O sangue nas minhas veias escorre (e o seu também)

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     -Queria muito te entregar uma coisa, Yunho, só preciso encontrá-la. - Left Eye falou, vasculhando algumas gavetas cheias de papéis. Yunho se escorou em uma mesa naquele quarto e observou a mobília.

      -Quantas coisas interessantes. - Jeong murmurou. -Antigas, são muito legais.

     -Sabe, eu não sou um garoto como você. - Os dois riram. -Gosto de coisas antigas.

     -Posso ver, há vários livros de capa de couro. E esses frascos também..- Jeong tocou alguns vidrinhos que guardavam coisas esquisitas. -Tudo muito bonito.

      Yunho passou os dedos por uma estante com livros e estranhou um dos títulos, ele o puxou de leve, parando quando Left Eye se voltou para ele.

     -Yunho. - O senhor o chamou. Yunho largou o livro e se virou para ele. -Você sabe...você me lembra muito alguém que eu conheci anos atrás, você conhece Jeong Gunho?

      Yunho arregalou os olhos ao ouvir o nome do irmão.

      -Ele...era meu irmão, meu falecido irmão, que eu amei muito...você o conheceu?

     -Conheci. Conheci muito bem...- Left Eye mostrou para Yunho o que segurava nas mãos, seu presente.

     Uma paleta de guitarra azul, suja, com...

      As veias de Yunho aceleraram para segurar seu sangue, que correu com ainda mais força. Seu lado paranormal ativou para aquela substância, como normalmente fazia quando via sangue.

      -Esse é meu presente, filho. Você sabia? Você choramingou tanto sobre eu nunca ter aparecido na sua vida, eu apareci sim. Óbvio, depois de anos morando aqui e construindo minha outra família, eu apareci uma única vez...para buscar seu irmão...

     Yunho arregalou os olhos, ele encarou Left Eye, cheio de dor, tanta, que ele parecia corroído por dentro.

     -...você...você é aquele homem. O homem que destruiu minha vida, Jeong Yumyeong...

     -Sou. E você caiu direitinho. - Yumyeong sorriu. -Não imaginei que você fosse tão burro, talvez crescer sendo criado apenas pela sua mãe tenha deixado sua cabeça fraca.

     -Você...- Yunho estava em choque, parado, com os punhos fechados com força. -Eu não posso acreditar.

     Yunho se virou e pegou o livro que roubou sua curiosidade, lendo o título que ele já tinha lido antes.

     Um grimório, o diário que San encontrou antes que todos se esquecessem dele. Yunho derrubou o diário no chão e encarou Yumyeong novamente.

     -FOI VOCÊ! VOCÊ APAGOU AS MEMÓRIAS SOBRE SAN! VOCÊ NOS FEZ ESQUECER ELE! Que outra atrocidade você fez?! O QUE VOCÊ TEM A VER COM MEU IRMÃO?!

     -Você chama essa perda de memória de atrocidade?- Yumyeong riu. -Yunho, eu matei minha filha, eu matei os amigos do marrentinho francês da sua equipe, matei a irmã daquela sua namorada, ou namorado, eu não me importo, matei o filho daquele velho louco...quem mais? Ah, claro, Gunho...

     As lágrimas correram para os olhos de Yunho, ele caiu de joelhos e Yumyeong riu.

     -Sabe porque eu estou fazendo isso, Yunho? Eu preciso te deixar insano. Quem mais eu poderia levar do seu grupo? Eu preciso de almas puras, é delas que ele se alimenta. Claro, tem a energia potencial do lodo que eu coloquei nas bebidas de todos na vila, também o link que eu fiz os Androides mandarem para as crianças. Sabe, a criatura precisa de muita energia, as almas dessas pessoas marcadas, existidos, energia potencial, um monte de coisa.

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