Capítulo 7 - Angel Castellani
Acordei com a cabeça mais leve e antes do relógio despertar, consegui dormir bem à noite depois de passar horas conversando com as meninas. É como se todos os segredos e mentiras desaparecessem por um tempo.
Finalmente consigo dar uma olhada no meu quarto e notar como construí um ambiente aconchegante, com tantas coisas sobre balé, moda e livros.
Mas logo eu saí dos meus pensamentos e vou direto para cozinha.
— Bom dia Mari. Você pode fazer um café por favor?
Maria acaba se assustando por não esperar me encontrar tão cedo ali, e nitidamente também estava bastante distraída.
— Bom dia meu bem, posso sim, na verdade está quase pronto — ela deu um meio sorriso e continuou o que estava fazendo — O que aconteceu que acordou tão cedo ?
— Na verdade não aconteceu nada, eu dormi melhor na noite passada e acabei acordando mais cedo, então resolvi tomar um café e sair para correr — expliquei enquanto me sentava para esperar ela me entregar.
Maria apenas assentiu com a cabeça, me entregou o café e seguiu para seus serviços matinais. Terminei e caminhei direto para porta da rua, pois já estava pronta para correr.
— Tenha atenção Angel — antes de sair escuto Mari gritar da cozinha. — Apenas assenti e corri rua á fora.
Corri como se não houvesse amanhã, coloquei o fone de ouvido com a música bem alta para tentar abafar todos os pensamentos que surgiam na minha cabeça, a conversa da noite passada já não mascarava mais a mentira que minha vida era.
Tudo que eu via era o meu acidente de carro, a morte da minha mãe, todas as mentiras que meu pai me contou todo esse tempo e a cena que Maria me relatou na noite passada, tudo vinha como um flash e cenas misturadas.
Quando eu vi estava chovendo muito e isso só me fez voltar ainda mais para a cena do meu acidente, finalmente eu parei para tentar identificar onde eu estava, já que corri sem rumo todo esse tempo. Entrei em desespero e apenas me abaixei com a cabeça entre as pernas e chorei sem parar.
Não sei quanto tempo se passou mas senti mãos fortes me segurando e puxando para cima, não tinha forças para lutar contra ninguém e apenas me deixei ser puxada. Quando olhei para cima encontrei com Grey, todo molhado de chuva, vestindo roupas de corrida e os olhos bem abertos assustados.
— Venha aqui — foi tudo que ele me disse ante de me puxar para ele e me aconchegar no seu abraço.
Eu não consegui dizer nada, mas de alguma forma consegui regular minha respiração, e é como se nesse lugar, nada pudesse me acontecer.
Depois de um longo tempo no seu abraço ele me guiou até o carro que eu conhecia bem, e já tinha visto diversas vezes na frente da minha casa.
Não questionei, apenas entrei e me acomodei no banco ao seu lado. Eu tremia de frio, mas resolvi não dizer nada, nem perguntar para onde ele estava me levando.
Ele se virou enquanto dirigia e pegou o moletom que estava no carro e jogou para mim, apenas vesti, a última coisa que eu faria nesse momento é questionar algo, eu só queria sumir.
Alguns minutos se passaram e paramos na frente do meu apartamento, que eu não sei como ele sabia o endereço, alguns minutos de silêncio se passaram até eu tomar coragem de perguntar.
— Como você me encontrou Grey ? — falei me encolhendo de frio.
— Eu estava correndo quando vi você encolhida no chão, enquanto chorava. E acredite Angel, seu choro é difícil de ignorar, mesmo que eu queira muito — Grey respondeu sem me olhar.
— O que você está fazendo por aqui ? — perguntei confusa.
— Apesar de não ser da sua conta, eu faço faculdade de medicina na mesma universidade que você e costumo correr por aqui — ele fala com a voz rouca, mas difícil de desvendar como sempre.
— Obrigada — agradeci enquanto descia do seu carro.
— Fica longe de mim Angel, eu vou quebrar seu coração, não vou avisar de novo — ele falou me encarando, mais sério do que nunca.
— Eu não estou atrás de você Grey — falei brava batendo a porta do carro, muita audácia da parte dele acreditar que tudo gira em sua volta.
— Você sempre está me procurando Angel, por mais que não saiba, então pare enquanto é tempo — ele fala como um rosnado e arrasta o carro com muita força.
Só agora percebi que ainda tremia, resolvi entrar para tirar essas roupas molhadas e não me atrasar para aula.
Fui direto para o quarto antes que Maria me enchesse de perguntas e eu acabasse deixando ela preocupada. E só quando estava procurando roupas bem quentes para usar depois do banho, notei que acabei ficando com o casaco do Grey, tentei ignorar e segui para o banho.
Me arrumei e fui direto para universidade, enquanto pegava os livros no armário me encontrei com Clarissa.
— Oi amiga, tudo certo para calourada hoje ? — ela disse enquanto agarrava meu braço super empolgada.
— Unn, não sei se ainda vou — quando conclui a frase ela nos parou com um solavanco e me encarou indignada.
— Como assim Angel? Não acertamos tudo ontem ? — questionou enquanto me encarava — E sua cara não está nada boa. Eu estava tão empolgada que não notei antes.
— Exatamente como disse, não estou muito bem e não teria como você saber, até porque só nós conhecemos a dois dias — falei dando um meio sorriso
— Mas vai ser bom para você ir distrair a mente, hoje não vai ter nenhuma graça sem você. E sobre te conhecer, parece que já conheço a anos — ela falou e me deu um abraço forte repentino.
Só percebi o quanto precisava desse abraço quando estava entrelaçada no pescoço da minha nova amiga, eu quase chorei, mas me controlei para não fazer isso no meio da aula, então soltei Clarissa lentamente enquanto me controlava e lhe entreguei um meio sorriso para ela relaxar.
— Tudo bem, talvez você esteja certa, ir vai ser bom para distrair a minha mente — sorri e voltei a enlaçar o meu braço no dela que não se aguentava de felicidade.
Fomos para aula e a manhã passou voando, hoje não combinei de encontrar com Ana no refeitório, provavelmente ela está corrida e por isso não mandou mensagem.
— Amiga vamos no refeitório, quero pegar um suco, não comi praticamente nada hoje — chamei Clarissa enquanto arrumava minha bolsa.
— Claro — ela me respondeu e fomos andando.
Ao chegar no refeitório percebi que estava mais cheio do que o normal e tinha muita gente que eu ainda não tinha visto por aqui, Valentin que eu não tinha notícias a dias, que logo eu notei que estava conversando com Karen, que eu nem sabia que estudava aqui, e mais um monte de gente. Procurei por toda parte mas não vi Ana.
— Que expressão foi essa que eu nunca te vi fazer ? — Clarissa me pergunta enquanto andamos até a fila.
— Antes de vim para universidade eu fiquei algumas vezes com uma pessoa, que na verdade era meu amigo, mas já tem uns dias que a gente não se fala — falei fingindo naturalidade.
— Vocês terminaram ?
— Nem começamos para terminar. Mas o ponto não é esse. Ele está com uma garota que eu não me dou nada bem, e já é a segunda vez que vejo eles juntos — quando se tratava de Karen era difícil disfarçar a chateação.
— Entendo, e deve ser sério pela sua expressão — Clarissa disse enquanto dava leves olhadas na direção deles.
— É sério pois ela sempre fez questão de me humilhar e tirar toda a minha paz, e a verdade é que eu não tenho nenhum motivo específico para isso, nunca tivemos um motivo direto — falei em um suspiro — mas agora eu tenho um problema por tudo que ela me fez.
Peguei o suco e fui voltando em direção a sala, já agradecendo por Valentin e Karen não terem me visto, minha situação com Valen me magoa pois tinha algo que mexia comigo. Resolvi jogar esses pensamentos para o fundo da mente quando encontro com Grey no meio do corredor. Outra pessoa que eu nunca tinha visto aqui
— Ei você esqueceu seu casaco comigo — falei séria já que com ele tudo é uma incógnita muito grande e ele é de lua.
