As duas e dez da manhã Natália acordou sobressaltada. Tinha, mais uma vez, sonhado com Bruno, mas agora a cena ganhava novos personagens. Sérgio, Pedro, Helena Carol, todos de alguma forma envolvidos em algum desentendimento. Helena perseguia Natália e Bruno ria da situação. Carol ora sumia, ora aparecia, mas nunca notava a presença de Natália. De repente, Sérgio e Bruno caiam no tapa, Pedro vinha acudir.
Quando abriu os olhos e constatou que era tudo fruto do seu subconsciente, Natália respirou fundo e achou melhor buscar um copo de água na cozinha. Tudo estava completamente deserto, a casa toda repousava em um sono profundo. Natália ficou alguns minutos vagando pelos cômodos, buscando acalmar seus batimentos e sua respiração. Mas era tudo em vão. Logo, era novamente pega pela angústia deixada por seu sonho e voltava a sentir um medo infundado do que estava por vir.
Depois de hesitar bastante sobre o que fazer, Natália voltou para o quarto e ligou para Carol.
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Ao desligar o celular, Carol teve certeza de que Natália não estava bem, fosse pelo caso do Sérgio, fosse pela Helena, fosse pelo dois. Havia Pedro ainda, sobre quem Natália não quis conversar e isso já era bastante motivo para desconfiança - Natália nunca perdia uma oportunidade de falar do irmão.
No entanto, o cansaço é a leve dor de cabeça que começava a despontar no alto de seus olhos, logo afastaram a mulher de sua sua mente. Tudo que ela precisava era um banho, uma janta e uma boa noite de descanso.
E foi exatamente o que ela fez. No entanto, passado alguns minutos, já tendo escovado os dentes e vestido o pijama, Carol foi surpreendida por algo que, só algumas horas depois ela constatou como uma crise de insônia.Tentou de inúmeras forma pegar no sono, mas seu corpo virava de um lado para o outro na cama, bagunçado todo o lençol. Cansada daquela batalha, isso já por volta da meia noite, Carol decidiu se levantar e ocupar a cabeça até alcançar a exaustão mais uma vez. Leu um artigo, verificou as planilhas, procurou o filme mais chato do catálogo para assistir e ainda assim, nem sinal de sono.
Aquilo era uma novidade a rotina da cientistas. Vez ou outra sentia maior dificuldade para dormir, é verdade, mas nada que tenha durado tanto tempo assim. Foi então que Carol se lembrou de Natália e seu hábito de tomar chás calmantes sempre que ficava muito agitado. Pouco experiente no assunto, Carol estava pronta para solicitar uma busca sobre chás calmantes quando a voz robótica de Eva se pronunciou
Ligação de Natália
Inconscientemente Carol arqueou uma das sobrancelhas e logo em seguida atendeu, sem dar tempo de Natália dizer qualquer coisa
- Oi, tudo bem?
- Tudo. Quer dizer, não, eu... você tá acordada até agora?
- Como você sabe?
- Sua voz, não parece de alguém que estava dormindo
- Acho que estou com insônia, já tentei de tudo e não consigo desligar.
- Tenta um chá de camomila com erva doce, é tiro e queda, na hora mesmo
Carol riu silenciosamente diante do comentário.
- Mas e você? O que aconteceu?
- Eu estava dormindo
- Aí, que inveja...
- Pois é, estava dormindo e sonhei a coisa mais absurda do mundo. Nem me lembro direito o que era, mas sei que Bruno estava lá, e você, e a Helena, acho que o Pedro também, enfim...
- Você tem esses sonhos com frequência, né?
- Mais ou menos.
- Quer que eu va aí ficar com você?
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Os outros são os outros
FanficDepois de vinte e cinco anos da morte de seu irmão, Natália ainda se sente presa à fatídica noite que encontrou o corpo de Bruno sem vida. Após ficar internada pela segunda vez, uma reunião de boas vindas organizada pelo grupo de amigas da adolescên...