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2: Droga

Terminar a minha noite encarando uma mensagem da lunática da minha mãe não era bem um plano muito, quem dirá mais ou menos, entusiasmante para encorajar com que eu continue seguindo o meu trajeto até a maldita da cafeteria do outro lado da cidade. Eu só queria tomar um café. Aquele café. O café que apenas aquela cafeteria poderia proporcionar. Quando avistei o carro de Hongjoong estacionado do outro lado da rua pintada pelo branco da neve, não tive dúvida alguma sobre o quão óbvio eu sou nos momentos em que estou louco pelo café do outro lado da cidade e saiu gritando pela casa que vou atravessar a cidade apenas por aquele copo que poderia ser denominado como a bebida dos deuses. Ele me esperou por mais um tempo, uns vinte minutos enquanto eu enrolava dentro da cafeteria, conversava com a atendente mesmo que nem eu, nem ela estivéssemos plenamente dispostos em seguir com aquele papo de "neve é bonita, mas eu prefiro quando está sol".

Kang Yeosang continuava mandando mensagens e eu retornava com respostas quando a minha consciência começava a pesar e o meu senso de bom rapaz ordenava que eu digitasse nem se fosse meia linha para ela. Claro que eu não digitava uma meia linha ou duas, tentava soar o mais natural e relaxado possível, mas é complicado fingir que o assunto está fluindo naturalmente quando apenas Yeosang se esforça em arrastá-lo com todo aquele excesso de bom humor que, logicamente, não falta em mim, mas tem em excesso nela. Ela era doce, adorável.

Eu me sinto um merda por saber que nunca vou corresponder às suas expectativas, o que me conforta é que posso continuar tentando... quando eu lembro de responder as mensagens dela.

Afundei o meu traseiro congelado no banco do passageiro e Hongjoong começou a divagar sobre um assunto que eu honestamente não faço muita questão de saber qual é. Deve ser mais uma de suas besteiras homossexuais. Estava com o copo do café carbonizando os meus dedos cobertos pelas luvas azuis, porém ainda sinto que é um mal necessário e a temperatura extremamente quente e altamente nociva é notoriamente confortadora. Estar com o meu copo de café quente da cafeteria do outro lado da cidade é confortável. Eu me sinto sortudo todas as vezes que posso sentir o quente do café queimando a minha garganta, por mais que isso não seja recomendável.

Na noite seguinte, após ir e voltar da escola diversas vezes e lembrar que precisava avisar para Gaeul que acidentalmente encontrei a tal blusa com outra pessoa, era vez de ir até à reunião do clube do teatro que eu tanto menosprezo. Eu não odeio teatro, ou clubes, só não gostaria de fazer parte de nenhum deles. Não gostaria de participar de qualquer atividade envolvendo Chaewon e Jongho, ou tentar obrigar Jongho a passar alguns segundos do lado dela por realmente entender como aquela experiência do término deles é traumática e ainda não foi, e não sei se será, superada. Mas eu estava ali, no salão do colégio, decorado de todas as maneiras possíveis, algo improvisado, e eu posso apostar que isso foi tudo ideia de Gaeul. É a cara dela. Expressamente a cara dela. Avistei ela na entrada, segurando um monte de papéis como se eles fossem necessários, próxima à Chaewon.

Eu decidi cumprimentá-las, sorrindo pequeno e fingindo não estar preso em uma maldita chantagem e por isso estar em um clube que eu não tenho o mínimo interesse. Gaeul me saudou surpresa e Chaewon perguntou onde estavam os meus amigos; acabei inventando que eles iriam se atrasar.

Na verdade, eu tenho absoluta certeza que nenhum deles se lembrou dessa reunião hoje.

Puxei o gorro para baixo com as duas mãos, por puro hábito e não querendo que nenhum dos meus fios escapasse pelos lados, mas isso se mostrava impossível. Eu falhei nessa tarefa também. Podia sentir o úmido na ponta dos dedos das luvas e não poderia estar mais aborrecido porque, eu não queria ter tido que molhar a ponta dos dedos das luvas e isso não aconteceria caso eu não tivesse que ter quase me pendurado no ônibus pequeno e amarelo para fazer o motorista frear em meio a todos aqueles carros e sobre os olhos dos passageiros somente para que eu pudesse entrar novamente no ônibus e pegar o gorro que havia caído da minha cabeça enquanto eu cochilava com ela apoiada no vidro gelado e nublado.

AQUELA GALÁXIA | WOOSAN 🪐Onde histórias criam vida. Descubra agora