14- Animal

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~Riley 

Horas depois

—Acho que eu já sei o que posso fazer!— Encaro Malévola, que tinha um olhar curioso sobre mim. —Acho que o primeiro passo para fazer com que você se simpatize com os humanos é contando a história deles!

Malévola faz uma expressão de: "Ah, jura?". —Não estou nenhum pouco interessada em saber como eles surgiram, Riley.— Isso é tudo o que ela fala, mas vendo que eu não desistiria, ela apenas respira fundo.

—Então, muito se fala sobre isso! Há até quem acredita que viemos de micro-organismos de outro universo!— Começo a falar, e vendo a expressão totalmente descontente da fada, eu solto uma risada alta e genuína. —Para a sua informação, o nome dessa teoria é chamada de panspermia cósmica!— Falo tentando amenizar o riso, mas vendo que a expressão dela se intensificou, eu caio de uma vez por todas na risada.

—Já acabou?— Sua voz sai séria, me fazendo rir mais. Respirando fundo, eu limpo uma lágrima que estava escorrendo. Tentando fazer o riso cessar, eu encaro Malévola.

—Estou brincando!— Falo de uma forma leve, sentindo a minha barriga doer de tanto rir. —Eu odeio história, não perderia o meu tempo falando sobre isso. E eu já tenho outros planos para fazer com que você mude de ideia.

Pegando uma frutinha que tinha ali no local, Malévola come, me encarando. Após ela engolir, a mesma faz menção de que iria falar algo. —Não vai conseguir fazer com que eu mude de ideia.— A fada fala, completamente certa de si.  Após isso, um silêncio toma conta do local. Eu já estava começando a me acostumar com isso, já que Malévola não é do tipo de falar muito - principalmente quando não está com Aurora -.

 —E então...— Falo, com a voz baixa. —Eu acho que falei tanta coisa ruim da minha mãe que acabei esquecendo de falar algo bom... — Eu praticamente sussurro.

—E tem alguma coisa de bom vindo dela?— Malévola fala com o seu tom sério de sempre, me fazendo dar uma boa risada.

—Um pouquinho.— O meu dedo indicador se encontra com o meu polegar, a fim de enfatizar o que eu disse. —São memórias, na verdade.— O olhar da fada fica curioso, então eu faço menção de prosseguir. —Quando não estávamos em conflito ou algo do tipo, ela sempre começava a cantarolar a minha música favorita da época, e depois disso sempre dançávamos até perder o fôlego.— Sorrio, nostálgica. —Também teve um dia que em que eu estava passando a maquiagem dela de uma forma bem exagerada, e quando ela viu, fizemos um desafio: Quem ficasse mais bizarro venceria. Meu rosto estava uma mistura de cores danada. Mas as que mais se sobressaiam era o azul e o preto. O vermelho também!— Mordo os meus lábios, sentindo os meus olhos se encherem d'água. —Acho que o que mais me marcou foi quando eu voltei para a casa chorando, pois dois garotos haviam feito bullying comigo. Minha mãe saiu de casa igual um vulto, e quando os achou, ela falou poucas e boas para eles.— Uma lágrima escorre. —Me senti protegida, me senti de alguma forma, valorizada, sabe?— Olho para a fada, com mais lágrimas escorrendo. 

Um silêncio toma conta do local. Acho que ela não sabia o que dizer depois disso. 

—Desculpe.— Sorrio envergonhada, limpando as minhas lágrimas. Minhas mãos ameaçavam a tremer. —Embora seja um assunto sensível para mim, achei que deveria saber.— Minha voz falha.

Respirando fundo, Malévola me abraça. Foi um abraço bom, um abraço acolhedor, que eu podia visualizar muito bem: Após chegar em casa com o seu joelho completamente ralado, você é recebido pela sua mãe, com um abraço apertado e aconchegante. Um abraço que embora não houvesse palavras, você conseguia sentir que tudo estava bem. Que isso não era nada e iria passar. Essa foi a sensação que eu senti ao sentir os braços da fada envolvendo o meu corpo.

I See YouOnde histórias criam vida. Descubra agora