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S T A S S I E

— Sabe o porque?- Neguei, desesperada. — Por sua culpa!

— Minha culpa?- Tive vontade de rir por um misero segundo. — Eu não tenho culpa se Samuel é doente, mas não sei o porque esta falando dele, como se não fosse capaz de fazer o mesmo!

Ele soltou uma gargalhada alta, como se fosse um vilão de filme em seu momento de triunfo.

— Você é tão ingênua, Anastasia!- Ele fingiu limpar limpar algumas lagrimas.— Acha que sabe de alguma coisa, quando não passa de uma coitada.

— Não entendo o porque me odeia tanto.- Deixei minha guarda baixar.— Eu sou sua filha!

— Eu sempre quis um filho, Anastasia!- Ele bateu a mão na mesa. — Você nasceu e estragou tudo, não enxerga isso? O meu filho seria o futuro dos Karanilolaous.- ele disse, sua voz carregada de ressentimento. — Assumiria os negócios e prosperaria.

Senti meu corpo se encolher, como se cada célula do meu ser estivesse se retraindo sob o peso das suas palavras. Ele me via apenas como um obstáculo, um erro que atrapalhou seus sonhos grandiosos.

— Mas você nasceu, uma mulher. - ele continuou, sua voz cada vez mais fria.—  Estragou todos os meus planos. E depois de você...- Ele disse, sua voz quase um sussurro. — Sua mãe nunca mais conseguiu engravidar novamente.

As palavras me atingiram como um soco no estômago. A culpa me consumia, me afogava em um mar de tristeza e desespero. Será que tudo isso era minha culpa? Será que eu era a responsável pela infelicidade da minha mãe? Neguei desviando meu olhar do dele, não aguentava sentir que meu próprio pai me odiava. Cada palavra era como uma punhalada em meu coração. Ele me culpava por tudo, pelo fracasso dos seus planos, pela infertilidade da minha mãe, pela morte dela.

—Você destruiu minha vida, tirou tudo o que eu tinha e agora vai pagar por isso!- Ele proferiu apontando em minha direção.— Meu rosto vai ser a ultima coisa que vera antes de eu te matar!

— Por favor...- implorei, a voz quase inaudível. Eu precisava fazê-lo parar e encontrar uma maneira de me defender.

Mas ele não me ouviu. Com um movimento rápido, ele se aproximou de mim, seus olhos cheios de maldade. Eu sabia que precisava agir rápido, ou seria tarde demais.

Fechando os olhos, agarrei o enfeite de vidro com força e, com um movimento brusco, o joguei em direção ao rosto de Marc. O vidro se espatifou em mil pedaços, cortando seu rosto e fazendo-o gritar de dor. Aproveitando a distração, corri em direção à porta, abrindo-a com força e saindo correndo pelo corredor. Meus pés batiam no chão com pressa, enquanto eu escutava os gritos de Marc atrás de mim.

Com o coração batendo descompassado, virei no corredor e corri o mais rápido que pude em direção à última porta, o quarto de Samuel. Entrei no quarto e tranquei a porta atrás de mim, encostando-me na madeira e puxando o ar com dificuldade. A adrenalina ainda corria pelas minhas veias, e a sensação de desespero me consumia. Como a minha vida havia se transformado em um pesadelo em tão pouco tempo?

Com as mãos ainda tremendo, olhei ao redor do quarto em busca de algo que pudesse me defender ou me ajudar a entrar em contato com o mundo exterior. Meus olhos se fixaram no computador na cabeceira da cama, mas logo a frustração tomou conta de mim. Demoraria muito para ligá-lo, e quem sabe qual senha ele teria.

De repente, meus olhos pousaram em uma parede adornada com quadros. Mas não eram quadros comuns: dentro deles, havia tacos de beisebol. Uma ideia surgiu em minha mente.

Peguei um dos tacos com cuidado, sentindo o peso e a textura da madeira em minhas mãos. Era uma arma improvisada, mas era melhor do que nada. Eu precisava me defender, precisava encontrar uma maneira de sair daquele lugar.

𝐨𝐫𝐠𝐚𝐬𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora