Capítulo 01.

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Pov: Lalisa Manoban.

21 de dezembro
Portland, Oregon.

—Tem medo de mim — pensou Lalisa.
Maldita seja!
Sete horas antes tinha matado três homens e ferido quatro. A morte e a violência estavam aderidas a ela como um sudário. Sentia ainda a adrenalina da matança e o forte batimento do
sangue nas veias.
E talvez por isso, desde que tinha cruzado a soleira do escritório de Jennie Kim, não podia pensar em outra coisa que em levar à maldita mulher para a cama.

Lalisa Manoban olhou Jennie Kim do outro lado do muito elegante escritório. Inclusive Jennie era elegante: com estilo, impressionante, incrivelmente linda com a pele suave de cor marfim, o cabelo escuro e os olhos cinza como as profundidades de um lago da montanha, que a olhavam com cautela.
—Bem senhora Manoban, em seu email não disse qual a sua profissão.
Pela forma como a olhava, se ela houvesse dito “a caçar ursos e ao canibalismo” teria acreditado.
No mundo dos negócios era uma loba disfarçada de cordeira com roupa de Brioni e Armani.

Isso fazia que um pouco difícil ver a classe de mulher que era, e algumas pessoas a viam muito tarde.
Mas nestes momentos, quando acabava de chegar da Venezuela, parecia a loba que era.
Jaqueta negra de couro, pulôver negro de pescoço alto, calças jeans negras e botas de combate.
Com a adrenalina percorrendo ainda seu corpo, não era alguém a quem a preciosa senhorita Kim quereria ver em seu edifício. Sobretudo porque, segundo os indícios, ela vivia sozinha.

Já se mostrava suspicaz e isso que não sabia nada sobre a Sig-Sauer no coldre do ombro, a faca K-Bar na bainha entre as omoplatas, ou a 22 no coldre do tornozelo. Se soubesse o mais
provável é que a jogasse do edifício.
Olhou-a com a ansiedade refletida nos luminosos olhos.

A alta carga de adrenalina ia diminuindo pouco a pouco. O trabalho de assessoramento aos empresários de azeite da Venezuela sobre como fazer frente a um mundo duro se tornou de
repente muito perigoso. Um pequeno exército de terroristas, o Fronte da Liberdade, tinha descido das colinas e tinha tentado sequestrar toda a junta diretiva da Corporação Ocidental do Azeite na metade de uma festa.

Por sorte ela tinha estado ali vigiando e os tinha derrotado, eliminando três e ferindo quatro. Do resto se ocupou a polícia local. Depois tinha saído do país em um jato particular como
agradecido do diretor geral, com um contrato vitalício para ocupar-se da segurança da Ocidental do Azeite em todo mundo e com um cheque de 300.000 dólares no bolso, bem a tempo para a entrevista com a magnífica senhorita Jennie Kim.

Agora tinha que convencê-la de que ela não era perigosa. Era, mas não para ela.
—Dirijo minha própria empresa, Segurança Internacional Alpha, senhorita Kim. Tenho um escritório no Pioneer Square, mas estou expandindo com rapidez e preciso de locais novos.
Aqui há muito espaço.
Lalisa olhou ao seu redor. Não tinha esperado algo assim. O anúncio do Oregonian só mencionava os metros e a situação no Pearl, uma perigosa parte da cidade que ia se reabilitando pouco a pouco.

Entrar pela porta principal da histórica construção de tijolo tinha sido como entrar em um pedacinho do céu.
E as quatro salas interligadas entre si que tinha mostrado pareciam ter sido feitas para ela.
Os espaços eram grandes, luminosos e altos. Cheirava a madeira nova e tijolo velho, tão completamente diferente da lúgubre e moderna sala que tinha alugado em uma torre de apartamentos nos limites do Pioneer Square.
Dentro, o edifício parecia uma jóia deliciosa com seus acessórios de cobre, o chão de madeira e os móveis de cores suaves. Jennie tinha colocado algumas discretas luzes para ressaltar os
espaços e uns ramos de folha perene que cheiravam a laranjas e canela sobre a lareira.

A suave música de harpa que se ouvia parecia que vinha diretamente do céu e não de alto-falantes camuflados.
Imediatamente pareceu a ela que tinha voltado para o lar, algo estranho em uma mulher que nunca tinha tido um. Seus nervos, ainda exaltados, começaram a acalmar-se. Isto era
exatamente o que estava procurando sem saber o que buscava.
E terei que acrescentar à serena e deliciosa morena que tinha encontrado na porta lhe oferecendo uma mão suave e pequena. O corpo, já preparado pela luta, tinha estado imediatamente preparado para o sexo.

Midnight Girl. Jenlisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora