capítulo 14

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Era umas 9h e eu estava me arrumando para ir à delegacia com o Raphael. Na hora em que ele ficou sabendo o que aconteceu, quis ir imediatamente para lá, mas mandei ele ter calma e esperar um pouco.

Coloquei uma calça de moletom e uma blusa normal. Estava um tempo frio e chuvoso. Desci e vi todo mundo sentado no sofá.

Elena: Rapha, vamos? - olhei para ele.

Veiga: Até que enfim, né? Vamos logo. - pegou a chave do carro.

Me despedi de todo mundo e fui para o carro. Eu e o Rapha não falamos nada durante o caminho. Ficou um silêncio, mas um silêncio muito confortável.
  
(***)

Já estávamos a caminho de casa. Agora, eu tenho uma medida protetiva: se ele chegar perto de mim, será preso. Para mim, ele já deveria estar preso, mas por não ter provas suficientes, isso não é possível.

Chego em casa e o cheiro da comida está tomando o lugar. Vou entrando, indo na direção da cozinha, e vejo todos lá sentados e conversando.

Elena: Hmm, que cheiro bom. O que vocês estão fazendo?

Joaquín: Estou fazendo uma lasanha. A Bruna disse que você gosta e, como eu estava sem criatividade, resolvi fazer.

Elena: Mentira! Eu amo lasanha!

Bruna: E aí, amiga? Como foi lá? O que deu? - me olha.

Richard: Também estou querendo saber - fala.

Elena: Bom, o delegado disse que, por ter muito tempo que ocorreram as agressões, ele não pode ser preso. Então, me deram uma medida protetiva: se ele chegar perto de mim, será preso. Ele tem que ficar sempre a 5 metros de distância de mim.

Richard: Sem querer ser inconveniente nem nada, mas por que você nunca denunciou ele? Pelo que eu saiba, vocês ficaram um bom tempo juntos.

Elena: Cara, eu tinha uma dependência emocional nele e eu simplesmente não conseguia terminar e nem denunciar. Para vocês terem uma ideia, nem meus pais e o Rapha sabiam disso. Eles só descobriram depois de 4 anos e eu não deixava eles fazerem nada contra ele.

Endrick: Sem querer ser ignorante, mas você foi muito otária - diz.

Elena: Acabei de perceber que não posso pedir conselhos a você - digo.

Gaby: Ai amiga, eu entendo. Não pela parte das agressões, mas pela parte da dependência emocional. Sei o quanto isso é ruim e o quanto nos deixa vulneráveis.

Joaquín: Mas como seus pais e seu irmão conseguiram tirar você desse relacionamento?

Elena: Eles simplesmente me ameaçaram. Disseram que, se eu não terminasse, iriam à delegacia denunciar ele e eu nunca mais o veria - falo.

Richard: Bem sentimentais eles, né? - diz em tom irônico.

Joaquín: Agora chega de ficar relembrando coisas ruins e vamos comer - diz, pegando os pratos.

Coloco minha lasanha e, meu Deus, que lasanha boa! Só não é melhor que a da minha avó.

Elena: Meu Deus, Joaco, você arrasou! Isso aqui está incrível.

Joaquín: Obrigado, obrigado. Sei que fiz um ótimo trabalho - diz se gabando.

Bruna: Eu não sabia que você sabia cozinhar. Sua mãe que te ensinou?

Joaquín: Sim, minha mãe e minha avó. Elas sempre falaram que um homem de verdade tem que saber cozinhar pelo menos o básico. Aí, eu fui gostando e aprendi a fazer outras coisas.

Elena: Gente, depois que a gente terminar de comer, vamos jogar?

Gaby: Jogar o quê? Uno, baralho, altinha, sei lá.

Elena: Eu estava pensando em a gente jogar um Uno.

Veiga: Você sabe que vai dar briga, né?

Bruna: Ué, por quê?

Veiga: Richard e Endrick são completamente competitivos.

Elena: Verdade, mas não vai dar briga, não.

(***)

Estávamos jogando há meia hora e, até agora, Richard e Endrick não tinham começado a brigar. O jogo estava maneiro e muito engraçado, cada um tinha uma regra diferente.

Bruna: Meu Deus, gente, o 0 não olha carta. Parem de ser burros - reclama.

Gaby: Amiga, claro que olha. 0 é pra olhar carta.

Bruna: Meu Deus, óbvio que não. 0 é só uma carta normal.

Elena: Parem de brigar, parecem crianças. 0 não vai valer, acabou.

Joaquín: Dá para esse jogo acabar logo? Quero jogar altinha - diz.

Richard: Verdade, quero jogar também.

Bruna: Acabou então - diz, bagunçando as cartas.

Veiga: Porra, amor, sacanagem.

Bruna: Agora vocês saiam daqui. Eu e Gaby queremos falar com a Elena.

Joaquín: Nossa, que covardia, expulsando a gente - diz se levantando e os meninos saem junto com ele.

Elena: O que vocês querem falar comigo? - digo, arrumando as cartas.

Gaby: Você ficou com ele?

Elena: O quê? - digo, sem entender.

Bruna: Para de ser burra, Elena. Você ficou com o Joaquín?

Elena: Não, o Ravi apareceu.

Gaby: Mas você iria ficar?

Elena: Talvez - digo, rindo.

Bruna: Safada, mas vocês ficam bonitinhos juntos.

Elena: Qual seria a reação do Rapha?

Gaby: Ai amiga, eu acho que ele ficaria de boa. Ele é amigo do Joaquín e confia nele. Acho que ele só ficaria de olho por causa do negócio do Ravi.

Bruna: É, eu também acho. Acho que ele ficaria de boa, mas meio preocupado.

Elena: Pode ser. Mudando de assunto, vamos tirar fotos?

Estamos tirando várias fotos e resolvi postar uma. Postei uma minha também, fazia muito tempo que eu não aparecia nas redes sociais.

Joaquín: Gente, vou esquentar a lasanha, ok? Já são 19h.

Elena: Ah, por mim tudo bem.

Estávamos jantando e eu comi bastante. Muito boa essa lasanha do Joaquín.

(***)

Estava deitada no meu quarto vendo um filme. O pessoal foi todo para o cinema, mas eu não estava me sentindo muito bem, então acabei ficando em casa mesmo.

Estava vendo "Para Todos os Garotos que Já Amei", meu filme de conforto. Todo mundo fala que ele é chato, mas eu simplesmente não consigo achar. Ele é simplesmente perfeito.

Decido ir fazer um brigadeiro, mas quando estava colocando no prato, escuto um barulho muito alto vindo do quintal e saio correndo para o quarto. Odeio ficar sozinha.

Estava gravando um vlog da noite para postar no meu Instagram e, sinceramente, amo fazer vídeos assim. São completamente maravilhosos. Quando termino de gravar o vlog, vou me deitar para terminar de ver o filme e decido editar o vídeo só no outro dia.


Elena.veiga:Story

veiga:Story

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