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Os tênis de Mia estavam jogados no chão do quarto, Chris estava sentado na cama, com uma das pernas esticadas e o corpo em torno da garota. Passaram mais de uma hora conversando, sobre aquele maldito dia e como a falta de comunicação podia ser uma coisa tão desastrosa.

Entenderam que precisariam estabelecer as etapas básicas de uma relação, - mesmo que de amizade - etapas estas que foram tiradas deles com toda aquela confusão. Eles se gostavam, estavam entendendo isso bem melhor, mas também precisavam se conhecer de verdade.

- Muito careta se eu disser mais uma vez quanto te acho bonita? - Ele perguntou, passando os dedos delicadamente pelo cabelo dela e deixando um beijo em seu rosto.

- Eu até gosto de coisas caretas. - Ela riu, o olhando. - E você também é tão bonito.

Era avassalador como, magicamente, encarar Christopher não lhe causava um sentimento ruim e inacabado. Isso com certeza não significava que estava bem com tudo que aconteceu, mas que ela podia encarar aquilo junto dele.

- Ah, qual é. - Ele gargalhou sem jeito, olhando para o próprio colo.

As bochechas dele coraram com as palavras dela, o que a fez rir, encaixando os braços em torno de seu pescoço.

- Você também precisa se acostumar a ser elogiado. - Falou, segurando o queixo dele. - Agora, me fale de você.

O garoto franziu o cenho, se aproximando um pouco mais. Havia colocado uma playlist aleatória no computador, tocava em volume baixo a música Loyalty, de Kendrick Lamar e Rihanna.

- O que quer saber sobre mim? - Perguntou curioso.

- O que puder me dizer. - Deu de ombros. - Aquilo que perdi nos anos afastada de você.

- Não diga isso. - Ele fez uma careta tristonha. - Droga, estou meio sensível hoje.

E em um perfeito equilíbrio que só Christopher Sturniolo entendia, ele tinha os olhos marejados em lágrimas enquanto ria junto dela.

Ela o abraçou, fazendo ambos caírem na cama. Mia se acomodou confortavelmente em cima dele, com o queixo apoiado em seu peito, a íris castanha brilhando ao olhá-lo.

- Tudo bem, se é demais pra você, eu começo falando de mim. - Riu, desenhando círculos com a ponta do indicador no braço dele. - Bom, eu não tenho cor favorita porque adoro todas, mas meu molho favorito para massa é tomate seco... também prefiro acessórios dourados e tenho um joelho defeituoso, mas disso você já sabia.

- Eu prefiro carbonara, mas posso viver em paz com essa informação. - Brincou. - Minha cor favorita é laranja, facilmente, e tenho uma marca de nascença nas costas... Por que você decidiu fazer moda na faculdade?

Ela sorriu, como se esperasse o grande momento de responder aquela pergunta, como se preparasse respostas para ela todo dia. Deitou-se ao lado dele, encarando o teto do quarto, os olhos azuis pairavam seu rosto, admirando o perfil.

- Moda nunca foi só sobre beleza ou glamour na minha visão, entende? - Começou a divagar. - Durante muito tempo, as roupas foram um dos únicos mecanismos que eu tinha para expressar minhas maluquices e sentimentos, porque eu assumo... sou bem ruim verbalizando eles.

- Veja só, se não temos algo em comum. - Chris riu para ela.

- Pois é, tenho minhas incoerências. - Zombou, seguia focada no teto branco. - Mas eu penso que se tiramos o estilo pessoal de alguém, mesmo as manias simples, tipo deixar o cabelo dividido para um lado específico ou dobrar a barra da calça... nós tiramos também um pedaço de quem é aquela pessoa, sabe?

model | chris sturnioloOnde histórias criam vida. Descubra agora