Ellie sabia que algo estava errado antes mesmo de acordar completamente. Sua cabeça latejava de dor maçante. Abriu os olhos só para olhar uma luz e estudar um teto que não reconhecia. Ficou confusa. Onde estou? O que aconteceu? Alguém se inclinou sobre ela, ficando entre ela e a fonte de luz acima.
Ellie reconheceu a Dra Trisha Norbit instantaneamente e franziu a testa. Por que é que esta mulher estava em cima de mim? O cabelo da doutora tinha sido puxado para trás em um rabo de cavalo bagunçado e sua aparência limpa tinha ido embora. Parecia preocupada como seus olhos azuis piscando para baixo em Ellie.
— Está tudo bem. Dei-lhe alguns remédios para dor. Gostaria de beber um pouco de água?
Ellie franziu o cenho.
— O que aconteceu?
Trisha franziu a testa para ela.
— Você não lembra?
— Lembrar-me do quê? A última coisa que me lembro é... — A memória lentamente retornou. Ellie se esforçou para sentar-se. Freneticamente procurou na sala por Fury. Tinha de alguma forma, acabado dentro de um quarto pequeno, mas ele não estava lá com ela.
— Onde está Fury?
— Eles o têm detido.
— Por quê?
Trisha se sentou na borda da cama.
— Alguém informou a Justice que o novo diretor tinha ido a sua casa. — Respirou fundo. — Justice foi ver você e Fury para perguntar o que Tom Quish queria. Bateu, mas quando ninguém respondeu, ele e seus oficiais de segurança entraram depois de terem ouvido Fury e você gritarem. Correram para a cozinha e o viram ferir você. Acreditam que a amarrou para impedir que você lutasse com ele.
— Me machucar? — A boca Ellie caiu aberta. Ficou tão impressionada que levou segundos para responder. — Nós estávamos fazendo sexo.
Trisha mordeu o lábio.
— Você bateu a cabeça com força na ponta do balcão que estava amarrada. Tive que lhe dar alguns pontos em sua cabeça. — Fez uma pausa. — Posso chamar um conselheiro de estupro aqui em dentro de uma hora se você quiser falar com alguém. Sua cabeça vai ficar bem. Você pode ter uma leve concussão, mas tenho certeza que vai estar fisicamente bem. Emocionalmente... — Trisha esticou o braço e pegou a mão de Ellie. — Estou aqui para você. Acho que deveria conversar com um conselheiro de estupro. Ninguém vai saber. Justice North está esperando no outro quarto para falar com você quando estiver pronta. Prometeu que vai punir Fury severamente pelo o que fez, mas se quiser entrar em contato com a polícia lá fora ele vai fazer isso por você. A decisão é sua.
Ellie arrancou a mão da médica.
— Justice! — Gritou o seu nome.
A porta do quarto foi aberta em segundos. Justice parecia horrivel. Sua camisa estava rasgada, estava com um lábio rebentado, e ostentava uma contusão sobre um olho. Entrou no quarto e congelou.
— Solte-o agora. — A voz de Ellie balançou com raiva e horror. — Ele não me machucou. Foi você quem me machucou. Solte Fury agora, porra! — Começou a gritar, mas não se importava. — O que diabos está de errado com todos você? Fury não me violentou!
Choque branqueou o rosto de Justice. Abriu a boca, mas nada saiu.
Ellie agarrou os lençóis que a cobriam, atirou-os em volta, e se sentiu grata por não estar nua. Não tinha certeza até que pôs as pernas ao longo da borda da cama. Alguém a vestiu em um conjunto de duas peças de pijama rosa claro, folgado. Colocou seus pés no chão. Sua cabeça doía o suficiente para que quase se arrependesse de sair da cama, enquanto se forçava para empurrar para cima.
— Não se levante — a médica exigiu quando pegou Ellie. — Você está drogada. Você precisa ficar deitada.
Ellie deu um tapa nas mãos da mulher e voltou sua ira sobre Justice. Conseguiu dar um passo antes de seus joelhos cederem. A médica a agarrou, mas ambas estavam indo caindo no chão, quando de repente Justice pulou para frente para envolver seus braços em torno das duas mulheres. Mostrou sua força quando gentilmente posicionado-as ao ângulo da cama. Ellie bateu-o e a médica desceu ao seu lado no colchão macio. Ellie estava ali olhando para ele enquanto lutava contra as lágrimas.
— Ele não estava me machucando. Como você pôde pensar assim?
Ele hesitou.
— Você estava amarrada e gritando. Ele é a razão pela qual você está ferida.
Lágrimas derramaram pelo seu rosto.
— Nós estávamos fazendo sexo e foi ótimo até que você o atacou e atirou-o longe de mim, seu filho da mãe. Estávamos nos divertindo, rindo, e então... — Sua voz quebrou quando apenas olhou para ele. — Você me machucou, não ele. Você quem me machucou. Tudo estaria bem se você não tivesse corrido lá, atacado Fury, e eu não teria batido minha cabeça no balcão.
Justice recuou um passo e parecia mais pálido.
— Mas os ouvi gritando quando caminhei até a porta da frente. Você estava amarrada quando corri para dentro.
Ellie olhou para a médica.
— As mulheres deles não gritam alto, às vezes no fim de sexo?
A médica encolheu os ombros.
— Não sei. Algumas das nossas mulheres gritam alto quando têm relações sexuais. Isso é verdade.
— Ele amarrou-a — Justice lembrou suavemente. — Isso é forçar.
