capítulo 2

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 POV JÃO

Desço até o andar subterrâneo, por mais que vivo há anos nesse castelo, sempre que venho aqui sofro com arrepios por todo o corpo. Aqui não tem nada demais, é só um andar embaixo da terra para os serviçais ficarem. Não é nada muito sofisticado, as paredes têm os tijolos à mostra, não é escuro, mas meus olhos precisam se acostumar com a falta de claridade.
Sigo os corredores até chegar na pequena sala da estilista. Como não posso sair do castelo sem ser percebido, acharam melhor uma estilista vir até o castelo para atender minha família.

Assim que entro, vejo uma pessoa diferente, ela está bem ali no canto mexendo em ternos que provavelmente terei que experimentar.
-Oi - digo batendo na porta sutilmente.

-Oi, entra, senta e espera! To acabando aqui.

-Nossa eu esperava mais educação vindo de uma “criada”, - digo fazendo aspas com os dedos. Ela me olha como se fosse me matar, porém de alguma forma esse olhar me cativa… -Ou pelo menos uma reverência, amo…

-Olha aqui… - ela diz, chegando cada vez mais perto. -Eu já sei bem qual é o seu tipo, e já vou avisando que NÃO VAI ROLAR, então cala a sua boca e espera. - fico espantado com a audácia dessa garota.

-Nossa, me desculpa rainha - digo levantando as mãos e debochando da situação. -Será que a senhorita poderia dizer apenas seu nome? - digo sentando em uma cadeira ao seu lado.

-Malu. - ela diz olhando para alguns blazers, e tecidos brilhantes.

-Malu… presumo que venha de Maria Luisa. - falo tentando ver os esboços da minha roupa, mas ela impede minha visão se colocando em frente aos desenhos. -A propósito, onde está a….Ve…Va… - tento lembrar o nome da minha estilista pessoal. -Vana?

Ela me olha e faz menção com as mãos para que eu me levante, a obedeço. Ela se aproxima com um molde de um colete, e as mangas separadas.
-Você quis dizer vera. - ela fala enquanto ajeita o molde em meu corpo, não respondo. -Sua estilista se chama vera. - ela coloca alguns alfinetes nas partes que terá que arrumar.

-E porque você está aqui, e não ela? - pergunto fazendo os gestos que ela me manda fazer.

-Ela pediu pra eu vir no lugar dela, aparentemente você não é fácil de lidar. - ela fala segurando um alfinete em sua boca. -Ou ela achou esse modo de me torturar, aquela mulher me odeia. - Malu fala concentrada, fico em silêncio mas ela não. -Sabe, ela disse que você odiaria os modelos que eu trouxe, eu já acho que você vai an…apreciar.

Um tempo depois a prova de roupas termina e o silêncio toma conta da sala, até que ela diz:
-Pronto João…Digo…Vossa Alteza.

-Que bom! Já não aguentava mais. - digo olhando para o relógio na parede. -você tem 30 minutos pra adaptar esse terno pro meu corpo, sabia?

-Ta, tá,  agora vaza! - ela diz me empurrando para fora da sala.
Antes de sair, viro-me e digo:

-Foi um prazer te conhecer, Malu! E só para te avisar, deixo entre nós esse seu comportamento estupido, gostei de alguém que fala a verdade sem medo de ir pras masmorras.

-Foi um prazer te conhecer também, mesmo que não pareça. E duvido muito que aqui tenha uma masmorra, por isso te tratei assim. - ela fala ironicamente e percebo que está retirando as mangas que recém havia colocado no terno. Bom, ela deve saber o que faz… dou de ombros e fico ao lado de fora esperando.
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Estou ficando impaciente, a Vera pelo menos trazia os termos medíocres praticamente prontos, daqui alguns minutos começa o jornal e eu preciso estar ao lado do meu pai quando isso acontecer.
Ouço a porta abrir e vejo um sorriso de ansiedade estampado no rosto de Malu. Ela faz um sinal para eu entrar, olho para um “manequim” porém há um pano branco em cima dele.

AU PEJÃO- foge comigo?Onde histórias criam vida. Descubra agora