— Na verdade, você não me devolveu para ter uma desculpa para me ver — ele respondeu e cruzou os braços com uma expressão convencida
— Tá de brincadeira comigo né ? Pois bem, ele vai para o lixo para que eu não precise te ver — falei com raiva apertando os olhos para ele
— Pode jogar. Mas nós sabemos que você não precisa dele para vir até mim — ele falou dando um passo na minha direção
Esbarrei no ombro dele com tudo para sair, mas não deixaria a última palavras ser dele.
— Nem se você fosse a última pessoa do mundo — disse e fiz questão de bater meu ombro no dele.
— Você imploraria em qualquer circunstância Anjo — ele gritou por cima do ombro.
Assim que meu cérebro processou suas palavras e a altura que elas foram ditas acelerei meus passos e saí puxando Clarissa para o estacionamento.
Só consegui respirar quando cheguei no meu carro e encostei nele.
— Quem é aquele Deus Grego e porque ele te chamou de Anjo ? — ela disse com os olhos arregalados, mas um grande sorriso no rosto
— O apelido é só uma forma provocativa dele me irritar, já que é o significado literário do meu nome. Ele só quer ser um irritante provocador, dono do mundo — falei irritada, meu rosto ainda queimava.
— Estou assustada é com a reação que ele causou em você — ela falou gargalhando
— Entra no meu carro, não quero que ninguém escute você falando essas bobagens. Ele só me irritou, essa foi minha reação. Com quem eu realmente tenho alguma coisa é Valentin — falei às pressas, e já conversávamos dentro do carro nesse momento
— Se você quer se enganar, tudo bem — Clarissa disse com um risinho
— Ele já me mandou ficar longe, e eu nunca fui de ir atrás de ninguém — falei e comecei a dirigir até a minha casa
— E o casaco dele ? — ela questionou em um tom suave
— Longa história, mas acontece que a vida nos coloca nos mesmos lugares e ele faz questão de dizer que eu vou atrás dele — esse pensamento me faz relembrar dessa manhã e do nosso abraço na chuva e bato com força no volante
— Tá bom! Vamos esquecer o Deus grego por enquanto, e vamos focar na festa de hoje — Clarissa diz assim que estaciono o carro na garagem do apartamento.
Clarissa vai se arrumar aqui em casa para irmos todas juntas. Então eu decidi focar apenas nessa festa que as minhas amigas insistiram muito para eu ir e esquecer todo o resto.
Fomos direto para o meu quarto tomar um banho, e assim que estávamos no banheiro Ana chega para nos acompanhar.
— Prontas para hoje ? — ela já estava tomada banho e com os lindos cachos feito, só faltava colocar a roupa
— Mais do que pronta — Clarrisa respondeu animada
— Estou precisando dessa vibe de vocês — respondi dando uma gargalhada e todas riram.
Fizemos uma maquiagem, eu e Clarissa arrumamos os cabelos, e colocamos nossa roupa. Ana foi para o quarto dela e já voltou arrumada para irmos juntas.
Depois de algumas horas ficamos prontas, resolvemos ir todas no meu carro para facilitar e pegamos o caminho para a calourada que era um pouco distante.———————————————————————————-
O que será que vai acontecer nessa festa ? 😳😂❤️ Me conta nos comentários o que vocês estão achando, amo acompanhar a opinião de vocês 💥
💥 Será que eu já solto a arte oficial do casal ou ainda está cedo ?ME DIGAM 🙊👀❤️
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FAITH - Reivindicando seu Anjo
Fantasy" Ainda que eu falasse a língua dos homens, e falasse a língua dos anjos, sem amor, eu nada seria" Em um mundo onde ela acreditava só existir humanos, ela descobre o grande segredo do seu pai ( traição dói, imagine vindo da última pessoa que lhe re...