— Não foi. Você é surdo? Estávamos brincando e nos divertindo muito. Não percebeu ele colocou um pano de prato em torno de meus pulsos para manter a fita longe de tocar minha pele? Você acha que se ele tentasse me machucar, ele teria se importado se eu tivesse marcas vermelhas da fita? — Mais lágrimas quentes rastrearam o rosto de Ellie. — Onde ele está? Você o machucou? Deixe-lo ir. Quero Fury agora.
Justice afastou-se.
— Vou buscá-lo. — Saiu do quarto e bateu a porta atrás dele.
Ellie virou para seu lado na cama e cobriu o rosto. Não conseguia parar de chorar. Uma mão roçava suas costas, a médica tentando confortá-la, e Ellie choramigou
— Será que feriram Fury?
— Não sei — admitiu Trisha. — Tratei um dos oficiais que vieram com você. Fury fez algum dano antes que o levarem detido.
Alarme da notícia percorreu Ellie e motivou-a a sentar-se, limpando o rosto. Olhou para a médica.
— Mas você não tratou Fury? Isso significa que ele está bem, certo?
A médica hesitou.
— Não sei. Sinto muito. Se ele tivesse realmente ferido você, acho que o teriam trazido aqui também ou chamado uma ambulância para tratá-lo.
— Deus! — Ellie chiou. — Por que diabos isso aconteceu? Estávamos rindo e fazendo amor. Depois isso. — Balançou a cabeça e se arrependeu instantaneamente quando isso a fez ficar tonta. — Por que todos não nos deixam em paz?
O olhar de Trisha se suavizou.
— Ninguém sabe o que esperar. Tenho certeza que o Sr. North e os dois oficiais pensaram que estavam te salvando.
— De Fury? — Ellie ignorou quando mais lágrimas deslizavam pelo seu rosto. — Fury não iria me machucar.
Trisha se aproximou e pegou a mão de Ellie.
— Sinto muito.
A porta do quarto quase explodiu e Ellie e Trisha saltaram quando Tom Quish entrou no quarto. Seu olhar correu de Ellie para a médica.
— O que diabos aconteceu? Só recebi a notícia de que há um grande problema aqui. O segurança informou-me que um Nova Espécie está preso à chave e a Srta. Brower teve de ser carregada inconsciente de casa por dois homens Novas Espécies que parecia como se tivessem se envolvido em uma briga.
Ótimo, pensou Ellie. Que ótimo. Não podia nem falar. Agora, o diretor estava envolvido em seu pior pesadelo também.
Trisha soltou a mão de Ellie.
— Como você ousa entrar explodindo em minha casa? Este é o meu quarto, Diretor Quish. Quanto ao que ouviu, um infeliz acidente aconteceu e isso é tudo.
Ela se moveu para frente, colocando o seu corpo entre Ellie e o diretor. Parecia confuso.
— O que aconteceu? — Parecia mais calmo.
Trisha endireitou os ombros e olhou para o diretor.
— O que aconteceu é que alguém ultrapassou a segurança e a srta. Brower ficou com medo. Ela gritou. O sr. Fury, o Sr. North, e os agentes de segurança estavam na casa — A médica mentiu.
— Disse que vi um idiota com uma câmera hoje se esgueirando pela clínica. Poderia ter sido o mesmo cara. — Torceu a cabeça para olhar para Ellie com os olhos arregalados. — Foi o cara que você viu olhando para a janela, um homem baixo loiro, vestindo jeans e uma camisa verde?
Ellie olhou para a médica, tentando esconder sua surpresa, atordoada que esta estranha estaria dizendo mentiras para proteger seus segredos, mas conseguiu assentir.
— Parece com o cara que me assustou.
A carranca desfigurou o rosto do diretor.
— Então porque é que o Sr. Fury está detido?
Alívio brilhou sobre o rosto da médica, antes que enfrentasse o diretor novamente.
— Porque queria caçar o filho da puta e matá-lo. A srta. Brower estava assustada, caiu para trás, e bateu com a cabeça. Desmaiou com a forte pancada, quando atingiu a borda do balcão. Você sabe o quão protetores das mulheres esses caras são. Ela é uma convidada em sua casa e algum imbecil a deixou com medo, ela se machucou, e ele perdeu a paciência. Você sabe que podem caçar e rastrear com os instintos animais. O Sr. North pensou que seria uma má idéia permitir que o Sr. Fury matasse o homem, pois ele é um ser humano. Eles não olham olho no olho, no calor do momento. O Sr. Fury está detido até que se acalme.
— Isso é verdade — Slade concordou da porta, encostou-se. Não estava usando o uniforme NE desta vez, ao invés disso usava jeans e uma camisa preta. — Vim até aqui para pegar uma declaração da Srta. Brower sobre o homem que viu na janela. Se você me der licensa, Diretor, estou de folga, mas gostaria de pegar sua declaração o mais rápido possível. Talvez você possa ordenar aos guardas de segurança para procurarem esse cara antes que ele causa mais problemas?
Ellie observou o rosto de Tom Quish, vendo a raiva lá.
— Tudo bem. Se essa é a história que você quer contar, vou acreditar. — Deu a Ellie uma carranca sombria. — Está tudo bem, Srta. Brower? Existe algo que eu possa fazer por você?
— Estou bem agora — confirmou em voz baixa. — Mas obrigada por se importar.
Ele girou sobre os calcanhares para marchar para fora da sala. Ellie olhou para a médica, ainda surpresa que a mulher a ajudou, deitando-se. A médica encolheu os ombros.
