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K Y L I E

Lembro como se fosse ontem. Estávamos sozinhas, e eu sentia a ansiedade correr por minhas veias. De repente, nossos olhares se cruzaram e algo explodiu dentro de mim. Foi como um choque elétrico, percorrendo meu corpo e me deixando sem ar. Naquele momento, eu sabia que não podia mais negar o que sentia.

Com o coração na boca, tomei coragem e confessei meu amor por Anastasia. As palavras saíram aos tropeços, mas eram verdadeiras. E para minha surpresa, você não me rejeitou. Na verdade, Stassie sorriu e disse que também me amava. Foi o momento mais feliz da minha vida. Senti como se um peso enorme tivesse sido tirado dos meus ombros. Finalmente, eu podia ser eu mesma, sem medo de ser julgada ou rejeitada.

Agora com a mulher que eu amo em meus braços, entre a vida e a morte, um filme de tudo o que vivemos se passa diante de meus olhos. Como nos beijamos pela primeira vez ou quando me dei conta que estava apaixonada por ela. Percebi que seria capaz de tudo por ela, atravessaria mares e montanhas apenas para ver que minha menina estava bem.

— Meu bem.- Sussurrei com a testa colada na dela.

Anastasia estava em meus braços, finalmente, depois de tanto tempo ansiando por esse momento. Senti uma onda de emoções me invadir, uma mistura de ansiedade, medo e alívio. Tê-la tão perto, sentindo o calor do seu corpo contra o meu, me fazia sentir que estava em um sonho.

Stassie, outrora a mulher radiante e cheia de vida que eu tanto amava, agora era uma sombra de si mesma. Seu corpo magro e pálido era um lembrete cruel da dor que ela vinha suportando. As maças do rosto, antes tão rosadas e saudáveis, agora se destacavam em meio à palidez extrema, ostentando marcas arroxeadas que se espalhavam por outras áreas de seu rosto delicado. Cortes profundos e recentes marcavam sua pele, deixando rastro de sangue que escorria pelo seu cabelo louro, agora tingido de um vermelho macabro pela mistura com o sangue. Seus lábios, antes tão convidativos e vermelhos, agora estavam pálidos e roxos, como se tivessem perdido toda a cor e vitalidade.

Enquanto a observava, meu coração se apertava em uma dor lancinante. Queria poder tirar toda essa dor dela, apagar as marcas físicas e emocionais que a torturavam. Mas tudo o que eu podia fazer era abraçá-la com força, tentando transmitir a ela o quanto a amava e o quanto estava disposta a lutar por ela. Lágrimas brotaram em meus olhos enquanto eu acariciava seu rosto com delicadeza, traçando o contorno de seus ferimentos com a ponta dos dedos. Cada toque era uma promessa silenciosa de que eu estaria ao seu lado, que a protegeria e passaríamos por isso juntas.

— Kylie, temos que leva-la para o hospital.- Ouvi a voz de Rio atras do meu corpo.

Suspirei, limpando as lágrimas que teimavam em rolar pelo meu rosto. Minha mente era um turbilhão de pensamentos, incapaz de se concentrar em nada além da imagem de Anastasia em meus braços, quase sem vida.

— Ela precisa de um cobertor. — Minha voz saiu fraca e rouca, um mero sussurro em meio ao silêncio sufocante do ambiente. O frio emanando do corpo de Anastasia era como um sopro gelado contra minha pele.

— Kylie... — Minha irmã se agachou ao meu lado, seus olhos marejados de preocupação espelhando os meus.

Ergui o olhar para ela, sentindo meus lábios tremerem incontrolavelmente. Uma onda de tristeza me invadiu, tão profunda que ameaçava me afogar. Anastasia se assemelhava a uma flor delicada murchando sob o peso da dor.

— Ela está com medo. — Sussurrei, meu coração se despedaçando.

— Eu sei, Kylie. — Khloe me abraçou, e eu pude sentir o calor de seus braços me confortando um pouco. — Mas vamos levá-la para o hospital e tudo vai ficar bem.

𝐨𝐫𝐠𝐚𝐬𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora