capítulo 18

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Fascina-me um olhar em agonia,
Por saber que é verdadeiro:
Não se fingem convulsões,
Nem simula-se uma dor.

Descem brumas sobre os olhos -
- É a morte — impossível falsear
As contas, pela cruel angústia,
Na fronte homologações feitas um colar.

Emily Dickinson

O que vem depois? Depois que você fecha os olhos e nunca mais os abre? Existem várias crenças sobre o que acontece depois da vida, para alguns você pode reencarnar em outras vidas, para outros o seu espírito continua vivo em outro plano, e há quem acredite que é apenas o fim, não há mais nada depois. Não saberemos com certeza, não até chegarmos lá, entretanto para os vivos a vida após a morte existe, quando você perde um ente querido, a sua vida precisa continuar, mas como?

Verde pelo preto, esperança pelo luto. Alicent imaginou esse momento, vários cenários, o que ela faria, como reagiria, o que ela sentiria… Mas a realidade não foi o que ela esperava, ela imaginou que choraria até não sobrar mais lágrimas, imaginou sentir uma dor dilacerante, ela esperou por tudo, menos esse vazio, Alicent se sentia como… um buraco vazio, sem vida... Alicent preferia a dor, mas ela não se sentiu merecedora de tal sentimento.

A culpa é sua, a voz de seu pai permaneceu ecoando em sua mente, mesmo que ele nem mesmo estivesse ali, quando voltaram para casa no dia.

Haviam se passado apenas 24 horas desde a morte de sua mãe, desde que seu pai perdeu o controle, 24 horas desde a última vez que teve notícias de Rhaenyra através de um Viserys atordoado e aparentemente nervoso demais para passar confiança, porém Laena lhe disse que a garota provavelmente estava bem, era apenas um costume seu sumir quando ficava sobrecarregada, seu celular também continuava caindo na caixa postal, a essa altura a Hightower só ligava para que pudesse escutar a voz da outra garota, mas neste momento ela precisava confiar em Laena que ela voltaria logo.

“Ei, você está bem?” Gwayne estava parado na porta de seu quarto, cabelo desgrenhado, terno preto com uma gravata com uma tentativa de nó mal sucedido,  sua mão estava enfaixada por conta dos ferimentos causado pela briga, ele também tinha uma pequena mancha roxa na mandíbula, provavelmente o único golpe que seu pai revidou, Otto com certeza acabou pior, mas quando voltaram para casa a única prova de que ele esteve lá foi a bagunça causada pela briga que ele deixou.

Alicent não respondeu a pergunta do irmão, ela se levantou indo até ele, o pegou pela mão machucada dando uma olhada no ferimento e o trazendo para dentro do quarto.

“Pra onde você acha que ele foi?” Alicent ignorou a pergunta inicial de seu irmão, ela não queria falar sobre como estava se sentindo.

“Honestamente, contando que ele fique longe de nós, eu não me importo.” O rancor na voz do Hightower mais velho era evidente, Alicent soltou sua mão e direcionou sua mão até a gravata do irmão.

“Como a vovó está?” Alicent perguntou, ela sabia a resposta, mas queria evitar o silêncio, o silêncio deixava espaço para pensamentos e estar sozinha com sua própria mente não era uma boa ideia na opinião de Alicent.

“Tentando ser forte” Gwayne disse analisando o nó da gravata que a irmã havia consertado, Alicent diria que ele estava fazendo o mesmo, tentando ser forte, mas dar espaço para que Gwayne falasse sobre os sentimentos dele a forçaria a falar sobre os dela, então ela se manteve quieta, talvez ela estivesse sendo egoísta, mas neste momento ela se reservou esse direito. “Você conseguiu falar com Rhaenyra?” Aparentemente o silêncio também incomodava o mais velho.

“Não com ela, falei com Viserys e com Laena, Viserys disse que ela havia deixado o celular em casa, disse que eles tiveram uma breve discussão e ela acabou saindo, Laena disse que às vezes ela some pra esfriar a cabeça, mas deve voltar logo.” Sua voz soou cansada.

a imperfeição perfeita de jovens imperfeitos Onde histórias criam vida. Descubra agora