9- Cuidados e conversas

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~Riley

No caminho para o Reino dos Moors, Malévola havia anunciado a morte de Stefan. Eu não conseguia me sentir triste com essa notícia, de jeito nenhum! Eu queria ter comemorado, mas possivelmente não seria legal, afinal continuava sendo uma morte. Uma morte merecida, mas uma morte.

—Bom...— Falo envergonhada, atraindo os olhares de todos. —Como eu não posso mais entrar aqui, eu vou para a minha casa.— Falo, olhando para a Malévola. Dou um leve aceno antes de me virar. Suspirando, eu começo a andar, mas a voz de Malévola faz com que eu pare imediatamente.

—Riley!— Ela fala, de uma forma séria. Me viro, encarando-a. —Entre.— Isso é tudo o que ela fala, se virando para entrar.

Agora, já dentro do reino, Aurora brincava com algumas fadas, e Diaval estava voando livremente por aí. Estava tarde. Bem tarde. Eu estava sozinha com Malévola, e isso me dava calafrios. 

Vendo as asas da mesma se mexerem, eu dou um pulo. Antes que ela pudesse voar, ela olha para mim por cima do ombro.

—Riley!— Ela exclama, me fazendo olhar para a mesma com um olhar mais atento. —Você quer voar?— Ela pergunta, me deixando confusa.

—Como assim?— Pergunto, não entendendo onde ela quer chegar. 

—Perguntei se você quer voar!— Ela se vira para mim, e encarando as suas asas, eu finalmente pude entender do que se tratava. Eu não poderia recusar, obvio que não. Então eu apenas balanço a cabeça, afirmando. Sem esperar, Malévola me pega no colo, e eu pude sentir o meu corpo se arrepiar por inteiro. Olhando para ela totalmente desacreditada, Malévola retribui o olhar.

—Pode envolver seus braços em meu pescoço caso esteja com medo.— Ela fala, iniciando o seu voo. Fechando os meus olhos, eu faço isso. Me sentindo mais corajosa, eu abro eles, olhando para baixo. Estávamos muito distantes da terra. 

Não muito tempo depois disso, malévola aterrissa no topo de uma colina, me pondo no chão. Ela caminha até um certo ponto, e eu a sigo.

—Fiz isso porque quero agradecer a você por ter sido tão valente naquela hora.— Ela fala com a sua seriedade de sempre, me encarando.

Balanço a cabeça em negação. —Aquilo foi o mínimo que eu poderia fazer. Eu só queria retribuir, apenas isso.— Falo rápido, embolando as frases. 

—De qualquer forma, obrigada.— Ela fala, encarando o céu. 

Encaro ela de uma forma mais séria. Rapidamente, o meu olhar pousa em suas asas. 

—Elas são lindas.— Falo, chamando a atenção de Malévola, que agora me encarava curiosa. —As asas.— Sorrio, apontando para a mesma. —São lindas.

Malévola apenas sorri, soltando um leve suspiro. Parecia estar pensativa em relação a alguma coisa.

—Você...— Ela faz uma pausa, meio relutante com o que ia dizer. —Quer tocá-las?

Eu pude sentir as minhas pupilas dilatarem, pois eu nunca imaginei que eu estaria escutando isso da Malévola. Eu sabia que ela só estava procurando uma forma de agradecer, mas mesmo assim!

—Eu posso mesmo?— Pergunto, e a mesma balança a cabeça, afirmando. 

Me aproximo lentamente dela, sentindo a minha respiração ficar pesada. Com cuidado, eu toco as suas asas, mas quando eu faço isso, ela geme de dor, fazendo com que eu me distancie rapidamente. O olhar dela perante a mim agora estava diferente. Como se estivesse me vendo como outra pessoa. Alguém que ela odiasse.

—O ferro.— Isso é tudo o que ela diz, e então eu volto o olhar para o meu dedo. É claro! Como eu poderia esquecer que eu estava com isso em meu dedo!? Sem pensar duas vezes, eu retiro o meu anel e o jogo o mais longe que eu posso, voltando o meu olhar para ela. O seu olhar havia se intensificado, e eu não entendia o porquê.

—Desculpe por isso!— Falo, com a voz fraca. —Eu tinha me esquecido desse anel estúpido.— Falo, e parece que saindo de seu devaneio, malévola me encara, com o mesmo olhar de sempre. —Posso tocá-las de novo?

—Vamos descer, já está tarde!— Ela se limita ao dizer, me encarando.

—Aquele ferro de mais cedo te queimou?— Pergunto, preocupada. 

Malévola fica em silêncio por alguns segundos, me encarando. Eu não sabia o que ela poderia estar pensando, mas eu estava preocupada. Preocupada se o Stefan havia feito algo a ela com aqueles ferros.

—Eu me curarei.— Ela ergue a sua cabeça.

Balanço a cabeça em negação. —Por favor, me deixe cuidar disso.— Eu praticamente imploro. Eu queria ajudá-la. Eu sentia uma vontade imensa de ajudá-la em tudo o que fosse preciso. 

—Não será necessário, Riley.— Ela se vira.

—Eu não quero que você fique sentindo dor, Malévola!— As palavras saem da minha boca, sem ao menos eu ter pensado nisso. —Me deixe te ajudar, como você me ajudou. Por favor.

Suspirando, ela me olha por cima do ombro —Vamos descer.— Isso é tudo o que ela diz, fazendo menção para que eu me aproxime para me pegar no colo. Suspirando, eu faço o que ela quer.

Malévola havia pousado próximo a um lago. Eu queria entender o que ela queria dizer com isso, mas eu não cheguei a nenhuma conclusão plausível.

—Por que estamos aqui?— Pergunto, com cuidado. 

—Achei que soubesse o que fazer quando se tem alguma queimadura.— Ela fala, me encarando. 

Mas é claro! Entendendo o que ela quis dizer, eu pego um pano limpo que eu carregava comigo, e então molho o mesmo com a água do lago.

Quando eu me volto para ela, o meu olho bate em seu corpo, já despido nas partes machucadas. Haviam queimaduras horríveis espalhadas em sua cintura, seus ombros e em seus braços.

—Desgraçado!— Eu exclamo, sussurrando. Mas tenho certeza que ela escutou.

Me aproximando lentamente dela, eu me abaixo, encarando as queimaduras de diversos graus. Com as minhas mãos levemente trêmulas, eu encosto o pano molhado na queimadura de sua cintura, e a mesma solta um som de incomodo. 

—Desculpe.— Sussurro. —Tentarei fazer da maneira mais leve possível.— Falo com seriedade, atenta ao que eu estava fazendo.

—Não se preocupe com isso. 

Uma hora depois, ela já relatava estar sentindo o seu corpo mais aliviado. Ela também me explicou que seu corpo ainda estava fraco demais para usar qualquer magia para se curar. Se fosse um arranhão, até daria para curar, mas como eram queimaduras sérias, exigia bastante energia. 

—Eu vou voltar para a minha casa.— Falo, olhando em seus olhos. —Eu já estou há muito tempo aqui. Daqui a pouco vai amanhecer, e eu acho que você irá querer ficar a sós com Aurora.

Malévola balança a cabeça em negação. —Não, fique! Amanha eu nomearei Aurora como rainha dos Moors, e eu tenho certeza que ela ficará feliz com a sua presença. Depois disso, você pode ir embora.

—Então está bem!— Falo, com um sorriso no rosto.

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