Capítulo 10.

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Pov: Lalisa Manoban.

Chegou o momento, pensou Lalisa.
Tinha velado o sono de Jennie enquanto ela dormia segurando sua mão.
Para tranquilizá-la, porque a parte animal do humano sabe quando está a salvo e quando não o está. É por isso que os soldados sempre põem guardas de noite, embora não haja um perigo
eminente. Assim os outros soldados podem dormir tranquilos.
Jennie tinha dormido profundamente, inundando-se completamente na inconsciência, porque em algum nível, dentro dela, sabia que Lalisa estava ali para cuidar dela.

Mas também o havia feito por ela, para tranquilizar a ela mesmo. Para saber com absoluta segurança que Jennie estava a salvo. As notícias de Chaeyoung tinham perturbado até a alma. O perigo que a espreitava era real e podia perdê-la quase antes de conhecê-la. Assim que a tinha segura pela
mão, para tranquilizá-la e tranquilizar-se a si mesmo.

Desejava-a mais que nunca.

Agora tinha que ser muito cuidadosa, o desejo estava misturado com o poderoso instinto de fazê-la sua. Não podia deixar que seus sentimentos se transbordassem até chegar à violência.
Vigiar seu sono era tranquilizador, mas não fazia nada para apagar a fome.
Tinha todo o corpo tenso pela luxúria. Estava caminhando sobre uma magra linha tentando manter o controle. Os poderosos sentimentos que lhe percorriam se deslizavam por uma corda frouxa e estavam a ponto de rompê-la. A respiração de Jennie mudou e se remexeu na cama. Lalisa
observava.

Esperando. Desejando.

Jennie passou brandamente do sono profundo a consciência, abrindo devagar os olhos.
Olhou como anoitecia pela janela, e logo virou a cabeça no travesseiro. Quando os olhos de ambas se encontraram, luz contra escuridão, foi como se lhe cravassem uma faca no estômago. Exalou bruscamente, um forte som no silencioso quarto. Era como se fossem os únicos seres humanos sobre o planeta. Sós elas duas, predadora e presa, o laço mais antigo do mundo estava ali. Jennie era dela e estava em sua caverna.

Dela.

Lalisa estendeu a mão livre para delinear sua boca, o contorno, onde a pele passava de rosada a marfim. Jennie não fez nenhum movimento, olhava-a com seus grandes olhos cinza, mas ela sentiu o movimento do ar no dedo quando respirou.
-Não quero machucá-la. - sussurrou ela- Na outra noite fui muito rude. Não quero ser rude.
Os olhos dela procuraram os seus. Não falou. Ela ouviu a respiração de Jennie na quietude do quarto.
-Não será.- sussurrou ela finalmente e o coração começou a pulsar com força.
Tinha chegado o momento.

Também ela sabia. Também ela sentiu que isto era o correto, que era inevitável.
Não deixe que a machuque. Lalisa mandou uma prece silenciosa a quem quer que fosse que cuidava dos militares. Tranquilo. Devagar.
O dedo passou da boca à maçã do rosto, riscando as delicadas linhas, roçando a crosta apenas visível onde uma calota de tijolo tinha arranhado sua bochecha. Por um milagre, a bala bateu contra a parede e não contra ela.

Tão perto, tão malditamente perto.
A pele de sua mão era escura e áspera contrastando com a suave palidez dela. Moveu a mão com cuidado sobre a maçã do rosto, deixando que os dedos vagassem pelo contorno do rosto, um oval de belas proporções, descendo pela delicada mandíbula, voltando outra vez à boca, logo para trás, a suave extensão do pescoço. Logo o dedo ficou no ponto do pulso, sentindo o batimento lento e regular de seu coração e quando elevou os olhos para olhá-la pôde sentir o
momento exato em que acelerou o pulso. Movendo a mão para baixo, o dedo chegou ao decote alto da camisola de flanela e esperou com todos os músculos tensos, com o membro palpitando
de antecipação.

Olharam-se uma a outra; Lalisa totalmente insegura do que deveria... o que poderia fazer a seguir.
Jennie elevou a mão e tocou a sua, afastando-a. Lalisa quis uivar de frustração. Se ela não queria isto, ela... mas não. Não se tratava disto.
Tinha afastado sua mão para desabotoar ela mesma o decote, devagar. Olhou-a, fascinada, quando, um por um, foi passando os pequenos botões rosados e brancos pelas casas, desabotoando todos, detendo-se quando os botões se acabaram, debaixo dos seios. Depois
deixou a mão no estômago, observando-a. Esperando.
Sua reclamação.

Midnight Girl. Jenlisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora