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5: Deus e Conde Drácula

Continuei rolando o dedo pela tela do celular enquanto ouvia Hongjoong consolar Seonghwa, a nossa mais recém-chegada moradora. Na verdade, Seonghwa morava aqui muito antes de eu surgir, diga-se dessa forma. Quando ela conheceu Minho, seu namorado, eles decidiram se mudar para algum país da América Latina cujo eu nunca questionei o nome, por causa do pai do Minho. Aparentemente eles são ricos e têm negócios por lá; Seonghwa era apaixonada por Minho, ele por ela, então fizeram essa loucura de largar tudo na Coreia do Sul para ir pra outro lugar do mundo.

Em alguns momentos, quando eu me distraia do celular e encarava o teto e ouvia a voz de Seonghwa na sala, explicando e chorando o porquê de ter voltado, eu a ouvia justificar que tudo começou quando Minho e ela não paravam de discutir. Então em um lapso de raiva ela voltou pra cá e ficará em sua antiga casa por tempo indeterminado, pois é claro que o intruso sou eu. Quatro pessoas em um apartamento feito para três... Isso tem tudo para dar certo. Óbvio que eu ofereci o meu quarto — e uma tigela de jjangmyeon de boas-vindas — por educação, mas Seonghwa negou alegando que seria melhor que ficasse na sala ou no corredor, num colchão. Eu decidi não insistir por medo que ela mudasse de ideia.

Gostaria de ser mais útil para ela, consolá-la ou saber quais palavras certas usar em um momento tão difícil, mas eu literalmente não tenho experiência nenhuma com coração partido. Hongjoong já foi até traído, ele sabe bem o que dizer. Agora eu? Nem ao menos cheguei a me apaixonar por uma das garotas que cheguei a namorar, e houveram muitas delas. Todo mês eu estava com uma garota nova... o meu último término foi, de fato, mais irritante para ela do que para mim.

A garota queria transar. Eu não queria transar com ela. Automaticamente a minha falta de interesse por seu corpo foi associada à minha falta de sentimentos por ela — o que não é verdade! — e ela terminou comigo na frente da escola inteira, na hora do lanche. Desde aquele dia, eu resolvi que deixaria de namorar até encontrar uma menina a qual eu me apaixonasse de verdade, finalmente sentisse as tão famosas borboletas no estômago. Yeosang me parece ser a pessoa certa. Arrisco dizer até mesmo que devo gostar dela.

Quando viro o meu corpo para a outra parede, já deitado na cama e com a luz apagada, não consigo deixar de pensar no que teria acontecido caso Seonghwa não tivesse chegado bem naquela hora. Wooyoung estava tão perto de mim... eu podia jurar que nós iríamos nos beijar, mas é tão estranho pensar que eu beijaria ele, ou ele me beijaria. Quer dizer, nós somos homens! Eu sou heterossexual, jamais ia querer que isso acontecesse. Por outro lado, talvez Wooyoung não seja tão heterossexual assim e Rei esteja sendo enganada. A propósito eu não gosto e nem vou falar sobre ela. Uma garota tão bonita merece o mínimo de respeito. Não que eu a veja com os outros olhos porque, aliás, ela namora Jung Wooyoung.

E Jung Wooyoung não estava nem um pouco afim de cobrir meus lábios com os seus.

É... uma ideia que não faz o menor sentido.

Logo posso chegar à conclusão de que nada aconteceria Seonghwa deixando a mala dela cair no chão naquele momento ou em qualquer outro. Quem sabe, no máximo, ele estivesse na verdade tentando tirar um cisco do meu olho? Um cílio da minha bochecha... qualquer coisa? Evidentemente eu não me senti atraído por ele.

Não me vi querendo beijá-lo, eu só estive um pouco curioso. Foi com esses monólogos pessoais perturbadores que fui para o colégio no outro dia. Nada me tirava da cabeça que todos que me olhavam sabiam que eu estava pensando muito em Jung Wooyoung que era para ser apenas o meu amigo com tendências russas, quando na verdade ele odeia a Bielorrússia por lá ser muito frio e ter feito o teste do "pau congelando no frio das ruas de Minsk". Não entendo sua obsessão absurda por pênis. Ele é um maluco, mesmo parecendo tão normal na maior parte do tempo.

AQUELA GALÁXIA | WOOSAN 🪐Onde histórias criam vida. Descubra agora