Caleidoscópio

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Lauren Jauregui Point Of View

19 de Março de 2024, JaureguiTech, Miami, EUA.

—...E as cláusulas do contrato foram devidamente revisadas, embora Lena Luthor tenha expressado o desejo de adicionar mais uma. E... Lauren, você está me ouvindo?

Normani, que estava com um documento importante para a empresa nas mãos, passando as folhas enquanto recitava cada detalhe do mesmo, chamou minha atenção ao perceber que eu estava mais preocupada encarando a tela do meu celular para verificar as horas.

— Perdão, Mani. - Balancei a cabeça e gesticulei para que ela continuasse.

Normani é a minha advogada, mas quando ela semicerrou os olhos em minha direção e deixou aquelas folhas de lado, sabia que estava deixando também a sua postura direita para dar lugar a minha melhor amiga. E eu me deixei afundar no sofá em que estávamos.

— Está esperando uma ligação importante? - Questionou curiosa. — Não largou esse celular desde o momento que cheguei.

E eu fiz de novo, toquei na tela do aparelho para ver as horas mais uma vez, torcendo o canto da boca e sentindo uma pontada de chateação ao me dar conta de que restava somente 30min para encerrar o meu intervalo para o almoço. Apesar de ser a presidente, eu gostava de seguir os horários.

— Não é nada. - Falei e fiquei de pé, tentando transparecer indiferença.

— Mentira. - Acusou apontando o dedo em minha direção.

Revirei os olhos e suspirei me rendendo.

— É que... Estou esperando Karla. - Revelei baixo. E desviei o olhar quando Normani fez uma cara bastante conhecida por mim, principalmente quando a minha esposa era o motivo. — Ela me convidou para almoçar e eu aceitei.

— Pensei que não estavam se falando.

— E não estávamos, por isso pedi que ela me levasse no El Cielo. - Falei e pisquei.

— Lauren! - Normani exclamou com diversão. — É claro que ela não vai ligar, é impossível conseguir uma reserva uma horas dessas.

Balancei os ombros e em silêncio peguei o meu celular, fui até a minha mesa e peguei as chaves do meu carro. Desliguei o MacBook, antes deixando um pequeno sorriso escapar com a minha tela de bloqueio do mesmo. Era Karla e eu juntas e abraçadas, a mais velha tinha um braço por cima do meu ombro e beijava minha bochecha com os olhos fechados. E eu lembrava perfeitamente desse momento, e isso fazia o meu coração se aquecer por completo.

— Eu sei que é impossível! Mas ela nem mesmo se deu o trabalho de avisar que não vai me levar para almoçar. - Meio resmunguei e bufei frustrada.

Me senti uma criança emburrada com toda essa situação, mas nesse momento irei validar meus sentimentos. Mesmo sabendo que Karla não iria conseguir a reserva no meu restaurante favorito, uma pontinha de esperança ainda surgia dentro de mim. Mas que foi se esvaindo conforme as horas passavam e ela não dava mais nenhum sinal de vida, nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Nada.

Eu não deveria me surpreender com seu comportamento, não havia nada distinto da sua normalidade. Mas nos últimos dias ela parecia tão prestativa e empenhada em me agradar, e por isso eu me sentia frustrada nesse momento.