— Disse que você pode confiar em mim.
Slade estourou uma respiração pesada.
— Acho que vou me sentar na sala de estar para impedir que outras pessoas invadam. — Seu olhar deslizou para Ellie. — Eles estão trazendo Fury para você e ele deve chegar em breve. Ele está super irritado, mas tudo bem. — Seu olhar voltou-se para a médica e ele sorriu. — Você é uma boa mentirosa, Dra. — Slade piscou para ela e suavemente fechou a porta atrás dele.
Trisha deu de ombros. Sentou-se próxima a Ellie na cama.
— Não sou a melhor mentirosa. Foi, pelo menos, razoavelmente bom?
— Muito bom. Ele saiu, não foi?
Trisha estudou Ellie.
— É preciso ter calma por algumas semanas. Você realmente machucou sua cabeça no balcão. Se você sofrer dores de cabeça, tonturas, ou apenas não se sente bem, precisa me chamar imediatamente. Quero que você vá com calma e tente não fazer sexo por pelo menos uma semana. Você precisa manter a calma, sem nenhuma atividade física. Manter a área onde eu costurei o mais seco possível. Usei fios absorvíveis e não vou precisar removê-los. Duvido que você vai ver mais do que uma cicatriz.
— Ótimo. — Ellie não conseguiu esconder a raiva queimando ou seu sarcasmo naquele bocado de notícias.
— Posso fazer-lhe apenas algumas perguntas?
— Como o quê?
— Bem — Trisha virou para encará-la, ajustando seu corpo na beira do colchão. — Li alguns dos registros médicos dos Novas Espécies e percebi que Fury é canino. Lá diz que seus pênis incham durante o sexo. — Ela fez uma pausa. — Será que dói quando incha?
— Não — Ellie balançou a cabeça. — Não posso acreditar que isso aconteceu.
— Quanto tempo você normalmente tem que esperar até que o inchaço diminua?
Ellie franziu a testa para a médica.
— Por favor? Eu quero saber.
— Para você poder ajudar outras pessoas, se uma mulher decide dormir com um deles?
Trisha hesitou.
— Para o meu próprio benefício. Sinto-me atraído por um deles.
Ellie relaxou.
— Oh. Bem, nesse caso, não é doloroso. O inchaço dura apenas alguns minutos. Talvez três.
— Obrigada. Alguma surpresa?
— Eu o amo mais que minha própria vida.
Trisha sorriu.
— Você pode ir para casa com ele esta noite. Basta lembrar o que eu adverti sobre sua cabeça e Sr. Fury terá a necessidade de acordá-la a cada poucas horas para se certificar de que você está bem. Se tiver alguma dificuldade para despertá-la, ele me chamará imediatamente. Vou pegar algumas pílulas para ajudar com a dor de cabeça que você vai sentir após o efeito do medicamento.
— Obrigada, Dra. Norbit.
— Apenas me chame de Trisha. — Ela saiu da sala.
Ellie ouviu vozes alguns minutos mais tarde. A porta do quarto se abriu e Fury adentrou. Ellie suspirou. Contusões marcavam seu rosto e alguém lhe havia dado uma camisa que parecia como se tivesse sido picada em alguns lugares. Atravessou a sala em apenas alguns passos, deixando a porta entreaberta do quarto. Sentou-se cuidadosamente e estendeu a mão para ela, seus braços envolvendo delicadamente ao redor dela. Pegou-a e levantou-a cuidadosamente para o seu colo para abraçá-la com força contra seu peito.
— Você está bem?
Ela colocou seu braço em volta do seu pescoço. Ele tinha um olho roxo, mas não estava inchado. Estudou os danos nele. Uma de suas mãos tremia quando tocou seu rosto, pressionando a palma da mão para a única área de sua pele que não parecia ferida.
— Precisei de alguns pontos na minha cabeça. Você está bem? O que aconteceu com você?
Ele rosnou.
— Tentaram me impedir de chegar a você. — Seu olhar permaneceu em sua testa. — Há pontos sob o curativo?
— Apenas alguns. Mas estou bem. — Sua mão soltou o rosto e estendeu a mão para a camisa que ele usava. Puxou a gola da camisa dele, abaixou e olhou vendo as marcas vermelhas no peito. Seu olhar horrorizado voou para olhar em seus olhos.
— Estou bem. Falha na comunicação.
Ellie lutou um soluço.
— Isso foi mais do que isso.
Fury segurou-a um pouco mais apertado.
— Sim, mas foi esclarecido agora. Aprendi uma importante lição com isso.
— Qual?
— Vamos trancar as portas na próxima vez.
Um sorriso puxou os lábios de Ellie por sua causa, apreciando sua tentativa de humor.
— Quero ir para casa. Trisha disse que eu posso sair. Ela está me dando algumas pílulas para dor agora. Estamos proibidos de fazer sexo por uma semana e você deve me acordar a cada poucas horas para se certificar de que estou bem.
Fury se encolheu.
— Uma semana, hein? — Seus olhos castanhos amoleceram. — Estou feliz que você está bem. Ouvi você gritar. Aterrorizou-me quando você caiu, você não estava se movendo, e senti o cheiro do seu sangue.
— Estou bem.
Fury sorriu, deslocando Ellie dentro do berço de seus braços.
— Vamos para casa.
Ellie descansou o rosto no ombro dele e envolveu seu outro braço em volta do pescoço. Saiu de pijama emprestado, mas não se importava quem a visse. Fury caminhou em direção a porta do quarto, usando o seu pé para mantê-la completamente aberta. Justice, Slade e Trisha os esperavam na sala de estar.
— Desculpe — Justice desculpou-se suavemente. — Não sabia ou nunca teria corrido para a cozinha. — Encontrou-se com o olhar de Fury. — Não achava que poderia machucá-la, mas depois da última vez, não tinha certeza.
Trisha franziu a testa.
— Da última vez? O que aconteceu antes?
Ellie suspirou.
— Foi apenas um outro mal entendido, Trisha. Vou te contar sobre isso outra hora.
Trisha estendeu um frasco de comprimidos para Ellie e Fury.
— Me dê. — Slade ofereceu, arrancando-os da mão dela. — Vou levá-los para casa. Ficaria estranho ver Fury carregando uma mulher vestindo roupas de noite.
— Basta tomar uma pílula para a dor quando necessário. — Trisha instruiu.
Slade hesitou na porta.
— Você quer que eu a leve para você, Fury? Essas armas de choque machucam que nem uma porra.
— Eu a levo — Fury rosnou.
Slade abriu a porta e saiu do caminho. Ellie e Fury saíram da casa para o carro os esperando na calçada. Slade abriu a porta traseira para eles. Fury subiu no carro com ela em seu colo. Sentou-se forte o suficiente para sacudi-la e a fez sentir dor na cabeça. Ela gemeu baixinho.
Fury rosnou.
Ellie esfregou-lhe onde as mãos se tocaram.
— Estou bem. É apenas uma dor de cabeça.
Fury abraçou mais apertado, obviamente chateado. Ellie ficou chocada com o quão ruim a sua noite terminou. Teve que piscar as lágrimas por medo de que Fury ficasse ainda mais chateado se ele os visse.
* * * * *
Ellie sorriu para as mulheres que compartilharam a cozinha do dormitório com ela. As oito mulheres eram novas, tendo acabado de chegar cedo naquela manhã. Ellie ficou chocada quando foram trazidas para a porta com suas malas. Breeze ficou ao seu lado para receber as novas ocupantes do dormitório.
— Elas são tão pequenas. — Ellie suspirou.
— Sim. — respondeu Breeze severamente. — Elas são.
Ellie olhou para ela.
— Só presumir que fossem todos altos desde até agora foi tudo que eu já vi.
Breeze hesitou.
— Nós somos os protótipos experimentais, Ellie. Fomos criados para força e resistência para testar drogas que tornam os seres humanos mais fortes. Justice nos enviou aqui primeiro, porque somos mais duráveis. Somos duronas. Aquelas... — atenção de Breeze centrou-se na mulher entrando na casa. — Essas são os verdadeiramente infelizes.
— O que significa isso?
Breeze atirou em Ellie um olhar de advertência.
— Mais tarde.
Ellie lhes atribuiu quartos e agora se reuniram dentro da cozinha para suas primeiras lições. Era uma sensação estranha, estando em torno das mulheres do seu tamanho e até menores após se acostumar com as mulheres Novas Espécies muito maiores. As mulheres novas variavam entre cerca de um metro e meio a cerca de um metro e sessenta. Tinham corpos menores, semelhantes aos humanos frágeis, exceto suas características faciais que as revelavam como Novas Espécies. Também pareciam tímidas e envergonhadas, ao contrário das mulheres maiores dos Novas Espécies. Ellie sorriu em uma tentativa de colocá-las à vontade.
— Sei que tudo isso parece muito, mas confiem em mim, até o final da semana você poderão cozinhar e saberão como lidar com tudo dentro dessa cozinha.
Uma loira com grandes olhos cinzentos levantou a mão.
Ellie manteve o sorriso no lugar.
— Sim?
A loira mordeu o lábio.
— Você é uma de nós?
Ellie balançou a cabeça.
— Não sou um Novas Espécies. — Ellie olhou para Breeze. Ela ficou perto do grupo das mulheres como se fosse sua sombra, uma vez que entraram no dormitório algumas horas antes.
— Ela é humana pura, mas ela é boa — garantiu Breeze suavemente. — Ela é o nosso animal de estimação da casa. — Breeze piscou para Ellie. — Nós a chamamos de poodle. Que são aqueles cães pequenos que têm o cabelo inchado.
A loira parecia chocada quando o seu olhar largo virou-se para Ellie.
— Você não está com raiva, de ser chamada de animal de estimação?
Ellie riu.
— Sei que é dito com amor. Qual é seu nome?
A loira hesitou.
— Eles me chamam Halfpint.
Ellie olhou para Breeze. Breeze encolheu os ombros. Ellie tinha uma tonelada de perguntas não respondidas, mas deixou o que realmente queria perguntar para mais tarde.
— Bem, você tem alguma pergunta?
Halfpint dirigiu-se a Breeze.
— Posso?
Breeze suspirou.
— Você não precisa mais de permissão. Você está livre. Não há medo aqui, Halfpint. Você pode perguntar o que quiser.
Halfpint endireitou os ombros. Parecia assustada quando enfrentou Ellie.
— Você está nos treinando para sermos melhoreres no que fomos feitos para fazer?
— Não. — Breeze retrucou. — Isso está feito e acabado. Você está livre. Você entende? Você está aqui para que possa aprender a executar a sua casa como qualquer outro ser livre. Todos aprendem a cozinhar as refeições e operarem os aparelhos. — Breeze saiu de repente da cadeira. — Preciso de um pouco de ar. — Fugiu da cozinha.
Confusa, Ellie ficou ali. Não sabia o que estava acontecendo. Os olhos cinzentos de Halfpint se encheram de lágrimas. Ellie moveu-se para ficar na frente dela.
— Está tudo bem. Isso tudo é novo para vocês. Você está bem?
Halfpint limpou as lágrimas.
— A fiz ficar com raiva.
Ellie olhou para a porta vazia sabendo que não poderia discordar disso.
— O que quis dizer voltando ao que faziam antes?
Halfpint parecia ainda mais temerosa. Virou-se de repente e se jogou nos braços de outra mulher, abraçando-a com firmeza. Ellie percebeu que estavam todas com medo de repente, por algum motivo. Nenhuma outra mulher Nova Espécie tinha ficado com medo dela. Ellie deu um passo para trás, esperando que aliviasse seu medo.
— Por que vocês não vão desfazer suas malas? Nós vamos levar hoje muito devagar e vocês podem conversar com as outras mulheres. Coloquei notas nas suas portas para que vocês saibam quando as refeições são servidas. Se tiverem alguma dúvida vou estar aqui até as cinco. As outras mulheres irão ajudá-las se eu não estiver por perto.
Ellie viu as mulheres saírem e então foi em busca de Breeze. A viu pela janela da sala e foi para fora do prédio. Breeze sentou num banco sob uma árvore em frente do dormitório. Ellie se sentou ao lado dela.
— O que foi aquilo?
Breeze esfregava o pé na grama.
— O que foi feito com elas me irrita. Os médicos criaram alguns fracos de propósito. Essas mulheres estão com medo até de fazerem uma pergunta e você ouviu o comentário? Não importa quantas vezes dizemos isso, ainda estão aterrorizadas, com medo de que estão sendo enganadas, e serem enviadas de volta.
— Eu não entendo.
Breeze levantou a cabeça e revelou as lágrimas em seus olhos.
— O DNA delas foram emendados com animais domésticos para torná-las fracas e pequenas. Não foram criadas para executar testes. Não foram criadas como espécies para a pesquisa médica. Foram criadas para serem usadas e abusadas.
Ellie cruzou os braços.
— Para quê?
Breeze limpou uma lágrima que deslizou em sua bochecha e deixou cair a cabeça.
— Presentes. Os médicos as criaram para serem escravas sexuais para os bastardos que financiaram as instalações de teste. Eram dadas para qualquer idiota que tinha dinheiro suficiente e era pervertido o suficiente para querer transar com um animal que era humano o suficiente para ser atraente. A fizeram pequenas o suficiente para serem impotentes e incapazes de se defenderem.
— Oh Deus. — Ellie sabia que o sangue drenou de seu rosto. — Por favor, me diga que você está brincando.
Breeze balançou a cabeça.
— Nós encontramos alguns deles, mas Justice ainda está procurando com a ajuda de seu governo. Chegamos tarde para salvar a maioria dos que já rastrearam o dinheiro em transações até o momento. Os homens que foram presos confessaram abusar delas até a morte. Estas eram as que foram mais resistentes e maiores, que sobreviveram ao pior.
— Acho que vou vomitar.
Breeze encontrou os olhos dela.
— Também. Não só aqueles bastardos as deram como presentes para aqueles doentes com fetiches animais, mas deram-lhes para os piores da humanidade. Assassinos que têm admitido tirarem a vida delas ou deixar morrer de fome.
Ellie estava feliz por ter perdido o café da manhã ou poderia ter vomitado em cima da grama aos seus pés.
— Então, quando disseram antes, elas queriam dizer isso? Acham que estou tentando treiná-las para serem melhor... — Apertou a boca fechada quando sua bilis subiu.
— Presentes. — rosnou Breeze.
— Aqueles filhos da puta.
Breeze balançou a cabeça.
— Não deveria ter perdido a paciência, mas fiquei furiosa. Estive mau, Ellie. Confie em mim. Todos tivemos vidas infernais, mas as delas foram muito pior. Tive alguns guardas tentando me atacar sexualmente. Lutei e ainda matei um deles. A maioria do pessoal no interior das instalações de teste estavam dispostos a nos proteger contra isso e isso não aconteceu muitas vezes. Disseram que éramos caras demais para causar danos. O local de teste só nos fez ter relações sexuais com o nosso próprio povo, mas não machucávamos uns aos outros. Compartilhávamos dignidade, respeito e bondade. Não tiveram isso quando os homens a tocavam.
Ellie levantou-se em pernas instáveis.
— Acho que vou ter de realmente ir atrás delas e espero que possam aprender a confiar em nós.
Breeze levantou-se e sorriu para Ellie, tristemente.
— Você é pequena do jeito que elas são e, talvez, isso irá ajudá-las. Halfpint pensou que você fosse uma delas.
Ela e Breeze voltaram para o dormitório. Depressão percorria Ellie. Toda vez que achava que sabia tudo sobre o tipo de horrores que os Novas Espécies sofreram, uma nova era exposta.
* * * * *
Ellie sorriu para Fury. Não queria que ela fosse trabalhar, mas discutiu com ele naquela manhã. Agora ele estava saindo de seu caminho para fazer as pazes com ela. Fazer sexo não poderia acontecer desde que Fury temia que a machucaria de alguma forma. O sorriso de Ellie morreu. Desejou que ele percebesse que ela não era tão frágil quanto acreditava que ela fosse.
— Me sinto tão mal por elas. — admitiu ela.
— Você tem um coração mole. — Fury esfregou o rosto com o polegar. — Estão livres agora. Vamos encontrar mais delas em breve.
— Gostaria de poder fazer algo de bom para elas.
— O que você tem em mente? — Fury puxou Ellie para o sofá para se sentar ao lado dele.
Ellie se enrolou contra seu lado, amando aconchegar-se com ele.
— Não sei. Breeze mencionou que foram mantidas longe de todos, exceto seus agressores.
— Sim. Eles nos chamam de animais, mas aqueles homens eram verdadeiramente os animais. Algumas dessas mulheres foram encontradas trancadas dentro de porões. Foram mantidos longe de qualquer outra pessoa para evitar de ser descobertas. Nunca foram levados a qualquer lugar e nunca sequer possuíram roupas em alguns casos.
Ellie estremeceu a partir das imagens horríveis que foram criadas dentro de sua mente.
— Pensaram que eu estava tentado ensiná-las a usar a cozinha para que tenham novas habilidades para levar de volta com elas para os seus antigos proprietários.
Fury se encolheu.
— Ouvi dizer que era difícil. Justice as mantém longe de todos os homens. Quer que elas cresçam mais fortes emocionalmente, antes de serem introduzidas para nós.
— Mas vocês protegem suas mulheres. Eu já vi isso.
— Protegemos, mas nunca tiveram isso, Ellie. Elas foram feridas e abusadas pelos homens. É tudo o que sabem.
— Onde foram mantidas após terem sido resgatadas, caso não tenham ficaram em volta de homens? Foram todas elas de uma vez descobertas e trazidas diretamente para cá?
— Não. Justice contactou uma igreja. Eles têm alguns retiros isolados, sem qualquer homem. Aceitaram as mulheres com os braços abertos para dar-lhes algum tempo e paz para se recuperarem do que passaram. Deveriam ser enviadas para cá quando os terapeutas acreditassem que estavam fortes o suficiente. O primeiro lote é um teste para ver como elas se saem. Esperemos que sejam capazes de superar seu passado e encontrar um futuro.
— E se não forem?
— Justice já pensou em formar uma comunidade feminina somente para protegê-las.
— Essas pobres mulheres. — Ellie aconchegou apertada contra o lado de Fury e olhou para a televisão. Fury gostava de assistir baseball e um jogo começaria em breve. — Desejaria que eu pudesse pensar em algo para ajudá-las.
— Você vai pensar em algo.
— É. Espero que sim.
O noticiário veio antes do jogo. Ellie endireitou-se e olhou em choque a reportagem, que abriu com a história da noite sobre os Nova espécie. Passavam uma imagem de Fury carregando Ellie para um carro. Ele parecia furioso na foto e Ellie parecia com dor.
— Filho da puta. — rosnou Fury. Moveu-se, estendendo-se para o telefone.
— Shh — Ellie ordenou a ele. — Quero ouvir isso.
— Como diabos eles conseguiram uma foto disso?
— Eu não sei.
Ambos ouviram a história. Fury finalmente desligou a televisão e se lançou de pés. Discou o telefone quando ele atacou em direção à cozinha. Ellie ouviu seu som furioso do outro lado da sala. Ela se sentou lá, tremendo.
O público já sabia sobre ela e Fury. O repórter afirmou que eram o primeiro casal de Nova Espécie e humano. Sugeriram que seus nomes não fossem mencionados, para não serem feridos de alguma forma. O repórter alegou que pode ter sido Fury que a prejudicou.
Fechou os olhos e lutou contra lágrimas de raiva. Pior, doia por Fury. Por que as pessoas acham que iria machucá-la automaticamente só porque era um Nova Espécie? Até sequer sabiam que era misturado com DNA canino, mencionado durante o relatório. É óbvio que alguém dentro de Homeland vazou essa informação à imprensa.
Ellie ainda tremia quando se levantou. Encontrou Fury caminhando dentro da cozinha, falando no telefone. Seus olhares se encontraram. Fury fez uma pausa, olhando furioso e pálido. Ellie caminhou diretamente para ele. Um de seus braços circulou sua cintura e ele descansou o queixo sobre o topo de sua cabeça.
Ellie abraçou Fury até que terminou sua ligação. Desligou o telefone e bateu com ele no balcão. O outro braço envolveu a sua cintura, segurando-a, enquanto esfregou suas costas.
— Justice está sabendo disso. Tem de fazer uma coletiva de imprensa, Ellie. Ele não tem escolha. Estavam dando a entender que você está sendo ferida. Precisamos do apoio público.
Assentiu com a cabeça no peito dele.
— Eu sei.
— Tem que haver um vazamento em algum lugar. Sabiam que sou canino. Isso não é publicamente conhecido. Citaram os nossos primeiros nomes.
Ellie estremeceu.
— Você acha que foi Dra. Norbit? Odiaria pensar que ela fez isso.
— Não sei, mas vamos descobrir. Odeio dizer isso, mas estou apostando que foi ela ou alguém de dentro da força de segurança humana. Eles têm acesso aos nossos arquivos também. Alguém me informou que Tom apareceu na casa da Dra. Um segurança humano o alertou o que significa que sabiam que alguma coisa tinha acontecido.
Ellie afastou-se dele o suficiente a ponto de ver o seu rosto.
— Sinto muito por terem dito que você me machucou. São uns idiotas.
Um pouco da raiva diminuiu das suas feições.
— Não é culpa sua. As pessoas sempre supõem o pior. Merda, o meu próprio povo me achava capaz disso.
— O que fazemos agora?
Seus lábios tremeram e lhe deu um leve sorriso.
— Olhe para o lado positivo. Não teremos mais que esconder a nossa relação.
Ela bufou.
— É. Disseram no noticiário. Acho que provavelmente devo ligar para minha família logo antes de ouvirem sobre isso e perderem o bom senso.
Seu sorriso morreu.
— E se ficarem chateados com você por estar comigo? — Seu olhar procurou o dela. — Você vai me deixar?
Ellie o abraçou mais apertado.
— Nunca. Eu juro. Não me importo o que pensam.
Não conseguia esconder seu alívio.
— Percebi uma coisa.
— O quê?
Ele hesitou.
— Já te disse que te amo?
O coração de Ellie disparou.
— Não. Não me disse. Você está me dizendo agora?
Seus lábios se contraíram antes de falar e diversão provocou seu olhar.
— Isso depende. Você me ama?
Ellie riu e acenou com a cabeça.
— Amo.
— Amo você, doçura.
— Também te amo. — Lágrimas a cegaram até que as piscou. — Te amo faz um tempo, mas abstive-me de lhe dizer.
— Por quê?
Encolheu os ombros.
— Acho que eu estava sendo estúpida. Caras humanos tendem a recuar um pouco quando uma mulher declara que se apaixonou rapidamente.
Suas sobrancelhas arquearam.
— Não sou um deles, não totalmente, e estou cheio de alegria que você me ama. Nunca diga que você é estúpida novamente. Está sendo cautelosa, porque foi ferida por um homem em seu passado. Isso nunca vai acontecer conosco, porque desta vez você escolheu bem. — Um sorriso curvou nos lábios, provocando um brilho em seus olhos bonitos.
Ellie teve de lutar para as suas emoções não ficarem sobrecarregada. Riu de sua piada. Ele me ama! Mais lágrimas a cegaram. Teve de piscar-los de volta. Não era apenas sexo com ele, compartilhou os seus sentimentos. De repente, os seus problemas pareciam irrelevantes. Ele me ama!
— Bom. Eu amo você mais do que palavras podem dizer e estou tão feliz que você me ama também.
Fury riu.
— Procurei saber sobre casamento. — Seu sorriso morreu. — Eles não têm uma cláusula de casamento especial para nós, mas não é exatamente contra a lei ou já não há nada a respeito contra os Novas Espécies.
Casamento? Ellie olhou para ele em choque. Nunca tinha esperado que Fury pensasse sobre esse tipo de compromisso, mas obviamente pensava. Será que ela queria se casar com ele? Olhou em seus olhos. Ele se tornou uma grande parte da sua alma desde aquele primeiro dia supreendente que o viu dentro de sua cela estéril.
— Você quer falar sobre casar? Sério?
— Você se importaria de ser casada comigo? Eu te amo e quero me comprometer com você, Ellie. Esse é o sentimento mais profundo dos humanos.
— Te amo ainda mais por isso.
Levantou-a e levou-a para a sala. Sentou-se no sofá com ela em seu colo. Colocou os braços em volta dele e sorriram um para o outro.
— Será que você consideraria seriamente dizer sim se fosse pedir para você se casar comigo no futuro próximo?
Ellie riu.
— Gostaria, mas você não deveria perguntar se vou considerá-lo. Basta perguntar a mim.
— Gostaria, mas não tive a chance de comprar um anel ainda. — Estendeu a mão e agarrou a mão de Ellie detrás de seu pescoço. Trouxe-a aos lábios para pressionar um beijo na palma da mão. Então virou a mão para estudar seus dedos. — Não sei o tamanho do seu dedo a menos que só vêm em tamanhos pequenos.
— Sou tamanho seis.
— Seis — Seu olhar encontrou o dela enquanto segurava a mão dela dentro da dele. — Estou tendo o departamento jurídico analisando se podemos casar. Todos têm encontrado até agora que não está nos livros, mas não há nada contra nós casarmos com qualquer um. Somos o que eles chamam um caso histórico. Parece que somos imobiliários.
Rindo, Ellie balançou a cabeça.
— É. Desse tipo.
— Acreditam que não deve ser nenhum problema. Estavam esperando que ninguém fosse descobrir até depois de nos casarmos, se você concordasse em ser minha esposa. Agora estou com medo que alguém vá pensar nisso e tentar protestar nosso direito de fazer isso.
— Não acho que eles podem. Vocês têm direitos, Fury. Não podem dar às Novas Espécies o direito de viver como todos os cidadãos vivem, em seguida, dizer-lhes que você não têm os mesmos direitos que as outras pessoas. Seria apenas errado demais.
O telefone tocou e Fury levantou Ellie de seu colo e delicadamente a colocou no sofá ao lado dele. Ficou de pé para pegar o telefone. Ellie recostou-se e tentou relaxar. Podia ouvir a voz de Fury, mas não as palavras.
Ele quer se casar comigo. Sorriu.
* * * * *
— As chamadas já estão chegando, Fury. — Justice jurou suavemente. — Acabei de falar ao telefone com o presidente. Ele nos apoia plenamente, mas ouço a preocupação em sua voz. Assegurei-lhe que as coisas estão bem e que as notícias eram propositalmente sombrias.
— Bom. Liguei para as nossas equipes e estão de prontidão para auxiliar as forças humanas às portas, em caso de termos que receber um influxo de manifestantes. Estou esperando que isso aconteça. Isso vai enloquecer esses malucos, seus maiores medos se tornaram realidade que uma Nova Espécie oficialmente vive com uma mulher humana. — Fury fez uma pausa. — Sinto muito pelo problema, mas não iria mudá-lo. Ela vale a pena para mim, Justice.
