Exclusividade

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Desligo a torneira do banheiro assim que termino de escovar os dentes. O gosto de hortelã na boca me faz sentir limpa, caminho até a mala que por sinal eu ainda não desfiz e visto uma blusa larga e uma bermuda de pano fino. Termino de me arrumar e desço para a sala. Lilith não chegou ainda, já passa das nove. Solange preparou a janta e como estava com fome preferi não esperar a advogada ocupada. Me sento no sofá e ligo a tv. Rodar o catalogo da Netflix e não escolher nada é uma terapia então assim faço, para prestar atenção nos trailer e ler a sinopse, mas nada escolho. A porta da sala se abre e uma risada invade o cômodo.

Olho para Dante que ainda se encontra com a mesma roupa de hoje mais cedo, mas isso não faz o parecer menos limpo, pelo contrário seu cabelo ainda está reluzindo o gel passado mais cedo. Os olhos de Lilith caem sobre mim.

— Em ponto. — digo com um sorriso no rosto. Engolindo a raiva desnecessária do homem à minha frente.

— Tive um imprevisto. Um cliente...

— Eu estou brincando. — menciono sorrindo. Acho graça em ela tentar se justificar para mim, então completo... — Vou deixar o casal a sós. — digo me levantando do sofá.

— Você pode jantar com nós. — Dante oferece por educação, mas seus olhos são de indiferença.

— Não, Obrigada! Eu curto exclusividade! — respondo, a última parte fazendo questão de olhar para a advogada.

Por sua vez ela não expressa nenhuma reação, mas seus olhos vidrados em mim como um ima responde muita coisa. Dante revira os olhos e caminha em passos fundo e rápidos para cozinha. Deixando Lilith para trás. A advogada fita meus olhos por mais alguns segundos em silêncio e então se retira. Ela gosta de jogar, e eu amo um jogo.

A noite se resumiu em risadas e falas altas. Dante contava animadamente sua experiência no exército. Não imaginei que ele fosse um soldado, já que não aparenta ter exercido tal função. Lilith fala de seu dia vagamente, evitando falar de seus cliente e dos casos. Depois de horas arrastadas, escuto eles se despedirem. Até a porta se fechar um silêncio se prolonga pela casa, meu corpo então gela sobre a cama em pensar que ela esteja lhe concedendo um beijo de despedida... Volto minha atenção para o livro sobre minhas mãos... o tempo passa rápido e quando olho para a tela do celular já passa das onze. Guardo o livro e quando estou prestes a desligar o abajur duas batidas na porta ganha minha atenção.

Abro a porta e Lilith está parada em pé. Meus olhos percorrem seu corpo sem minha permissão. Ela veste uma camisola preta de renda, com um decote que serviria muito bem em um vestido. O tecido preto é fino revelando nitidamente sua calcinha preta a fio. Seguro o ar em meu peito para não parecer tão desesperada.

— Vai desfilar? — questiono forçando um sorriso arrogante. Mas como ser arrogante como uma mulher dessa na minha frente?

— Então você gosta de exclusividade. — ela insinua ignorando minha pergunta.

Engulo em seco. Ela é praticamente comprometida e agora vem no meu quarto assim, o que ela quer de mim? O mesmo que eu quero dela... é errado, mas... ela quer se divertir e eu amo uma diversão. Dante não merece essa mulher...

— E você de jogar. — retruco mantendo a minha cabeça erguida, evitando a todo custo olhar o decote em seu seio...

— Realmente. — ela concorda dando de ombros. — Vamos jogar? — os lábios dela pergunta lentamente. Seus olhos me fitam como se casassem meu ponto fraco.

— Vai dormir. — falo me virando ao empurrar a porta, mas ela é mais rápida, já que não escutei a porta bater atrás de mim.

Me sento na cama já não tendo coragem de ficar em pé, se minhas pernas falhar será algo obvio.

Desejo ObscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora