Capítulo 15

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Estar ao lado de Jungkook durante a tarde virara a mente de Jimmy do avesso. Agora tinha de comparecer ao encontro com Billy e não encontrava suas anotações. Procurou pelo carro e as encontrou, jogadas no banco traseiro.

— Jimin! – a mãe exclamou na calçada atrás dele. — Você desapareceu!

Ele  se virou e sorriu, complacente. — Oh, mamãe... Tenho uma reunião no restaurante do Seokjin.

— É claro, nunca há tempo para a família. Eu entendo...

Era óbvio que Hyelim não entendia.

Jimin suspirou. Sabia que se não aproveitasse aquele momento para reparar o dano que causara no relacionamento entre ele e a mãe, a situação se agravaria.

Mostrou um banco no fundo do restaurante de Seokjin, ponto de parada de um ônibus que não mais rodava em Taebaek. Sentaram-se, Hyelim  em uma das extremidades, a sacola com mantimentos em frente ao peito como um escudo.

— O que veio fazer no centro da cidade? – Jimin quis saber, tentando abrir espaço para assuntos mais sérios.

— Pôr cartas no correio, pegar as receitas do seu pai... E comprar umas coisas para o jantar desta noite. – Hyelim ergueu a sacola de compras. — Só tarefas maçantes.

Jimin encheu os pulmões de ar. — Mamãe, sinto muito pelo que aconteceu naquela noite.

— Já está esquecido. – a mãe deu um breve sorriso.

Mas não estava e ambos sabiam disso. Jimin podia deixar a conversa terminar ali e, em um dia ou dois, eles voltariam a ser como antes, escondendo as discussões debaixo do tapete junto com todas as coisas que não haviam sido ditas ao longo dos anos.

Jimin olhou o sol que brilhava no céu. Era o mesmo que aquecia Los Angeles; assim como os problemas que o seguiam o tempo todo. Ele havia transformado a própria aparência, mas, no fundo, o que havia mudado?

— Por que foi embora, Jimin? – Hyelim perguntou após alguns segundos, a voz calma e suave.

Ele engoliu em seco. — Ninguém jamais me entendeu aqui, mamãe. – disse de uma vez. — Eu era um estranho. Não, pior do que isso: eu era invisível.

— Como pode dizer isso? Você tem uma família que o ama.

— Se me amam por que nunca disseram?

— Como assim, nunca dissemos?

— Você nunca disse que me amava, mamãe. Nunca esteve presente, nunca se interessou pelas minhas histórias ou pelas coisas que eu escrevia... Mas sempre teve tempo para Kyungmi.

Jimin lembrou-se das tantas vezes em que a mãe fora às feiras de arte da filha mais nova, às apresentações dos corais de que esta participava, das ocasiões em que se sentara na cozinha para ouvir Kyungmi contar sobre seus namoros, fazendo com que ele, Jimin, se sentisse como parte da mobília da casa e não um membro da família.

— Nunca me disse nada, mamãe. Eu não era bom o suficiente para você?

— Oh, querido, é claro que era! – refutou Hyelim com voz embargada. — Você e sua irmã são ótimos filhos. Nunca tive preferência por nenhum!

— Então por que Kyungmi tinha toda a sua atenção?

— Porque ela a exigia. – Hyelim suspirou.—  Você era quieto, nunca parecia precisar de muita coisa. kyungmi era mais fácil, eu acho. Quando você era pequeno, bastava eu lhe dar um biscoito e o fazia feliz. Mas sua irmã vivia requisitando a minha atenção: "mamãe, veja como eu faço isso; mamãe, olhe aquilo". – ela se mexeu no banco, perturbada. — Agora nem tanto. Não sei o que aconteceu com ela depois que você foi embora.

Vingança AntípodaOnde histórias criam vida. Descubra agora