SECRET .ೃ࿐ niccolò rossi (baby)

XIV • Alcoholische Pt. 3

Roma — Itália
2018

NICCOLÒ POV

O líquido âmbar desceu pela minha garganta com uma velocidade quase imprudente, mas, naquela noite, parecia impossível manter a sobriedade. A cena à minha frente era grotesca, onde Matteo se esforçava em vão para atrair a atenção de Haelena. Embora eu tentasse convencer a mim mesmo de que aquilo não tinha nada a ver comigo, direta ou indiretamente, ainda assim, cada movimento dela parecia atingir um nervo exposto dentro de mim.

Haelena, com sua aura caótica mal contida por trás da fachada, era uma tempestade que me deixava oscilando entre o ódio, a obsessão e até mesmo o amor. Agora, admito o quão tolo era meu pensamento, mas naquele momento, o ciúme me dominou, e não tinha muito controle quando se trava dela. Mesmo que eu tivesse tentado ignorar, a lembrança deles juntos naquela primeira festa se infiltrava em minha mente, exigindo meu sangue-frio para aceitar a verdade que sempre soube: Haelena nunca seria minha.

Era um jogo que eu insistia em jogar, e Haelena era a única capaz de despertar em mim um sentimento que se assemelhava à culpa. Eu desconhecia os seus sentimentos e se havia alguma chance real de ser perdoado por ela, o que só aumentava minha necessidade de mais e mais bebida. Ao chegar na quarta dose, fui abruptamente arrancado da minha mente quando, num gesto que parecia um desafio direto, Haelena lançou-me um olhar provocador antes de se inclinar e beijar Matteo. Meu sangue ferveu nas veias e desviei o olhar, sentindo uma fúria impotente misturada com uma profunda agonia. O som do riso de Brando me trouxe de volta à realidade, e lá estava ele, com um sorriso cínico nos lábios, claramente ciente do tumulto que se passava na minha mente.

⸺ Noite difícil? ⸺ perguntou ele, com a sobrancelha arqueada.

⸺ Nada que você precise se preocupar, Brando ⸺ respondi, tentando manter minha compostura e mudar de assunto.

Enquanto trocávamos palavras banais, meus olhos voltaram a buscar Haelena, apenas para vê-la, junto com Laura, subindo as escadas que levavam aos andares superiores. Matteo permanecia no salão, agora em animada conversa com a outra amiga de Haelena que não conhecia o nome. No entanto, a visão de Haelena e Laura se afastando, e a perspectiva de o que poderia acontecer lá em cima, consumiam meus pensamentos. Me sentia dividido entre a necessidade de segui-la, e a culpa por ter permitido que esse sentimento chegasse a esse ponto.

⸺ Vejo que continua alucinado por ela ⸺ comentou Brando, interrompendo meus pensamentos ⸺ Parece que não é apenas minha irmã obcecada pela Haelena...

Meu corpo inteiro ficou paralisou como pedra quando lentamente escrutinava a expressão calma e composta de Brando. Por mais que Haelena e eu tenhamos sido o mais cautelosos possível, ele com certeza tinha pegado algo no ar. Ele não era exatamente burro, na verdade, era muito observador, assim como sua irmã Laura que quase ninguém sabia, mas eu desconfiava que ela tinha algo a ver com alguns "vazamentos" de fofocas.

⸺ Cale a boca, Brando. Você não sabe de nada ⸺ rebati ⸺ Agora vamos.

Brando riu, mas não insistiu. Seu olhar, porém, me seguia enquanto eu me movia pelo salão, tentando aparentar indiferença. A noite continuava, mas meu coração e minha mente estavam fixos na imagem de Haelena e Laura, e o que poderia estar acontecendo entre elas. Subitamente, decidi que não podia mais suportar a incerteza. Deixei meu copo sobre uma mesa próxima e, sem dar explicações a Brando ou a qualquer um, comecei a subir as escadas.

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