CAPÍTULO 27

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POV PEDRO

Acordo com uma dor latejante nas têmporas, não abro os olhos, apenas acordo, deixo os pensamentos e a neblina da noite anterior aparecerem. Pensamentos que não consigo formular, sobre a festa. Lembro-me das provocações que fiz ao João, e lembro de Renan chegando e de champanhes estourando… mas confesso que a neblina sobrevoa metade das minhas memórias. E isso me irrita.
Abro os olhos quando percebo o peso que se encontra em minha cintura não é de uma coberta e sim de uma mão. O que diabos rolou… olho para baixo e vejo um braço forte ao meu entorno, e sinto uma pressão nas costas, reconheço-a… eu estou num espaço minúsculo com meu ex. O que diabos aconteceu na noite anterior?

Na tentativa de me afastar dele, acabo rolando para fora do sofá, caindo com tudo no chão de carpete. Gemo ao sentir a dor da queda.
Vejo João erguer seu tronco e olhar para o chão.

-Ta tudo bem? - ele pergunta preocupado.
A sala está vazia, e o silêncio que percorre quando não respondo, torna a sala ainda mais vazia.
-Pê, você tá bem? - ele fala enquanto eu me levanto devagar. -Porque você não tá me respondendo?

-O que aconteceu ontem? - pergunto confuso, e João franze o cenho. -RESPONDE CARALHO. - transformo minha confusão em gritos, o que faz doer ainda mais minha cabeça.

-Você não lembra? - ele diz se sentando e colocando as mãos sobre o rosto.

-O que eu não lembro? - falo assustado. -João, o que a gente fez? - digo arregalando os olhos, ele não respondo, apenas afunda ainda mais seu rosto contra as mãos. -O QUE A GENTE FEZ, OLHA PRA MIM E ME RESPONDA. - grito fazendo-o dar um pulo.

-Porque está bravo? - ele diz retirando as mãos do rosto. -PORQUE VOCÊ ESTÁ  BRAVO? ATÉ ONTEM VOCÊ NÃO SE INCOMODAVA.

-Sabe porque estou bravo? - digo me aproximando. -PORQUE QUANDO VOCÊ ESTAVA BEBADO, EU NÃO FIZ NADA! - digo apontando meu dedo indicador para minha faceace. -Ai quando EU estive bêbado ou sei lá o que, VOCÊ NÃO ESPEROU DUAS VEZES PRA GENTE FUDER - digo e ele nega com a cabeça, seu semblante é triste.

-Nós não fizemos nada do que sempre fazemos… - ele diz em tom baixo. -Nada além do que sempre fizemos… nós achamos melhor outra hor… - ele fala mas o interrompo.
-Não existe mais “nós” João, a gente terminou. - falo sério.

-PENSEI QUE VOCÊ AINDA ME AMASSE, FOI O QUE PARECEU ONTEM. - ele se levanta, seus olhos estão cheios d’água. -VOCÊ NÃO PARAVA DE ME PROVOCAR, DE TENTAR ME BEIJAR… ISSO NÃO É ATITUDE DE QUEM NÃO GOSTA. - ele grita desesperado.

-PARA. - digo apontando meu dedo em seu rosto. -PARA DE SE TORTURAR JOÃO… - estou irritado, muito irritado, vir a essa festa, mesmo sendo a de Renan foi um erro.

-Eu te amo, Pedro. - ele diz me olhando, vejo as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. -Pensei que você ainda me amasse…

-Não.. - digo negando com a cabeça. -Eu não te amo João, eu só bebi demais.. - digo olhando em seus olhos. Eu realmente não o amo mais. O amor morreu naquele armário, quando escutei as palavras “casamento” e “João” na mesma frase. Ficar longe de bebidas será meu único desejo daqui pra frente.

João limpa as lágrimas do rosto, mas fica em silêncio. Estamos cara a cara em um repleto silêncio. Até que a porta se abre, e o silêncio morre com Malu dizendo:

-Os princesos acordaram. - ela diz animada trazendo consigo duas vassouras, enquanto logo em seguida Gio entra com uma lata de lixo.
-Essa piada não tem graça, o João é uma princesinha. - Gio diz colocando a lata de lixo no chão. -Ta tudo bem? - ela fala olhando para João.

-Aham. - ele diz fungando um pouco. -O que precisamos fazer pra limpar? - ele pergunta e Gio se vira para trás para pegar um dos esfregões. Enquanto isso ocorre, João aponta para mim e sibila. -Eu odeio você.

AU PEJÃO- foge comigo?Onde histórias criam vida. Descubra agora