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1: Bebida

Era mais uma das festas loucas que meus amigos costumavam me arrastar num período que se escorre entre sexta-feira e domingo à noite, correndo o risco de ir até segunda-feira de manhã.

Yunho, Mingi e Jongho são os tipos de pessoas que alguém como eu não poderia dispensar nesse longo trajeto que chamamos de vida. Jovens cheios de energia que funcionam a base de bebida alcoólica e sempre que podem, xavecam as garotas do primeiro ano mesmo isso sendo uma das coisas mais erradas para se fazer. Mas eles faziam, porque não se importavam mesmo. Veja bem, garotos que se enfiam no banheiro alheio, mais especificamente na banheira, só para queimar uma erva, beber e conversar sobre garotas e como as estrangeiras são "gostosas", já enfatizava, e retrata, o quanto eles se importam com boas maneiras e seguir uma boa conduta. Se eu pudesse avaliar entre os número zero e dez, eu diria que é abaixo de zero e ainda estarei sendo generoso.

O barulho era alto e poderíamos escutá-lo com precisão mesmo estando fora do banheiro e a porta estivesse fechada. Era uma música agitada, típica das festas que seguem esse modelo que acopla jovens loucos para encher a cara e transar até não poderem mais mover as pernas. Ouvia sem a menor atenção mais uma das mil histórias constrangedoras de Mingi, envolvendo garotas e o quanto ele era um pé no saco, incapaz de passar duas horas com uma delas sem fazer qualquer besteira. Ele contava que, pela primeira vez em toda a sua carreira de virgem usuário da mão amiga, havia conseguido levar uma mulher para o banheiro, para transar com ela, mas estava tão bêbado tão bêbado, que vomitou em cima dela. Eu consigo sentir a vergonha por ele, sou incapaz de disfarçar o quão constrangido estou por mais que eu não me importe nem um pouco por ser algo frequente. Mingi é o tipo de garoto que nunca estará apto para transar com garota nenhuma. Sentado em cima de um aquecedor, continuava falando aquele monte de besteiras com álcool e erva anulando seus sentidos de percepção do ridículo, enquanto Yunho ria do meu lado e passava o cachimbo da paz para mim.

Eu apenas soltava uma risada ou outra quando queria dar apoio moral, logicamente fingindo prestar atenção em uma única palavra que eles falavam ao invés de mandá-los calar a boca e cortar o barato. Apesar de eu curtir os meus amigos e não me incomodar nem um pouco com as histórias que eles adoram contar, às vezes eu só quero entupir o meu ouvido com bolinhas de papel higiênico e torcer para que ninguém note. Jongho estava logo ao lado de Yunho, e só cabia nós três dentro da banheira, estava com a cabeça encostada na parede, falava sempre quando Mingi resolvia recuperar o fôlego e Yunho parava de rir para poder fumar.

— São trezentos wones para cada — todos nós olhamos de cenho franzido para Jongho, que prosseguiu: — Acabei de fazer um cálculo e, pelas minhas contas, esse é o valor que me devem pela maconha — estendeu a mão e eu entornei o nariz, duvidando que ele havia calculado algo mesmo ou apenas tinha estipulado o primeiro valor baseado nas vozes de sua cabeça.

— Eu não vou te dar trezentos wones — protestei em tom de indignação. — Nem fumei o suficiente pra te dever tudo isso.

Jongho me mostrou o pacote que tinha sobrado, e daí eu compreendi o valor super agregado somado ao frete que ele estava cobrando.

— Paguei mil wones por essa belezinha.

— Não deveria custar duzentos e cinquenta wones já que estamos em quatro pessoas? — eu disse.

— Cinquenta é o frete — assim como eu desconfiei.

Sem nenhuma saída, e seguindo a atitude pacífica de Mingi e Yunho, entreguei sem muita disposição os trezentos wones sabendo que sentiria falta deles mais tarde. Bem, é por uma boa causa.

Jongho sorriu satisfeito, arremessando o pacote para Yunho que juntou as sobrancelhas em um questionamento mudo, levantando o cotovelo e batendo no ombro de Jongho.

AQUELA GALÁXIA | WOOSAN 🪐Onde histórias criam vida. Descubra agora