3-Um novo mundo

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 ~Malévola

Quase 16 anos depois...

A cada segundo que se passava, mais a minha preocupação aumentava. O dia de Aurora estava próximo, e não teve um dia que eu não deixei de me sentir culpada pelo o que eu fiz. Os anos se passaram, e foi inevitável não observá-la durante o seu crescimento, até porque se dependesse daquelas três desajeitadas ela iria morrer de desnutrição ou de descuido.

Agora, Aurora estava brincando de jogar lama com Wallerbog. Ela tem um sorriso e um carisma surreal. Todo o reino voltou a ser o que era nesses poucos minutos em que a mesma o conheceu -Embora eu duvide que continue assim após ela voltar para sua casa-. 

Sinto algo pegajoso e gelado bater no meu rosto. As criaturas olham para mim com os olhos cheios de medo, mas Diaval começou a rir. Com um sorriso cínico em meu rosto, eu uso a minha magia para jogar um pedaço de lama cinco vezes maior em sua cara, e o seu riso logo cessou. Faço uma expressão de satisfeita, e tanto as criaturas, quanto Aurora caem no riso. Sem perceber, um sorriso pequeno se forma em meu rosto ao encarar a Praga.

Já em sua casa, eu cubro lentamente Aurora com a minha magia, sem deixar de encará-la nem por um segundo.

—Eu revogo o feitiço, lanço o bem, não o mal.— Inicialmente, eu sussurro. —Eu revogo o feitiço, lanço o bem, não o mal.— Aumento mais um pouco a minha voz, enquanto a luz verde começa a aparecer. —Eu revogo o feitiço, lanço o bem, não o mal!— Grito, e trovões surgem. Repito isso mais uma vez, e por fim eu friso: —Lanço o bem, não o mal!

A luz verde se expande, e a voz repete o que eu disse anos atrás: "Essa maldição durará para sempre, nenhum poder na terra pode mudá-la".

Totalmente abalada, eu volto para o meu reino. Meu peito doía, e eu fazia de tudo para não deixar uma lágrima escorrer durante o trajeto. 

~Riley

—Eu nem acredito que você já está com vinte e oito anos!— Minha mãe comenta, me fazendo franzir o cenho, sorrindo.

—É, o tempo passa.— Meu aniversário havia sido ontem. Fizemos uma pequena festa de aniversário para comemorar, mas eu já não ligava tanto para festas como antigamente. 

—Você vai sair agora?— Ela pergunta, vendo o feijão.

—É, eu vou. Mas provavelmente não irei demorar, pois não quero chegar tarde.— Visto o casaco por cima do vestido que eu estava.

—Que milagre é esse?— Ela volta a me olhar, com seus olhos brilhando. Acho que isso soou como música para seus ouvidos. Eu até demoraria mais, mas só se o lugar que eu estivesse prestes a ir não parecesse mais um lugar mal-assombrado. 

dezesseis anos se passaram, e eu continuava indo lá. Mas a minha esperança foi se abalando a cada ano que passava. Nada mudou, a estrutura continuava do mesmo jeito, os espinhos também. Mas isso não significava que eu deixaria de visitar o local. Sempre quando eu chegava lá, havia um corvo. Não muito tempo atrás, eu cheguei a conclusão de que lá dentro deve estar enfestado de corvos. Já até pensei que lá dentro poderia ser um depósito de cadáver, mas eu fiz questão de anular isso.

—Beijos, mãe!

Saindo de casa, eu faço o mesmo caminho, até chegar na bendita floresta. Mas quando eu bati os meus olhos nela, eu imediatamente franzi o cenho. O clima estava razoável, e não estava tão escuro como costumava ser. Em todos esses anos, isso nunca aconteceu. Aqui sempre estava do mesmo jeito: Escuro e frio. Por que hoje seria diferente?

Chegando mais perto daquela imensa barreira de espinhos, eu me espantei ao ver que havia um caminho por ali, que dava para dentro dela. 

Sinto o meu coração acelerar, enquanto minha boca começava a ficar seca. Será que eu estaria entrando nas portas da morte? 

Eu sempre quis entrar lá, ver o que essa barreira protegia, mas era tão...Irreal. E agora que eu posso entrar e finalmente descobrir, um medo se apossou do meu corpo. Ela estava aqui, aberta para quem quisesse entrar. Por quê? 

