Cap 1

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CAPÍTULO 1
Mamães casamenteiras, podem comemorar: Colin Bridgerton retornou da Grécia! Para os gentis (e ignorantes) leitores recém-chegados à cidade, o Sr. Bridgerton é o terceiro da lendária série de oito irmãos Bridgertons (por isso o nome Colin, que começa com a letra C: ele nasceu depois de Anthony e Benedict e
antes de Daphne, Eloise, Francesca, Gregory e Hyacinth).
Embora o Sr. Bridgerton não possua nenhum título de nobreza, e talvez jamais
venha a possuir (é o sétimo na linha de sucessão do título de visconde de Bridgerton, atrás dos dois filhos do atual visconde, de seu irmão Benedict e dos três filhos dele), é considerado, apesar disso, um dos melhores partidos da temporada devido à sua fortuna, à sua beleza, à sua forma física e, acima de tudo, aos seus encantos. É difícil, no entanto, prever se ele irá sucumbir às bênçãos matrimoniais nesta temporada. Sem dúvida, tem idade para se casar (33 anos), mas jamais demonstrou interesse decisivo por nenhuma dama apropriada e, para complicar ainda mais as coisas, possui a terrível tendência de deixar Londres a qualquer instante em direção a algum destino exótico.
C
– Olhe só para isto! – guinchou Portia Featherington. – Colin Bridgerton está de volta! Penelope ergueu os olhos do bordado. A mãe segurava a última edição do Whistledown da maneira que Penelope talvez segurasse, digamos, uma corda, caso estivesse prestes a
despencar de um penhasco.
– Eu sei – murmurou ela.
Portia franziu a testa. Odiava quando alguém – qualquer um – ficava sabendo de uma fofoca
antes dela.
– Mas como você conseguiu pôr as mãos no Whistledown antes de mim? Eu pedi a Briarly
que o separasse e que não permitisse que ninguém o tocasse...
– Eu não li no Whistledown – interrompeu Penelope antes que a mãe saísse para incomodar
o pobre e já tão requisitado mordomo. – Felicity me contou ontem à tarde. Hyacinth Bridgerton comentou com ela.
– A sua irmã passa muito tempo na casa dos Bridgertons.
– Assim como eu – observou Penelope, perguntando-se aonde aquele comentário iria dar. Portia tamborilava na lateral do queixo, como sempre fazia quando tramava alguma coisa. – Colin Bridgerton está numa idade em que deveria procurar uma esposa.
Penelope conseguiu piscar para evitar que os olhos lhe saltassem das órbitas.
– Ele não vai se casar com Felicity!

Portia deu de ombros levemente.
– Coisas mais estranhas já aconteceram.
– Não que eu tenha visto – murmurou Penelope.
– Anthony se casou com Kate Sheffield, e ela era ainda menos popular do que você.
Aquilo não era exatamente verdade. Penelope achava que as duas tinham ocupado o mesmo
lugar na base da pirâmide social. Mas parecia não adiantar dizer isso à mãe, que estava achando que tinha feito um elogio à filha ao afirmar que ela não fora a menina menos popular da temporada.
Penelope sentiu os lábios ficarem tensos. Os "elogios" da mãe tendiam a ter o efeito de ferrões de vespas sobre ela.
– Não pense que minha intenção é criticá-la – continuou Portia, transformando-se de repente na própria imagem da preocupação. – Na verdade, fico satisfeita com a sua solteirice. Estou só neste mundo, a não ser pelas minhas filhas, e é reconfortante saber que uma de vocês poderá cuidar de mim na velhice.
Penelope teve uma visão do futuro segundo a descrição da mãe e sentiu um súbito desejo de sair correndo e se casar com o limpador de chaminés. Fazia tempo que se resignara à vida de solteirona eterna, embora, de alguma forma, sempre tivesse se imaginado morando na própria casinha com varanda. Ou talvez num confortável chalé à beira-mar.
Mas, nos últimos tempos, Portia vinha pontuando as conversas com a filha com referências à sua velhice e à sorte que tinha pelo fato de que Penelope cuidaria dela. Não importava o fato de que tanto Prudence quanto Philippa haviam se casado com homens ricos e que possuíam dinheiro mais do que suficiente para proporcionar todo o conforto à mãe. Ou que a própria Portia fosse uma mulher de algumas posses: quando a família estabelecera o seu dote, um quarto da quantia fora separado numa conta de uso pessoal dela.
Não, quando Portia falava em ser cuidada na velhice, não se referia a dinheiro. O que ela queria era uma escrava.
Penelope suspirou. Estava sendo muito dura com a mãe, ainda que só em pensamento. Fazia isso com excessiva frequência. Portia a amava. Penelope sabia disso. E ela também a amava.
A questão era que, às vezes, não gostava muito dela.
Esperava que isso não a tornasse uma pessoa ruim. Mas, com efeito, a mãe tinha a capacidade de desafiar a paciência até mesmo da mais afável e meiga das filhas, e Penelope era a primeira a admitir que podia ser um pouco sarcástica em alguns momentos.
– Por que acha que Colin não se casaria com Felicity? – indagou Portia.
Penelope ergueu os olhos, aturdida. Achou que aquele assunto já estivesse encerrado. Deveria ter desconfiado. A mãe era persistente.
– Bem – começou ela, devagar –, para início de conversa, ela é doze anos mais nova do que ele.
– Pfff – fez Portia, descartando o comentário com um aceno de mão. – Isso não tem nenhuma importância, e você sabe disso.
Penelope franziu a testa, então espetou a agulha no dedo sem querer e deu um ganido.
– Além do mais – continuou Portia, alegremente –, ele tem... – olhou outra vez para o Whistledown procurando a idade exata – 33 anos! Como espera que consiga evitar uma

Os segredos de colin brigertonOnde histórias criam vida. Descubra agora