Capítulo 14

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   Logo que chegaram ao estúdio e as câmeras começaram a rodar, foram necessários vários minutos para que o pomposo diretor parasse de alimentar o próprio ego e fosse ao ponto principal.

— Tenho certeza de que seu trabalho tem mais substância do que está demonstrando, sr. Wiggs.

   Billy abriu a boca e a fechou em seguida. Movendo-se na cadeira, tenso, olhou para Jimmy, que se sentara ao lado deles, quieto como um camundongo de igreja, deixando a entrevista por conta do patrão.

   Ele acabou sentindo pena do outro. — Morte na República pode parecer um filme de terror, mas apresenta uma mensagem inegável – Jimmy comentou com um breve sorriso.

— É mesmo? – Jungkook pareceu surpreso.

— A personagem principal, Amenda Wolfie, transforma-se em lobisomem por estar cansada de ser uma estranha em seu próprio meio. Ela não se encaixa na república nem na faculdade, e toda a tentativa que faz para fazer parte do grupo é repelida. Até sua professora, interpretada por nossa estrela, Brenda Dudley, a rejeita. Quando se transforma em lobisomem, entretanto, Amenda encontra o poder e é finalmente ouvida – explicou Jimmy, complacente. — É claro que o modo como ela expressa sua raiva não é dos melhores, razão pela qual Amenda morre no final... Trata-se da clássica dualidade entre o bem e o mal. Mas existe uma mensagem a respeito de exclusão e de como esta pode provocar atitudes inusitadas em alguém.

   Jungkook recostou-se na cadeira, impressionado. Jimmy mais uma vez o surpreendera. Sorriu. Quando a entrevista terminasse, seria ele a surpreender Jimmy.

   Billy ainda olhava para Jimmy, chocado com sua análise do filme.

— O sr. Scott conseguiu, sem dúvida, resumir a essência dessa... – conteve- se ao perceber que estava prestes a usar um palavrão. – do filme.

— Obrigado pela entrevista, sr Scott, sr. Wiggs... Estamos muito interessados em ver como Hollywood poderá transformar nossa cidade. – Jungkook virou-se e encarou a câmera. — Fiquem de olho, amigos. Daqui para a frente, nunca se sabe o que pode estar nos esperando ao virarmos uma esquina em Taebaek... – completou com um maravilhoso sorriso.

   Um momento depois, Hoseok assinalou que a cena fora cortada. As poderosas lâmpadas foram apagadas uma a uma, as câmeras desligadas, e as luzes do estúdio acesas.

— Obrigado. – Jungkook falou quando os três deixaram o estúdio e se dirigiram à cabine de controle. — Foi uma boa entrevista. Eu a editarei e a colocarei no ar ainda esta noite.

— Será um sucesso, você vai ver. – Jimmy declarou, sorrindo. Sabia o quanto aquilo era importante para Jungkook.

— Acho que sim. Meu patrão ficará feliz e o seu também. – Jungkook indicou Billy, que já estava ao celular, acenando um adeus a caminho da porta.

   Jimmy suspirou, sabendo que deveria terminar seu relacionamento com Jungkook naquele momento. Já tinha a assinatura dele e já lhe concedera uma entrevista. Por que, então, vacilava?

   A verdade era que Jungkook deixara de ser seu inimigo em algum lugar entre aquele beijo no jardim e os lençóis do hotel. Jimin perdera de vista seu objetivo.

   Um dos rapazes da produção pôs a cabeça no vão da porta. — Kook, uma chamada para você na linha um.

— Um minuto... – Jungkook atravessou a sala para pegar o telefone. Sentou-se na beirada de uma longa mesa, pose que ele adotara várias vezes quando os dois costumavam se encontrar para as aulas de matemática que Jimin lhe ministrava.

Vingança AntípodaOnde histórias criam vida. Descubra agora