- Carol! Que bom te ver aqui! - disse Pedro com entusiasmo e também com certo alívio.
- É, quem é vivo sempre aparece né, boneca - Taís saiu de trás do marido para abraçar a amiga.
- Aí, Taís - Carol tentou soar o mais natural possível enquanto abraçava a amiga - isso é uma coisa que não muda mesmo né? Tô sempre sumida - riu sem jeito.
- É, ou sumida ou com a Natália, né.
A menção ao nome da Cardoso fez com que os olhares se voltassem para ela. Nenhum músculos da mulher se movia, ela estava congelada olhando para o nada, nem mesmo o peito parecia se mexer com sua respirou. Levou alguns segundos até se dar conta que estava sendo observada e, na dúvida sobre que dizer, apenas sorriu timidamente torcendo para ser o suficiente para passar desapercebida.
Pedro caiu feito um pato. Segurava algumas sacolas de compra em uma das mãos.
- Eu preciso guardar essas compras, tem coisa de geladeira aqui. Volto já, Carol, fique a vontade
- Não, na verdade eu... - mas ele já tinha ido e, Taís, já tinha uma pergunta.
- E aí, mulher, como você está? Senta aí, fica a vontade.
- Na, na verdade Taís, eu já tô de saída. Amanhã cedo tenho aula, tô cheia de relatório pra fazer. Passei só pra dar um, um alô em Natália.
- Ah, não. Que coisa, assim vou ficar com ciúmes de vocês, ein.
Nenhuma das duas conseguiu rir do comentário e imediatamente Taís pescou que tinha alguma coisa acontecendo ali. Carol se precipitou para cumprimentá-la antes que ela falasse outra coisa e em seguida, se dirigiu a Natália
-Tchau, Natália. A, a gente se fala tá? Pra ver o negocio do...
- É, sim, sim, tá bom. Você me...
- Be, beij - fez menção a beijar o rosto da Natália e quase como no reflexo de um espelho, a fotógrafa escolheu o mesmo movimento, fazendo com que as duas quase se beijassem mais uma vez. Ajustaram a rota de seus movimento, cumprimentaram-se apressadamente e Carol partiu rumo a porta, deixando as cunhadas as sós.
- O que rolou aqui? - Taís perguntou assim que Carol bateu a porta atrás de si.- Como assim?
- Vocês duas estão esquisitas. Você parece que viu uma aparição.
Natália pensou por um segundo se devia ou não falar para a cunhada o que tinha acabado de fazer. Quando tomou ar para soltar o verbo, Pedro voltou trazendo uma jarra de suco e quatro copos
- Tá quente né, gente, trouxe um... Ué, cada a Carol?
- Ela, ela já foi Pedro, tinha umas coisas pra fazer.
- Você está bem? Parece, triste?
- Não, não, tudo bem. Só um pouco de cansaço, uma melancolia pela ida do Marcos, mas estou bem.
Sentia o peso dos olhares sob seus ombros. Não seria capaz de segurar a mentira por muito tempo.
- Eu vou pro quarto, dar uma deitada. Meu dia foi agitado.
- Tem certeza que não precisa de nada?
- Não, Pedro, estou bem. Licença.
Saiu da sala rumo ao quarto ciente que continua sob a mira do casal. Por alguns instantes teve receio que Taís fosse atrás dela, mas dez minutos se passaram e Natália percebeu que ficaria o resto da noite sozinha. Pelo menos em partes, já que pairava no ar o cheiro do perfume de Carol.
.
Carol esperou o momento que entrou em casa para deixar cair sob si o peso dos acontecimentos daquele início de noite. Ainda conseguia sentir o calor dos lábios de Natália nos seus, aquele cheiro que ela tinha, que não era perfume nem nada, era o cheiro dela mesmo, impregnado em suas narinas como se um frasco aromático tivesse se quebrado no tapete. Deixou a bolsa em cima da mesa, se livrou das roupas e foi direto para o banho, ainda que sua vontade maior fosse de cair na cama daquele jeito mesmo.
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Os outros são os outros
FanfictionDepois de vinte e cinco anos da morte de seu irmão, Natália ainda se sente presa à fatídica noite que encontrou o corpo de Bruno sem vida. Após ficar internada pela segunda vez, uma reunião de boas vindas organizada pelo grupo de amigas da adolescên...