CAPÍTULO 20

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POV JÃO

Mal consigo comer, minha mente está ainda na igreja, no beijo cheio de fúria misturada com saudades, dele em cima de mim... minha mão dentro da sua calça... nunca vou perdoar Malu por chegar naquele mísero momento

-Escutou, príncipe? - saio do transe assim que meu pai me repreende.

-An? - falo vendo todos presentes na mesa me encarando. -Me perdoem, estou meio avoado. - falo da maneira mais formal possível.

-Falei que assim que a Princesa Sabrina terminar a refeição, poderia levá-la para fazer um passeio pelos jardins. - minha mãe fala docemente, antes do meu pai, fazendo-o seu maxilar ficar tensionado.

-Ah sim, claro. - falo e olho para a princesa. -Se a Princesa querer.

-Eu quero. - ela fala abruptamente.

Foi uma surpresa sair da ala norte e dar de cara com a família Real de Chicórilonte, tinha esquecido completamente que eles viriam. Recebi muitos olhares de reprovação de meu pai, ao ver meus cabelos arrepiados e minhas roupas amassadas, provavelmente ele pensa que dormi até mais tarde, tendo em conta o meu aspecto.

Espero que a princesa respeite a regra das cem mastigadas antes de engolir a comida, assim adiamos o desastre que será esse passeio. Nossos pais querem ficar a sós, e tenho noção o suficiente que querem unir os reinos, o que pra fazer tal ato seja necessário um matrimônio. Em vista de que querem que eu e ela nos afastemos, tenho quase certeza que os noivos serão os únicos que não vão participar do acordo, eu e a princesa.
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-Está melhor? - ela fala com a mão segurando a região do meu bíceps enquanto caminhamos no grande pavilhão em direção ao jardim central. -No baile você só me largou e saiu correndo, parecia que estava fugindo. - a voz da ruiva é calma, mas não deixo de notar uma pontinha de sarcasmo em sua voz.

-Eu estava fugindo. - falo a conduzindo para os degraus que separa as portas de vidros dos ladrilhos do jardim. -Estou na seleção, o que mais preciso fazer é fugir daquelas malucas. - digo ironicamente e ela ri. É uma risada gostosa, mas não chega aos pés da risada do jardineiro.

-Te entendo. - ela diz e eu a encaro, entende? -Não é o único que está fugindo do matrimônio, meu pai está planejando uma seleção. - seu tom é meio tristonho.

-Acho que ele não vai mais precisar. - falo apontando na direção do cinema, não quero ter a infelicidade de ir pro lado real do jardim e dar de cara com Pedro.

-Não? - ela pergunta me encarando.

-Você acha que eles queriam que eu fizesse um tour com você para te ensinar sobre plantas? - falo e seu olhar suaviza. -Estão planejando algum acordo.

-Casamento. - ela fala baixando a cabeça.

-É... - falo. -Dois soltos, presos em um contrato. - digo e um silêncio se instaura.

-Aqui é lindo. - ela diz olhando para o jardim que está há metros de nós. -Mas sua mãe tinha falado que havia mais flores... - ela diz sorrindo.

-Tem mais flores. - falo. -Depois da fonte tem rosas, ai mais pro norte há tulipas. - falo apontando para as regiões. -Perto dos arbustos, depois dos pomares tem um campo de girassóis. - digo e vejo seus olhos brilharem. -Basicamente depois do campo de girassóis o terreno do castelo acaba, mas é um lugar que tem uma passagem pra fora, então ainda da tempo de escapar. - falo debochando e ela ri.

-E não é perigoso? Tipo, essa parte não ter muro.. - ela diz e eu nego com a cabeça

-Tendo em conta que são uns 10 quilômetros daqui e tem uma floresta do caramba cercando toda essa outra parte do terreno. - digo dando de ombros. -Não, pelo menos ninguém nunca invadiu por ali, é minha passagem pra sair desse hospício que chamo de lar.

AU PEJÃO- foge comigo?Onde histórias criam vida. Descubra agora