capítulo 22 - sobre truques do desejo

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- Atende, Natália!

- Aí, aí eu não sei... estou nervosa.

- Atende logo, mulher!

A voz dois tons acima do normal. Essa foi a ferramenta de Taís para tirar Natália da inércia e fazer com que ela movesse o dedo para aceitar a chamada.

- A, alô?

- Oi, Natália. Tudo bem?

- Oi, Carol. Tudo, tudo bem sim - Natália não tirava os olhos de Taís.

- Você tá ocupada agora?

- Eu? Ocupada? Não, não estou não - Taís ia incentivando as respostas com gestos afirmativos.

- Você, você pode dar uma passada aqui em casa? Eu queria, conversar com você.

- Passar aí agora?

- É, a hora que quiser.

Natália ficou em silêncio. Taís gesticulava freneticamente para que ela aceitasse a ideia
Seus lábios se moviam formando a frase, vai sim! Vai sim.

- Tudo bem. Meia hora passo aí.

- Tá bom. Tô te esperando. Beijos.

Taís mal esperou que Natália desligasse o telefone.

- Vamos, te levo lá agora.

- Não, não. Vamos pra casa. Vou tomar um litro de camomila antes de pisar naquele apartamento.

Taís achou que era brincadeira, mas chegando em casa, constatou que não. Natália realmente preparou um grande xícara de chá e só saiu de casa após ter acabado com todo o líquido. Pedro, que observava tudo tem entender, chegou a ficar preocupado e quis acompanhar Natália até a casa de Carol. Quem o deteve foi Taís, que a essa altura agia como cúmplice de Natália. Inventou uma desculpa qualquer para forçar o homem a ficar em casa com ela e assim Natália poder seguir sozinha até sei destino.

.

Carol desligou o telefone, deixou o corpo cair no sofá e passou longos segundos encarando o teto antes de falar consigo mesma em voz alta

- O que eu estou fazendo?

Agora, a ligação parecia precipitada. Não tinha certeza sobre o que ia dizer a Natália. Não tinha certeza sobre o que esperar daquele encontro, depois do que tinha acompanhado na sala dos Cardoso alguns dias atrás. Carol estava dividida entre a certeza de que precisava agir e a dúvida sobre o que fazer. O telefone começou a vibrar ao seu lado, o que lhe deu um pingo de esperança e desespero, já que supôs que seria Natália ligando para desmarcar o encontro.

Ligação de Ester

- Alô, mãe?

- Oi, meu amor. Te acordei?

- Não, não. Estou, estou esperando a Natália.

- A Natália!? - dava pra notar a surpresa na voz da mulher - ela está bem?

- Tá. Saiu da clínica já tem uns meses, eu acho. A gente tem, se visto bastante.

- Que bom, minha filha! É bom quando nos reaproximamos de pessoas queridas. E você, como está?

- Estou bem.

- Só isso?

- É, só isso.

- Ana Carolina, posso estar a mil quilômetros de você no momento, mas consigo sentir de longe quando você está mentindo.

Carol suspirou. Não teria como escapar da mãe.

- Se você tivesse... uma situação. Uma situação que te deixa confusa demais a ponto de não saber o que fazer. Mas essa situação envolve outra pessoa, e uma pessoa querida. O que você faria?

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