23- Os olhos não mentem

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~Riley

O sol começava a dissipar, dando entrada para a lua. Malévola estava do meu lado, observando a paisagem. Estávamos em um completo silêncio há um bom tempo, mas não era algo ruim.

— Então... — Eu inicio, atraindo o seu olhar para mim. — Acho que eu acabei fazendo com que você mudasse de opinião sobre os humanos, estou certa?

O cenho de Malévola se franziu no mesmo instante. Acho que estava pensando em sua resposta com o máximo de cuidado possível, como se qualquer palavra colocada no lugar errado fosse gerar um grande problema.

— Você... — Faz uma pausa. — Talvez tenha sim. Mas não completamente. — Seu olhar agora estava mais forte.

— É... Então eu acho que venci, não é? — Encaro a expressão da fada, fazendo com que eu solte um suspiro. Acho que esses 'Apagões' ao olhar para ela estava se tornando algo mais frequente do que eu poderia imaginar.

— Quer um troféu por isso? — Ergue a sua sobrancelha. Seu tom de voz agora era firme, mas ainda sim, estava sendo irônica.

— Eu tenho direito a um? — Retruco.

— Sem chance! — Um sorriso maligno surge em seu rosto. — Esqueça isso.

Balançando a cabeça em negação, eu volto o meu olhar para frente. Como de costume, estava fresco. Algumas fadas, incluindo esse tal de Borra, estavam voando pelo reino. Eu conseguia escutar suas asas batendo contra o vento. Pude ter a leve sensação de que ele encarou Malévola por alguns segundos seguidos, parecendo esquecer do mundo a seu redor.

— Qual o seu problema com o Borra? — Malévola é curta e direta. — Estou sentindo o seu corpo tenso.

— Borra? — Pergunto, me fazendo de desentendida. — Não é nada. — Finjo um sorriso.

— Eu não gosto dele e ele não gosta de mim. — Me encara. — Eu amo você, Riley! — Sua voz firme me dava um arrepio na espinha. — E eu não quero mais ninguém além de você.

— É, eu... — Paro de falar. Agora eu havia ficado completamente sem graça. — Você tem razão, perdão. — Me recomponho. — Isso é algo novo para mim, ainda estou aprendendo a expulsar esse tipo de pensamento.

Sem dizer nada, a mão de Malévola - antes ao redor de minha cintura - sobe delicadamente, passando pelas minhas costas até chegar, finalmente, em minha nuca. Seus dedos começaram a acariciar o meu cabelo, fazendo com que eu sentisse o meu corpo inteiro vibrar. Era como se eu estivesse levando um choque estranhamente delicioso.

— Se você não confiar em mim, Riley... —  Sua voz estava séria, semelhante a como ela falou comigo quando me viu pela primeira vez. — Isso nunca dará certo.

Ouvir isso fez o meu coração doer, mas como sempre, ela não estava errada.

Dessa vez, sou eu quem não diz nada.



— Riley, me ajuda a colher algumas frutas? — Diaval pergunta. — Eu te dou uma cesta! Tenho duas aqui comigo.

— Ajudo sim. Vai fazer um piquenique?

— Pretendo! — Sua voz misteriosa me deixou intrigada.


— O que você está aprontando, Diaval? — Olho para os seus olhos mais atentamente. Ele estava tentando ao máximo omitir suas verdadeiras intenções.

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