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6: Em outros universos paralelos

— É bom estar em outro lugar que não seja sujo e escuro.

— Eu discordo... se bem que a sua cama é bem confortável.

Wooyoung estava ao avesso, com sua boca bem perto da minha. Não perdi tempo em fisgar os seus lábios mais uma vez, com seus dedos longos passeando pela minha bochecha cheia de cor, criando linhas invisíveis disfarçadas de carinho e afago. Os seus pés que vestiam uma meia estampada por mangás estavam apoiados sobre a cabeceira da cama, eu o encarava de ponta cabeça por estar deitado no sentido inverso, com os meus pés à um dedo de saírem para fora do colchão.

Eu me sentia interminavelmente mais sensível naquele momento.

As janelas do meu quarto dormiram abertas, as cortinas voavam por conta da força do vento e a luz do dia ultrapassava por seus vidros quadrados. Dessa forma, eu pude observar o rosto de Wooyoung em HD, um pouco depois de ele ter acordado. Seus cabelos negros bagunçados como se um furacão tivesse passado por eles despontava em sua testa, a pele outrora morena se encontrava rosada e os lábios estavam inchados. Nunca havia beijado tanto a mesma pessoa por tanto tempo. Ainda mais sem sentir nem um pingo de cansaço, o desejo só fazia aumentar e aumentar.

Sorri contra seu pequeno sorriso discreto, sentindo ele brincar com os fios lisos da minha nuca. Tomou minha boca mais uma vez, brincando com o meu inferior com os dentes, depositando estalos em seguida.

Eu gostava de saborear o gosto da boca dele, e apreciar a pinta delicada entre o olho e sua bochecha.

Eu gostava de o ter tão perto de mim ao ponto de sentir sua respiração contra a minha face.

Eu gostava do fato de eu não ser uma das pessoas que ele evita.

— San — chamou de repente.

— Presente.

Ele não riu, mas eu sim.

— Você já cogitou a ideia de morrer?

— ... O quê?

Foi muito de repente.

Fiquei um pouco chocado. Tratei de virar o meu corpo completamente em sua direção de forma que ficássemos rentes um ao outro, olhando para o seu rosto. Os olhos dele estavam fixos no teto coberto de falsas estrelas de led.

— É que eu penso nisso o tempo todo. Eu adoraria morrer... Nada nesse mundo me parece satisfatório.

Fiquei ainda mais preocupado. Do que Wooyoung estava falando?

— ... E-eu, bem...

— Às vezes eu penso tanto nisso, que parece que a minha cabeça vai explodir. Nós vivemos em um mundo onde os dias sempre parecem ser iguais. As pessoas são infelizes trabalhando no que elas odeiam pra conseguir o que elas nem precisam, na verdade... Eu me sinto tão infeliz... o tempo todo... Não deveria ter começado a falar sobre isso, mas é que, de repente... — parou de falar, como se estivesse se interrompendo. Wooyoung soava como se estivesse muito deprimido, os olhos exprimiam uma agonia infinita e seus lábios estavam curvados.

Nunca senti tantas emoções ao mesmo tempo. Em meio a todas essas coisas, eu só desejava desenhar um sorriso nos lábios dele. Será que ele está falando sério? Wooyoung aparentemente é tão indiferente a tudo... É meio surreal pensar que internamente existem todas essas confusões e questões inconscientes que apenas o perturbam. Existia um problema com as palavras, algo que me dizia sobre sua falta de tato para selecioná-las. Por que ele estava falando em morrer do nada? Acho que não posso entender. Embora eu queira.

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