CAPÍTULO 24

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POV JÃO

A noite de ontem parece ter sido coberta por uma neblina, mas o dia… o dia eu lembro, lembro de nós dois juntos, lembro da casta 7, de nós na praça sete, da sua mãe sabendo exatamente o que nos dizer, do campo… de eu sentindo seus sinais, o sinal do desejo mais puro que existe, a gente na praia e ele em meu quarto ouvindo “fim do mundo”, a música que escrevi sobre nós, lembro pouco da festa, mas sei que aconteceu… eu lembro de acordar na madrugada e sentir uma pressão em minhas costas, lembro se sua mão por cima de minha cintura. Pedro dormiu aqui, em meu quarto e eu me lembro.

Abro os olhos assim que escuto um barulho vindo da porta de meu closet, minhas têmporas doem, acredito que passei do limite com o álcool, que novidade, né?
Apalpo o lado esquerdo da cama, estou sozinho, a cama parece dobrar de tamanho sem ele aqui… Onde diabos ele se meteu?

-Você dorme demais, sabia? - Escuto a voz vindo do closet. -Escolhe rápido uma dessas. - Gio sai do closet com duas blusas sociais.

-Onde Pedro está? - pergunto me sentando devagar na cama, meu semblante é de preocupação.

-Pedro? - ela diz confusa. -Que Pedro?

-O Pedro, Gio. - falo mexendo os braços.

-Qual Pedro, João? O que diabos você tomou ontem? - ela diz deixando as roupas em cima da minha escrivaninha e vindo em minha direção.
-Como assim que Pedro? - falo indignado. -PEDRO, O MEU NAMORADO. - digo gritando.

-Namorado? - ela pergunta enquanto ri. -Você não tá bem.

Será que Gio também esqueceu da noite anterior?

-Vou ser mais específico, Gio. - digo me irritando. -Onde está Pedro, o jardineiro do castelo que dorme ao lado do estábulo? - digo e ela ri.

-João… o nome do jardineiro é Heitor. - ela diz cruzando os braços. -Você enlouqueceu? A seleção vai começar hoje e você ainda está deitado e alucinando? - ela diz pondo a mão em minha testa. -Febril você não está… Deve ter sonhado com esse tal de Pedro.

O semblante irritado volta a ser de preocupação, será que tudo foi um sonho? Mas parece tão real… o sorriso, o sotaque, aqueles cabelos… o beijo e seu toque, eu me lembro disso e muito bem. Será que tudo isso foi invenção da minha mente?

-QUE? - falo me levantando, esquecendo completamente do desconforto da ressaca. -NÃO PODE SER INVENÇÃO. - digo e ela faz uma careta, está com tanta dor quanto eu…

-João… - ela diz. -Não grita e não surta. - ela se volta à escrivaninha. -Esquece esse seu namoro dos sonhos e escolha logo a camisa, Maria está me perturbando.

-Como eu não vou surtar, Gio? - digo. -Foi tão real… Eu amo ele, eu não posso ter amado um personagem da minha cabeça. Eu lembro de tudo Gio, tudo caralho. Ele trabalha aqui, ele é meu namorado… meu namorado Gio, não é só uma ficada ou coisa do tipo, eu estou namorando um homem, um homem perfeito. - digo e ela deixa uma das camisas na escrivaninha.

-Vai ser essa. - ela ergue a camisa com um cabide. -João… pro seu próprio bem, esquece isso. - ela fala com um ar de riso, mas a preocupação minha predomina o quarto.

-Dá pra você parar de ignorar? - digo irritado. -Gio, eu encontrei o amor da minha vida, não pode ter sido apenas um sonho! - falo e ela pega seu celular e mostra a data que estamos… maio.

Sento na cama, caindo na real. Foi um sonho… eu e Pedro vivemos os melhores momentos nossos em Julho e nós estamos em MAIO.
Ponho as mãos em meu rosto e apoio os cotovelos sobre as pernas. Foi um sonho, uma alucinação. Nem me dou conta quando as lágrimas começam a escorrer sobre minha face, eu estou chorando por um cara que nem conheci de verdade.

AU PEJÃO- foge comigo?Onde histórias criam vida. Descubra agora