— Você já deixou isso bem claro e como eu disse, estamos felizes por vocês dois. Estamos do seu lado. — Justice fez uma pausa. — Sei que temos de abordar esta questão com a imprensa. Estão imaginando o pior de que foi ferida pelo abuso de um dos nossos, e é preciso limpar essa sujeira.
— Concordo, mas me recuso a colocar Ellie na frente deles para responder a perguntas. Vão atacá-la verbalmente e dizer coisas maléficas que irá ferir seus sentimentos. Não vou permitir isso. É o meu trabalho protegê-la. Precisamos permitir que os humanos lidem com sua própria espécie. Estão sendo pagos para lidar com a imprensa. Deixe-os fazer isso.
— É também o seu trabalho proteger os Novas Espécies e nossa imagem. Devemos lhes permitir ver Ellie e assegurar a todos os humanos, que ela está bem. Precisamos do público ao nosso lado, Fury. A última coisa que precisamos é de mais humanos nos odeiando e protestando fora dos portões. O presidente não pode nos ajudar se estiver sendo questionado por todos por fazer isso.
— Posso fazer o meu trabalho e Ellie é uma Nova Espécie. Ela é minha para proteger também. Não correrei o risco de escolher um por outro porque não vai chegar a isso.
— Bom. Vou convocar uma reunião com Tom primeiro e ele é o melhor profissional de relações públicas que temos. Ele é fortemente presente na política e tem uma vasta quantidade de experiência em lidar com o público. Dirá-nos a melhor maneira de lidar com isso. — Justice suspirou. — Gostaria que esses humanos anti-Novas Espécie apenas fossem embora.
— Gostaria também, mas somos livres. Este parece ser o preço disso. Sabiamos que não seria fácil desde o início. Vamos passar por isso. Nossas equipes de segurança estão preparadas para o pior e você vai lidar com os humanos. Você é muito melhor em lidar com eles do que eu. — Uma risada escapou de Fury. — Não invejo seu trabalho hoje.
— Existe alguma maneira de você permitir o acesso da imprensa a Ellie?
— Não. Ela está esperando eu desligar o telefone e vou ficar com ela. Está preocupada. Preciso acalmá-la.
— Você acabou de dizer que precisa acalmá-la? — Justice riu.
Um flash de irritação rasgou através de Fury.
— O quê? Ela fica chateada e não suporto vê-la dessa maneira.
— Acalmar?
— Preciso colocar minhas mãos sobre ela. — Fury riu. — A distraío e como o seu companheiro é o meu trabalho manter sua mente em coisas mais agradáveis. Você realmente vai me atormentar por fazer isso? Se você tivesse uma mulher esperando por você, você iria querer acalmá-la também.
— Vá. Invejo você agora. Não tenho ninguém me esperando. — Justice desligou.
* * * * *
— Justice vai realizar uma conferência de imprensa amanhã. Decidiu que não temos de falar com eles, a menos que queiramos. Disse-lhe que não. — Fury disse enquanto saia da cozinha sem o telefone.
Ellie arqueou uma sobrancelha.
— Você poderia ter me perguntado.
Os olhos escuros se estreitaram.
— Não vou colocá-la em exposição e permitir que os humanos digam palavras prejudiciais a você.
— Não fique com raiva. Estou tentando não ficar brava. Embora você precise me perguntar as coisas. É apenas a coisa certa a fazer.
Fury rosnou.
— Você é minha para proteger.
Ellie suspirou. Ela o amava. Ele era naturalmente dominante, sendo sua natureza, e queria protegê-la. Pode tanto brigar com ele a cada passo do caminho ou apenas aceitar que estava propenso a esse comportamento. Sabia que a amava tão profundamente quanto ela o amava. Balançou a cabeça e sua raiva diminuiu.
— Só quero protegê-la.
— Eu sei, Fury. Só gostaria de ter sido perguntada. Tudo bem?
— Vou tentar. Você quer que eu ligue para Justice e dizer-lhe que estaremos lá para os jornalistas a questionar?
— Você faria isso por mim? Iria comigo se eu quisesse?
Sentou-se ao lado dela.
— Se você vai, eu vou.
Ela o amava ainda mais por dizer isso.
— Não ligue para ele de volta. De jeito nenhum quero estar lá.
— Mulheres — Fury rosnou, mas sorriu.
Ellie inclinou-se para ele e suavemente o beijou em seus lábios antes de puxar para trás.
— Acostume-se se você quer se casar com uma.
— Quero sim.
O telefone tocou novamente. Fury amaldiçoou.
— Droga. Isso não vai parar.
Ellie concordou silenciosamente.
— Acho que deveria ligar para minha família pelo meu celular enquanto você atende essa ligação. Que seria rude não dar-lhes um adiantamento antes de assistirem no noticiário da noite.
Expressão de Fury escureceu.
Não me importo se não estão felizes sobre nós. Você é minha vida agora, Fury. Você é tudo que importa. Deveria ligar para eles do mesmo jeito para ouvirem isso de mim.
— Talvez deva arrancar os telefones das paredes.
Ellie estava tentada a deixá-lo, mas então a realidade veio à tona. — Então eles vêm bater na porta.
— Bem observado.
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Fury - novas espécies 1 - Laurann Dohner
RomanceSipnose: Ellie fica horrorizada ao descobrir que a companhia farmacêutica em que trabalha está fazendo experimentos ilegais. Cientistas da empresa associam o DNA humano com o do animal, criando novas espécies exóticas. Uma tal "experiência" captura...