Capitulo 18 - Seu colo, meu mundo

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Manny.

Eu sempre tive paixão pela em lecionar. É engraçado pensar no tão simples isso pode parecer. Ensinar literatura inglesa, eu percebia que estou continuamente aprendendo junto com meus alunos. Cada aluno muitas vezes traz novas perspectivas e interpretações, que enriquecem ainda mais minha compreensão de obras atemporais, aqueles que realmente se esforçam para explorar seus pensamentos. Há todo tipo de aluno em uma sala de aula, ainda mais quando falamos das aulas de literatura básica, os avançados as vezes já carregam consigo uma carga pré estabelecida.

Eu não sou tolo ou inocente a ponto de pensar que minha profissão é uma maravilha somente. Mas sempre acreditei que a literatura tem um papel transformador na educação.  E para mim o mais importante é a porta de possibilidade á aqueles que sonham, na adolescência foram os livros que me levaram para um lugar realmente seguro, para que eu pudesse me encontrar. E trabalhar com jovens para mim é um privilégio além da enorme responsabilidade, e um tanto quanto desafiador. É um período crucial em suas vidas, onde muitas vezes descobrem suas paixões e talentos. Espero poder mesmo de cada vinte alunos meus, que um possa se encontrar ao menos, e todos possam se sentir seguros.

Meu objetivo é que meus alunos saiam das minhas aulas não apenas com um conhecimento mais profundo das obras literárias, mas também com uma visão mais ampla do mundo e de si mesmos. Quero que eles vejam a literatura como uma fonte infinita de aprendizado e prazer, que continuará a enriquecê-los muito depois de terem deixado a escola, assim como aconteceu comigo, que me descobri e me encontrei entre paginas.

- Já acordado? - Spencer beija meus cabelos e eu sorrio para ele. Estou no meu amontoado de papéis, corrigindo os textos dos meus alunos.

- Preciso corrigir tudo para segunda.

- Quer ajuda? - ele pergunta e pondero. Meu namorado é um gênio, afinal, mas não é professor. Porém, são redações de alunos do primeiro ano. Então, aceito, lhe dou algumas e explico do que se trata.

Ele tinha a vantagem de ler 20.000 palavras por minuto, então, quando ergo os olhos da primeira redação que corrigia desde que ele se juntou a mim, ele já tinha umas quatro redações corrigidas sobre a mesa. Rio com isso, é até injusto. Ele vira o que estava lendo e é como se tivesse ocorrido um massacre com as pobres folhas, de tantas anotações em caneta vermelha que tinham.

- Spencer. - o chamo e ele me olha, com o rosto mais lindo e sereno. - Por favor. - pego os papéis de suas mãos e os demais sobre a mesa e encaro. Levo a mão à testa e suspiro.

- Algo errado? - pergunta sem entender, e só consigo rir da sua expressão.

- Amor, eles têm 14 anos! - ele parece não entender inicialmente. 

- Sim? - responde, um pouco confuso.

- Olha, ser detalhista é ótimo, mas precisamos balancear as críticas para não desanimá-los. Eles ainda estão aprendendo e se desenvolvendo - explico, sorrindo. 

- Entendi. Mas tem algumas análises bem distantes da verdadeira proposta da obra. E críticas sem nenhum embasamento.

- Sim, claro que tem. Mas não posso pontuar tudo assim. O importante é que eles entendam onde erraram e como podem evoluir o senso crítico, a interpretação e fundamentar suas ideias. Se eu entregar algo assim, eles desanimam e se acham incapazes.  Tem ideias que, por mais absurdas que sejam, dizem muito sobre o aluno. Há uma confiança nessa relação, um certo nível de exposição e intimidade. Sei que pode não fazer sentido nessa sua cabeça linda e genial, mas nem todos têm seu superpoder. Ainda mais esses jovens que estão aprendendo a se expressar. São colegiais. 

Spencer acena, compreendendo. Sua expressão me aperta o peito, eu tenho o namorado mais fofo do mundo.

-Entendi. Quer que eu reveja essas? 

Golden LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora