🪐13 [fim]

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13: Minuto por minuto

O meu pensamento mais intrusivo naquela noite foi fugir da cidade com Wooyoung.

Não havia muitas alternativas para onde eu pudesse levá-lo. No fim, eu também queria apenas estar ali — ou em qualquer outro espaço — desde que fosse com ele.

Então, levei Wooyoung para a minha casa.

Depois que ele adormeceu na minha cama, com o meu edredom e um dos meus braços o aquecendo, eu não desviei os olhos dele. Eu não tenho certeza, mas algo dentro de mim tem muito medo de ser deixado por ele, ao mesmo tempo que já me conformei de que isso não vai mais acontecer. Nada vai se repetir como as últimas vezes, porém, é uma apreensão do meu subconsciente. Ao mesmo tempo que não quero desviar os olhos dele por isso, estou o contemplando, o admirando, me perguntando como uma pessoa tão bonita me encontrou no meio do caminho.

Eu sinto vontade de cuidar dele, de nunca mais permitir que ele caía em abismo nenhum. Eu não tenho noção da sua dor, do quanto viver pra ele se tornou uma tarefa excruciantemente difícil e nem tenho como lhe convencer a viver na realidade quando tudo o que ele quer, de vez em quando, é fugir dela. O mundo não tem sido justo com nenhum de nós, contudo, com Wooyoung, o universo certamente foi cruel.

Eu só quero protegê-lo de tudo. Sei que não sou nada, sei que não sou forte o bastante para livrá-lo do que possa machucá-lo ou contê-lo, nem acho que devo me preocupar em ser uma espécie de clínica, no entanto, desejo apoiar Wooyoung, ficar ao lado dele, nunca mais permitir que ele pense que está sozinho.

A expressão dele não muda enquanto ele dorme. Seus lábios ficam juntos meio que formando uma uma linha reta, os seus olhos estão fechados e suas pálpebras carregadas de cílios negros e pesados varrem a pele de sua bochecha vez ou outra. Wooyoung se parece com um anjo. Eu não posso evitar de querer que ele fique cada vez mais confortável, enquanto finalmente eu o vejo dormir. Wooyoung não gosta de dormir, por mais que isso o deixe louco, ele acha que dormir se parece com morrer e ele não quer morrer, mesmo que isso seja contrário a algumas de suas ações e pensamentos suicidas.

Quando o edredom azul deixava de cobrir minimamente o seu ombro, eu voltava a cobri-lo. Quando Wooyoung virou-se para o outro lado, eu continuei o observando, anestesiado por finalmente estar com ele e por ver que, por mais que ele não estivesse completamente bem, não tinha mais que fingir na minha frente, pois eu o conheço melhor agora e o aceito desse jeito. Decidi abraçá-lo pelas costas e descansar a minha cabeça sobre o ombro dele, sentindo o perfume dele misturado ao cheiro de amaciante do meu edredom, fechando os olhos e relaxando por um momento enquanto o meu corpo se apropriou da temperatura do corpo dele.

Cochilei só um pouco, uma questão de minutos — eu até duvido um pouco que cheguei a dormir, talvez eu só tenha fechado os olhos por muito tempo — como se houvesse algo em Wooyoung estar dormindo ao meu lado que não me permitisse desviar os olhos de cada elemento que compunha a situação. Eu acho que dormir pode parecer um pouco com morrer. Você pode perder coisas porque está dormindo. Eu quero apreciá-lo a noite e a manhã inteira. Há uma ansiedade crescente dentro de mim sem que eu estivesse ciente sobre ela. Meu celular está na minha mão e eu estou cogitando uma ideia que está martelando dentro da minha cabeça persistentemente. Tem alguma coisa. Eu não sei.

O que Mingi me disse quando conversamos sobre bipolaridade e eu o contei que Rei me pediu para ficar longe de Wooyoung estava me incomodando feito uma coceira em um lugar inacessível do corpo. Eu sei que Rei não quer que Wooyoung namore comigo. Por um lado, ela deve se preocupar com ele e não me acha bom o bastante para ser o namorado dele. Por outro, ela pode amá-lo ainda e isso a torne egoísta o bastante para tentar nos afastar.

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