26- Voltando ao Reino

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~Riley

— E então... — Faz um som com a garganta. — Como foi que tudo começou? — Meu pai tenta puxar assunto. 

O enterro acabou há uns vinte minutos, e até agora ninguém havia tido coragem para falar nada. Acho que a ficha estava começando a cair por completo para mim e meu pai.

— Sua filha invadiu, na época, o meu Reino. — Malévola volta o olhar para meu pai, que parecia abismado.

— Eu não invadi! — Me defendo. — A passagem estava aberta. — Cruzo os meu braços.

Por um momento o olhar dela se encontrou com o meu. Parecia estar querendo dar uma aliviada no clima, e acima de tudo, parecia estar se divertindo com isso.

— Riley sempre foi muito curiosa, sabe? — A expressão do meu pai se suaviza. — Me lembro até hoje de quando ela tinha três anos! Nossa, já faz muito tempo.... — Sua voz estava extremamente nostálgica. — Em nossa casa havia um porão. Lá era muito, mas muito sujo! — Faz uma pausa. — Parecia um zoológico repleto de criaturas estranhas. Havia muitas aranhas diversificadas, e eu avisei para ela, disse que ela jamais deveria pisar lá, disse que era perigoso, mas acha que ela me escutou? — Faz uma expressão engraçada. — Bem, para resumir a história, além de nos acordar, a gotinha acordou os nossos vizinhos. Tinha se assustado com as aranhas e havia sido mordida por uma barata.

— Isso é sério? — Pergunto, horrorizada. — Mas talvez seja por isso que eu deteste aranhas... — Começo a ficar pensativa. Houve um dia, há uns três meses no máximo, que eu tive um pesadelo com baratas e aranhas. Eu estava no topo da colina com Malévola. O pesadelo havia sido tão real que eu acordei sentindo-as andando pelo meu corpo. A sensação foi horrível, eu senti o meu corpo inteiro tremer. Foi necessário que alguns segundos se passassem para eu entender que aquilo não passava de um terrível sonho.

— Crianças realmente são muito curiosas. — Malévola suspira. — Minha filha, Aurora, é igual a Riley. 

— Aurora... — Sussurra, lembrando da mesma. — A última vez em que eu a vi foi no castelo. Como ela está? 

— Casada. — Isso é tudo o que ela diz, me fazendo soltar uma risada. Sua resposta, além de ter sido extremamente rápida, foi completamente genuína, o que deixou o momento mais engraçado. — Mas está bem. — Completa, e por uma fração de segundos volta o seu olhar para mim.

Meu pai havia entendido que ela tinha falado isso não porque não aprovava o relacionamento de Aurora, mas sim por esse ser o seu jeito. 

— Só de pensar que daqui a pouco será a minha filha quem estará no altar me faz me sentir meio velho. — Ele comenta, atraindo tanto o meu olhar, quanto o de Malévola para ele. 

Eu não sei como ela estava, mas eu, pelo menos, fiquei nervosa só de imaginar a possibilidade disso acontecer.

Depois disso nós não falamos mais nada durante o caminho. Acho que meu pai, em algum momento, acabou se perguntando se falou alguma coisa de errado para ocasionar aquele silêncio repentino.

— Eu vou ficando por aqui, gotinha. — Meu pai fala, antes de me puxar para um abraço quente e reconfortante.

— Tudo bem. — Paramos de nos abraçar. — Não se meta em nenhuma encrenca, ouviu bem? 

— Tudo bem, minha filha. — Solta uma risada sem graça. — Pode ficar tranquila.

Quando chegamos ao Reino, o sol estava começando a se por. Hoje a hora estava passando bem rápido!

Malévola, agora, estava tentando me ensinar a como cuidar de um ser do Reino que está adoecido, mas parece que as palavras que estavam saindo de sua boca eram de outra língua, isso sim! Primeiro ela falou de uma mistura que eu tenho que fazer entre algumas plantas, depois... Eu realmente não me lembro o que vem depois.

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