos, tentando dormir contra a escuridão opressiva e o calor sufocante que bocejava sobre ele como a boca enorme e respirante de alguma criatura terrível.

Ele não percebeu quando adormeceu por causa de quão escuro era o ambiente, mas finalmente caiu em um sono profundo, compensando a noite terrível que passou na casa desse novo estranho.

Só que agora não era estranho, e ele se sentia um pouco mais confortável baixando a guarda e adormecendo profundamente sem medo de que alguém o machucasse, de que alguma escuridão desconhecida viesse rastejando para fora das sombras aspiradas nas paredes. Ele acordou resmungando e mal-humorado - irritava-o bastante não ter janelas para saber que horas eram ou quanto tempo havia dormido.

Ele estava completamente desorientado. Seus olhos estavam inchados e vermelhos. Finalmente, ele se convenceu de que deveria sair e parar de dormir, a menos que quisesse mais uma noite sem dormir e saiu pela porta.

Na cozinha da sala de estar da área comum, a Sra. Cormier colocou uma panela sobre o fogo crepitante, e um baque surdo veio de uma faca de trinchar batendo na madeira enquanto ela cortava alguns vegetais.

Ela sorriu ao vê-lo emergir. "Ora, você quase dormiu o dia todo, Harry!" Ela exclamou, claramente à vontade. "Mas bem na hora do jantar," Harry sorriu para ela e reprimiu um bocejo enquanto se sentava em uma das pequenas almofadas no chão. Ele teve a nítida impressão de que teria sido inapropriado oferecer qualquer ajuda à Sra. Cormier – um costume que provavelmente era muito estranho nos dias de hoje, mas ele não conseguia evitar. Ela o afastou novamente, um pouco nervosa. Mas, tendo resolvido isso, ele se sentiu um pouco estranho apenas sentado ali.

Ele coçou o pescoço. "Então, hum, onde está Guidry?" Ele perguntou. "Fora", respondeu a Sra. Cormier vagamente. Harry não queria bisbilhotar - afinal, ele era um convidado aqui e já havia feito muito para invadir a privacidade daquelas pessoas. Ele não queria irritá-los ou bisbilhotar isso. "Posso fazer uma pergunta?" Harry finalmente disse, ansioso para quebrar o silêncio com o qual a Sra. Cormier estava claramente tão confortável. "Claro, querido", disse ela, colocando os legumes picados na panela perto do fogo. "Você conhece... alguma mágica?" Ela fez uma pausa e depois sorriu. "Bem, de onde você acha que Guid tirou todos os seus truques, hein?" Ela perguntou com uma piscadela. "Você quer dizer..." "Bem, ele nunca iria admitir isso, mas ele era apenas um velho cowboy taciturno e infiel antes de me conhecer. Não era um homem espiritual, meu Guidry." Harry franziu a testa.