model | chris sturniolo

50.

Após uma longa hora de conversa com Cassie, Mia voltou a recepção para falar com Christopher, dizendo que ele poderia ir para casa, mas isso obviamente foi negado. Com a garota também se recusando de sair dali tão cedo, entraram no acordo do rapaz ir até a própria casa e depois ao apartamento, pegar algumas roupas confortáveis para ela.

O frio castigava Los Angeles de forma especial naquela madrugada, após alguns minutos da saída de Chris, ela se recolheu no pequeno banheiro social e permitiu desabar aquele montante de ansiedade que lhe consumia.

Nunca imaginou que pudesse passar por uma situação com aquela, na verdade nunca imaginou que fosse voltar a ter qualquer contato com a irmã mais nova. Em si, havia dado como vencedor o rancor por todas as vezes em que Cassie pareceu torna-la invisível também.

Antes do corpo da garota mais nova desistir e perder para o cansaço, ela confessou sobre como passaram a ser as coisas na casa dos Huang a partir do momento que Mia os deixou para trás.

Seu nome tornou-se tópico proibido entre eles, com frequência a matriarca dizia que ela havia desonrado totalmente a família. Além disso, a mulher era paranóica sobre todo e qualquer garoto que mostrasse interesse por Cassie, sempre dizendo que ela devia manter distância, não apenas a assustando com a ideia de que ela poderia se envolver com alguém "ruim", mas a diminuindo pois, de acordo com a mãe, "ela nem era uma garota tão bonita assim para chamar atenção."

Em cada nova história relembrada, Mia entendia gradativamente como não havia amor algum por qualquer uma das filhas ali, apenas a necessidade de alguém para se controlar e humilhar.

As duas valiam o mesmo para aquela mulher
a partir do momento que não eram seres
perfeitos de sua imaginação: Nada.

Huang viu sua própria imagem no espelho do banheiro mal iluminado, o rosto inchado pelo choro e a completa bagunça de sua aparência. Ela tinha uma rotina e vida perfeitamente programada, as vezes um pouco entediante, por sinal, mas que a permitia ter controle dos seus dias e do próprio conforto. Agora, isso mudava tudo.

Sabia que Cassie não voltaria a casa dos pais, nem esperava que assim o fizesse, seria empurrá-la ao precipício outra vez.

A irmã precisaria de cuidados médicos por um bom tempo, precisaria ficar em sua casa, agora tudo seria duplo, teria que se acostumar com a constante presença de outra pessoa em seu mundo particular, este que nem mesmo Christopher acessava totalmente.

Ela não tinha intimidade com Cassie, já sofria em antecipação por todos os silêncios desconfortáveis que reinariam naquele pequeno apartamento.

Saiu do banheiro após lavar o rosto outra vez, sua maquiagem não estava tão destruída apesar da situação. Retornou a sala de espera e quase ao mesmo tempo, as portas de vidro abriram novamente.

O barulho irritante de um salto alto se aproximava cada vez mais e aquela voz autoritária e pouco controlada fez todos os órgãos de Mia retorcerem dentro do corpo, como se fosse teletransportada para as suas piores lembranças.

- Alguém pode me informar o que diabos aconteceu com a minha filha?! - Exigiu pouco educada a Senhora Huang.

A recepcionista mal teve tempo de começar a falar quando o olhar irado da mais velha acertou o  rosto de Mia, a poucos metros dali. A vontade da garota era encolher em si mesma e fugir da mãe, mas permaneceu imóvel, de braços cruzados e expressão séria.

- É claro que você tinha que estar envolvida nisso. - A voz saiu engasgada em raiva na direção da garota de mesma altura. - O que você fez com ela?!

- Olá, Ava. - Cumprimentou pausadamente, sentia seus ossos congelarem. - Fiquei tão surpresa quanto você em vir parar aqui.

- Não se dirija a mim dessa forma. - Exigiu ela.