Em meio as ideias e risadas com o desenvolver da história, nem notamos o dia passar. As pizzas frias sobre a mesa, foi o que restou de vestígios do dia. Por fim Robson foi embora antes de encerrar a primeira parte da história. Assim que terminei de digitar a última palavra daquele capítulo Emma se ofereceu para me levar até na casa de Lilith onde passaria a noite. Não quis passar com Quezia porque ela tinha planos... não me disse muito. Não sendo um daqueles namoro de internet.
— Hoje foi um dia bom. — Emma comenta prestando atenção na rua pouco movimentada.
— É foi bem produtivo.
Ela parece hesitar no banco ao lado. Muda a música no rádio. Abre a boca três vezes, mas não diz nada. Falta palavras...
— Foi um dia bom, Karina... — Ela repete. — Como nos velhos tempos. Eu, você e Quezia trabalhando nos livros.
— Foi produtivo. — Repito assim como ela.
O silêncio toma o carro, exceto pela música no rádio. Observo as árvores e as casas passarem rápido pela janela do carro...
— Eu sinto sua falta. — ela diz por fim. Como quem tira um peso de seus braços, nesse caso de sua boca.
— Você não pode fazer isso Emma. Você é casada e eu já não sinto o mesmo por você. — digo sem olhar em seu rosto. Finjo que a paisagem de fora ganhou minha atenção.
Eu só não quero olhar nos olhos de piedade dela. Não vou me submeter a isso de novo. Eu a amei e ela quebrou minha confiança. Quebrou nossa promessa... Não existe essa de segunda chance. Não se concerta um vaso quebrado, não se recupera uma confiança perdida. O amor só dura enquanto se tem promessas mantidas.
— Eu precisei me casar com ele. Você sabe, Karina. Você que me ensinou a correr atrás dos meus sonhos custe o que custar.
— Custe o que custar, desde de que não custe a lealdade de uma amizade ou de um amor! — digo rude. Nota ela se encolher no banco do carro. — O que você queria exatamente? — questiono ao me dar conta de que nunca entendi o porquê de tudo isso.
— Estabilidade na fama. Você nunca poderia me dar isso. Se tivéssemos assumido nosso namoro a dois anos atrás, tudo que teríamos conseguidos até hoje seria um fã-clube. Contratos, dinheiro e fama, estaria longe de nosso alcance e esse seria o resquício do fim.
Sorrio pelo jeito convencido dela dizer que a nossa sexualidade estragaria nossa carreira. Que o nosso amor não seria suficiente para uma fama.
— Essa vida é um jogo de xadrez, e você antecipou o xeque, Emma.
— Será mesmo? — ela questiona parando o carro na porta da casa da minha advogada. Então ela olha com seus olhos verde gelo para mim. — Sua fama está a um fio de acabar, e eu sou conhecida mundialmente. Quem deu xeque mate?
Às vezes esqueço que ela sabe mesmo jogar xadrez.
— É melhor eu entrar. — digo e saio do carro.
Antes que eu possa sair a porta do lado do motorista bate e Emma vem até mim. Me parando ao me segurar pelo braço. Olho para ela sentindo seu corpo próximo demais do meu. Seus dedos caçam um local para pousar, mas desistem.
— Ainda podemos ficar juntas, ainda há amor. — ela sussurra próximo ao meu rosto.
Não posso negar que sua voz ainda me arrepia, e que seu corpo tão próximo ao meu faz as memorias mais profundos renascerem em minha mente...

VOCÊ ESTÁ LENDO
Desejo Obscuro
ФанфікиUma escritora se encontra em ruínas após um vazamento de um livro proibido, que supostamente seria seu diário relatando suas experiências sexuais. Ao contratar a melhor advogada da cidade, vulgo advogada do Diabo, sua vida se torna mais caótica. Ent...