Anulando todos esses pensamentos, eu caminho em passos curtos até o final dos espinhos. Dando o meu último passo para sair dessa espécie de túnel gigante, eu sinto as minhas pupilas dilatarem.

Com a boca aberta, eu olho para todos os lados, e tudo era lindo. Haviam vaga-lumes sobressaindo na noite. As árvores aqui eram diferentes. Eram mais vivas, mais alegres. Isso é praticamente um mundo completamente diferente do que o de lá de fora.

Figuras semelhante a fadas começam a voar em minha frente, enquanto umas criaturas cheias de lama aparecem. Então é aqui onde todos os seres ficam, eu pensei, completamente maravilhada com o local e com eles. Aqui era tão bonito, tão...Mágico. Não deveria ficar escondido. Mas até que fazia sentido. Se os humanos descobrissem esse local, tudo isso aqui estaria perdido. Seria horrível.

De repente, as fadas e as criaturas com lama se escondem, e o local começa a ficar frio e descolorido. Escuto uma voz, que ficava cada vez mais compreensível à medida que ia se aproximando. Seja lá quem for, em poucos segundos estaria atrás de mim. O meu corpo ficou duro, e eu comecei a suar frio. Por que todos temiam a dona dessa voz, que a princípio não me era estranha? 

—Senhora, você acha que tem alguma forma de...— O homem que provavelmente a acompanhava, para de falar. Parece que eles já estavam me vendo.

—Vire-se, agora!— A voz feminina fala, com um tom mortal. Sinto todos os pelos do meu corpo se arrepiarem, e então, com muita dificuldade, eu me viro. 

Arregalo os meus olhos, vendo que era ninguém mais, ninguém menos que a Malévola. Eu pude sentir os meus lábios perderem a cor e as minhas pernas falharem. Agora tudo fazia sentido!

—Quem é você e como você entrou aqui?— Seu olhar era medonho, extremamente assustador.

—Eu...— Faço uma pausa, após ser interrompida.

—Eu não quero saber!— Ela fala, e uma luz verde começa a sair de seus dedos. —Vá embora agora.

Antes que a luz se intensificasse, o homem, cujo tinha cabelos pretos, intervém.

—Senhora, ela é a garota que vem aqui sempre. Ela é quem fez o curativo em mim há muitos anos.— O homem fala, me encarando. A única coisa que eu consegui fazer foi franzir o meu cenho.

A mulher não fala nada, e então ele se aproxima de mim.

—Oi...— Ele fala pegando a minha mão, depositando um leve beijo na propia. —Eu me chamo Diaval. Eu sou aquele corvo de anos atrás, você se lembra? Você fez um curativo em minha asa.— Ele faz uma pausa, e as minhas sobrancelhas se arqueiam em pura surpresa.

—Então era você que ficava me observando esse tempo todo quando eu vinha aqui?— Exclamo, desacreditada. Meu tom de voz estava mais suave.

—Eu mesmo!— Ele sorri. —Você está enorme!

—Pois é...

Antes que pudéssemos falar mais alguma coisa, Malévola intervém com um barulho, a fim de falar algo.

—Eu agradeço por ter feito aquele curativo nele.— Sua voz sai cautelosa.

—Disponha!— Sorrio levemente. Meu corpo não estava mais tenso, graças ao Diaval. Ele aparentava ser um amor, diferente dessa mulher que está em minha frente. 

—E isso é tudo! Agora, vá embora!— Ela fala, me encarando fixamente.

Olho novamente para o local. Eu não queria ir embora agora, afinal eu tinha acabado de conhecer algo esplêndido! O meu olhar se encontra novamente com o dela, e uma ideia surge em minha mente. Embora ela aparentasse ser uma mulher bem difícil de se negociar, não custaria nada tentar.

—Eu juro que eu vou, mas será que eu posso ficar só mais um pouco?— Imploro, e vendo que ela fazia menção para levantar novamente o seu dedo, eu rapidamente continuo. —Por favor, ontem foi o meu aniversário! E desde os doze anos de idade, o meu sonho sempre foi ver o que tinha por trás dessas barreiras!

Sentindo todo o meu corpo ficar pesado, eu fecho os meus olhos, como se estivesse caindo em um sono completamente pesado. 

I See YouOnde histórias criam vida. Descubra agora