Capítulo 02.

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Pov: Jennie Kim.

Jennie se apoiou na porta e apertou um punho tremente no coração que pulsava a toda velocidade. Parecia que tinha as pernas de cera e estava a ponto de derreter-se e formar um atoleiro no chão.
Lalisa Manoban ... A comandante Lalisa não era como ela tinha esperado.

Seu e-mail tinha sido bastante inocente:

Querida senhora Kim, hoje vi seu anúncio no Oregonian dizendo que aluga um escritório e estou interessada em vê-la. Procuro uma sede para minha empresa. Se for bem, eu gostaria de
marcar um encontro para as dez da manhã de vinte e um de dezembro. Lalisa Manoban, Presidente, ASSIM.

Que bom. ACEO³ , tinha pensado ela quando respondeu o e-mail. Imaginou alguém parecido a alguém com o cabelo grisalho, tentando reabilitar a empresa.
Pearl ia melhorando a um passo vertiginoso, mas ainda era perigoso viver ali. Ter uma mulher de negócios perto faria que se sentisse a salvo.
Mas a mulher que se sentou no escritório não fez que se sentisse a salvo. Assustada, talvez.

Não, não assustada, exatamente, mas sim... o que?

Não tinha o cabelo grisalho, não era do tipo maternal. Não era velha. Nem fazia que se sentisse a salvo. Parecia perigosa. Era isso! Isso era o que fazia que toda ela ficasse em alerta.
Ao princípio Jennie pensou que tinha vindo a mulher equivocada. Não parecia a presidente de uma companhia. A via dura e perigosa. Como uma motorista, não como uma mulher de negócios. Uma mulher grande com uns ombros tão amplos que ocupavam todo o respaldo da poltrona, o cabelo negro alguns fios, nas têmporas, os olhos entre um azul
muito escuro e marrom, impossível de adivinhar com a luz de um dia nublado.
Mas fosse qual fosse a cor, parecia que a olhava como se fosse comê-la inteira.

Nunca tinha visto uma mulher tão manifestamente... feminina. Embora claro, pensou com um sorriso sardônico, os pessoas que conhecia como decoradora eram muito diferentes dos
Oficiais da marinha. De todos os modos o poder bruto e forte que exsudava aquela mulher tinha sido esmagante.
Ela não havia feito nada, apenas tinha se movido na cadeira e nunca nervosamente ou com brutalidade, não havia dito ou feito nada hostil, mas ela tinha sentido estremecimentos por todo o corpo. Tinha obtido que as mãos deixassem de tremer por pura força de vontade.

Tudo isto era uma loucura e devia parar já. Lalisa Manoban pagava muito dinheiro pelo aluguel, mais do que valia considerando a localização. Não podia permitir ter que apoiar-se na
porta e esperar até que seu ritmo cardíaco se tranquilizasse cada vez que a via.
Talvez devesse sair mais frequentemente, pensou. Deixar de trabalhar tão duro. Começar a
flertar. Ter uma vida.
Talvez a próxima vez que o gerente de seu banco pedisse um encontro, deveria aceitar em lugar de dar uma desculpa. Tinham saído em algumas ocasiões. Mas é que Marcus Freeman era tão pálido, inclusive para os padrões que havia em Portland, e tão aborrecido. Tinha as mãos suaves e brancas. Não grandes, escuras e duras como as mãos de Lalisa Manoban...

Pare já!

Por Deus, o que acontecia com ela?
Como já voltava a sentir as pernas estáveis e capazes de suportar seu peso, atravessou o vestíbulo e se dirigiu ao escritório. Ver os objetos familiares, cada um deles selecionados pessoalmente, cada um com uma história, acalmou-a. Tinha gostado tanto de desenhar este lugar, com os chãos de madeira, as vidraças coloridas e os abajures de parede de terracota. A cor e as
formas levantaram seu ânimo, melhorando o dia.

O problema agora era desenhar o escritório que alugara, tão diferente ao seu próprio.
Era uma tarde chuvosa e não tinha nada melhor para fazer, assim atravessou o vestíbulo e se dirigiu à parte do edifício que ia alugar. Quatro acomodações, uma atrás da outra. Os espaços eram grandes e estavam vazios. Um tecido em branco.
Desenhar sempre a excitava e normalmente as idéias chegavam com rapidez, mas esse dia, quando se sentou no enorme e vazio chão de madeira, apoiando-se na parede, o desenho foi
fluindo firmemente, mas com lentidão, como se estivesse esboçando uma visão já formada. Como se soubesse que algo misterioso e poderoso estava chegando.

Midnight Girl. Jenlisa G!POnde histórias criam vida. Descubra agora