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| ALERTA DE GATILHO |
ideação suicida
(sem descrições explícitas)

se for sensível, continue com cautela.

- Você tem certeza de que consegue dirigir? Eu posso chamar um uber! - Christopher corria atrás da garota que, apressada, cambaleava sob o salto nos degraus para o estacionamento.

Ela não havia dito mais nada depois daquele anúncio à ele, apenas virou as costas e saiu em disparada buscando pelas chaves de seu carro na pequena bolsa.

- Eu consigo, você não precisa ir se não quiser! - Ela arrancou os sapatos dos pés, seguindo pelo cascalho gelado descalça.

Chris a parou, primeiro segurando em seu braço de forma dura, mas em seguida soltando.

- É óbvio que eu vou com você! - Falou preocupado. - Eu não vou te deixar sozinha nessa! Mas preciso saber se você tem cabeça pra pegar a estrada até o hospital.

Huang o encarou, os olhos marejados com um nó na garganta, suas mãos tinham tremores que iam e voltavam. Sua mente apenas perguntava como aquilo estava acontecendo logo em um dia tão importante.

Sua família seria eternamente uma
espécie de fantasma em baixo da cama.

- Eu consigo. - Respondeu sucinta, abrindo a porta do carro.

Ele não sabia quanto acreditava naquilo, mas sabia que precisava apoiá-la mais do que nunca. Pegou os sapatos de salto e jogou para o banco de trás, colocando o cinto e procurando o caminho mais rápido para chegar até o hospital.

- Como eles descobriram seu contato? - Perguntou ainda confuso, sendo bombardeado por mensagens dos irmãos e amigos que estavam tão perdidos quanto ele.

Mia engoliu à seco, manobrando o carro no estacionamento, como se as respostas demorassem a ser processadas.

- Falaram que eu era o único número de emergência dela. - Sua voz embargou.

Era impossível saber exatamente o que dizer naquele momento, Christopher repousou a mão na perna dela, acariciando a pele com seu dedão enquanto guiava-a pelo GPS. Perguntava-se o que levava Cassie a ter a irmã, com quem não falava a anos, como único contato de emergência.

Dois semáforos amarelos foram deixados para trás em uma velocidade maior do que a indicada, fazendo Chris segurar com um pouco mais de força no próprio banco, ao mesmo tempo que tentava encontrar palavras para acalma-la um pouco.

A faixada do hospital se tornava mais próxima na mesma medida em que a respiração de Mia acelerava. O rapaz abriu o porta luvas, tirando de dentro um par de pantufas cor-de-rosa, o que a fez desviar o olhar da rua por meio segundo, confusa.

- Eu não coloquei esse negócio aí. - Ela anunciou.

- Pedi pra Liv colocar, imaginei que no final da noite ia estar com dores nos pés.

Huang queria derreter nos braços dele pelo carinho que sempre a pegava desprevenida, mas estava nervosa demais para isso. Estacionou rápido, agradecendo brevemente pela ideia de Chris e colocou as pantufas nos pés antes de sair do veículo.

Ele agarrou sua mão enquanto segurava a bolsa preta em baixo do outro braço, seguindo-a até a recepção do prédio. Agora, estava tão ansioso quanto ela, o medo do que poderiam ouvir ao chegar ali.

Notou os olhos dela tímidos e desesperados, talvez se perguntando quanto tempo demoraria para se ver frente a frente com os pais.

- Boa noite, eu vim ver Cassie Huang, você acabaram de me ligar. - Ela foi rápida ao balcão principal, a voz tremia. - Minha irmã está bem?

model | chris sturnioloOnde histórias criam vida. Descubra agora