a imperfeição perfeita de jovens imperfeitos

capítulo 19

Há um ditado popular onde dizem que após uma tempestade sempre vem a calmaria, porém há algo sobre as tempestades, algo que normalmente não é dito. Algumas vezes elas deixam destroços.

Arrumar toda a bagunça, lidar com todas as consequências e como você se sente sobre tudo… é o que faz com que você queira fugir e correr até que você não consiga mais enxergar toda a destruição que você deixou para trás. Mas e quando a destruição está dentro de você? Não é possível ignorar, mesmo que você seja a melhor em ignorar problemas.

Rhaenyra se sentia sobrecarregada,sua namorada estava processando o pai, se mudando para a casa da avó e tendo que lidar com o pai processando o irmão,  Alicent precisava de todo o apoio possível, mas como você pode ser um porto seguro se você também está lidando com seus próprios problemas? Seu pai acabou sendo uma decepção, seu herói acabou sendo um humano falho.

Rhaenyra acabará de descobrir que haviam quatro irmãos, quatro seres humanos que compartilham 23 cromossomos com ela e ela não sabia o que fazer com essa informação. Esconder da mãe foi a parte mais difícil, ela não gostaria de fazer parte dessa farsa, mas ela sabia que no momento em que sua mãe soubesse a verdade, absolutamente tudo em sua vida mudaria… Rhaenyra não lidava bem com mudanças.

“Tock tock…” Rhaenyra disse sentada na janela do novo quarto de Alicent assustando a mesma.

“Droga Rhaenyra, você me assustou.” Rhaenyra riu e entrou no quarto. “ Você sabe que não precisa entrar mais pela janela não é? Minha avó não se importa.”

“Eu sei, mas é mais divertido, vai ser difícil me acostumar a entrar pela porta da frente, você sabe que eu gosto do drama.” Rhaenyra brincou se aproximando de Alicent e a beijando brevemente.

“Eu já tive drama o suficiente.” Alicent respondeu, a frustração era evidente, a garota estava exausta e Rhaenyra gostaria de ter o poder de retirar todo o peso de suas costas e tomar para si própria, mas não era possível.

“Como você está?” Rhaenyra se sentou na cama e Alicent a acompanhou.

“Eu tenho uma medida cautelar contra o meu pai, minha mãe morreu e eu nem pude ir ao enterro, sou praticamente uma órfã, não sei se vou poder ir pra faculdade porque meu pai me odeia e existe uma possibilidade muito grande do meu ex namorado ter me tirado do armário pra todo mundo antes de eu estar pronta… É acho que estou bem.” Alicent disse com frustração.

“Bem, não posso fazer nada quanto as outras coisas, mas ainda posso socar a cara do Criston.” Ela sugeriu, abraçando a namorada de lado, fazendo com que as duas se deitassem na cama.

“Muito nobre da sua parte, mas meu pai e ele são muito amigos, ele pode acabar sugerindo que Criston te denuncie e talvez você não tenha tanta sorte quanto o Gwayne.”

“Não custava tentar… mas quanto as coisas com o seu pai… vão se resolver.” Alicent soltou um riso sem humor.

“Você é tão otimista.” Ela levantou a cabeça e apoiou no peito da namorada.

“Alguém precisa ser.” ela disse com um sorriso mínimo e em seguida beijou a ponta do nariz de Alicent. “Acho que deveríamos fugir.” Rhaenyra disse após um tempo em silêncio e Alicent soltou uma risada nasal.

“Sim, nós deveríamos atravessar o mar estreito e ir pra Essos, dizem que lá tem uma cultura muito rica.” Alicent estava apenas brincando, talvez sonhando acordada, mas Rhaenyra não estava, ela precisava dar um tempo da própria vida, da  bagunça que ela havia se tornado.

“Talvez não pra Essos, acho que outro continente é um pouco extremo, mas talvez Winterfell, lá é frio, mas eu tô um pouco cansada do clima de Porto real, ou talvez o vale, dizem que lá é legal.” Rhaenyra começou a falar rápido, como era de seu costume fazer quando se empolgava com algo.